Venho de um tempo em que ainda era comum encontrar pessoas que, sobre a música brasileira, ou o jazz – isto aqueles que tinham sequer conhecimento da existência deste último – exibiam como um troféu uma opinião solidamente formada: era “música de pretos”. Aliás, dependendo do equilíbrio individual da mistura entre ignorância e racismo... havia mesmo quem fosse ainda mais preciso: nesses casos não passava de “batuque de pretos”.
E assim chegamos ao samba, a música que partilho hoje. Se bem que o samba, nas suas mil e uma subdivisões, possa muitas vezes ser identificado com música despreocupada, concebida exclusivamente para farrar pela noite fora, não é menos verdade que, outras tantas vezes, não esquece de onde veio, não esquece o sangue, o suor e as lágrimas que moldaram as vozes e as vidas daqueles que estiveram na origem do seu aparecimento. Aí, o samba põe nos lábios o seu sorriso mais bonito e desfia verdades duras como punhos, ao ritmo alucinante das suas “baterias”.
O artista de hoje é o Dudu Nobre, autor, compositor e cantor, uma espécie de génio do samba novo cruzado com tradição. Senhor de um “tempo” e divisão de frases melódicas, absolutamente desconcertantes. A consumir com moderação... pois pode viciar.
Quanto aos sambas, o primeiro é de agora, feito pelo próprio Dudu, em parceria com dois companheiros de cantigas... e o segundo, uma verdadeira pérola, já vem de 1956, composto por Monsueto.
Bom domingo!
* Obrigado, Chico Buarque! Na verdade, não me ocorreu outro título...
“Que mundo é esse” – Dudu Nobre
(Dudu Nobre, Almir Gineto e Fred Camacho)
“Lamento da lavadeira” – Dudu Nobre
(Monsueto)
6 comentários:
o gaiato faz-se!! :))
Venho de um tempo,desse tempo,em que frequentar o HOT CLUB DE PORTUGAL,era razão,mais do que suficiente,para perseguições criminosas,como se as perseguições não fossem todas,até ao limite do absurdo.
Não conhecia esta voz,gostei.
Um abraço,
mário
Não conhecia e gostei muito.
Bjs,
GR
Muito lindo.
Essas"músicas de pretos" estão impregnadas do sofrimento dos escravos negros africanos.
Um beijo.
Duas perolas. Estas musicas, musicas de quê?
Musica de gente grande.
Obgdo.
Excelente Camarada,
Música de intervenção no lado certo da vida.
Uma delícia!
Abraço,
Jorge
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