quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Bonito!




Esta noite, até pouco antes da hora a que este texto vai para o ar, estive acompanhado por um grupo de reformados e pensionistas da ARPI de Montemor-o-Novo e rodeado da tecnologia digital que permitiu registar uma bela mão cheia de cantigas que eles decidiram gravar. Daqui por algumas semanas estará tudo num CD.
Sobre a gravação não há grande coisa a dizer. São as cantigas populares de que eles gostam, cantadas, tocadas e gravadas como é possível. Pequenas capacidades técnicas, pequenas vozes... tudo resto foi em grande.
Podia ficar agora aqui alinhando estórias de vidas cheias de História. Do mapa de “moengas” que é todo este Concelho para cada uma destas pessoas. Cada herdade, cada leira de terra que bebeu o seu suor. Podia ficar a contar os desmandos que tiveram que suportar, sendo que aqueles que suportam agora não são menores do que os antigos. Da falta de respeito pela sua vida de trabalho, afronta que enfrentam com a incredulidade magoada de quem esperava que a vida lhes tivesse reservado um futuro um pouco mais próximo dos sonhos que acalentaram...
Podia... mas não vou! Se eles foram capazes de reservar uma noite para cantar para mim e para os gravadores, resultado de muitas e muitas tardes de ensaios de cantigas em coro, também eu devo ser capaz de achar que esta coisa bonita se sobrepõe (por hoje) à fealdade daquilo que nos rodeia.

11 comentários:

do Zambujal disse...

Fico desejoso de ouvir "isso". Esse trabalho solidário, de convívio são e de trocas de experiências que não vão em troikas e baldroikas.

Um grande abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

Bom trabalho!
As cantigas não lhes sairão das gargantas, mas das almas e da terra... Estou certo de que não serão pequenas vozes.

Maria disse...

É bonito, sim senhor!
Venha de lá esse disco, e já agora... por onde anda o teu?

:)))
Abreijos.

Olinda disse...

O sonho ao poder.A frase é de um poema de José G. Ferreira que pergunta para que serviu tanta luta,se ainda existem"homens que vivem em casas pintadas para imaginar a luz" .Ao ler o post,lembrei-me desse poema e da árdua luta dos Alentejanos,e da actual situaçao em que se encon tram.Ao menos ,temos o seu belo canto.Isso nao podem calar.

salvoconduto disse...

De assinalar quando já são tão poucas as coisas bonitas que nos rodeiam, há quem faça mesmo questão de as pisar.

Abraço.

zmsantos disse...

Quando a raiva e a mágoa me atormentam, nos dias mais cinzentos, venho aqui procurar o rumo daquilo que é justo, solidário, fraterno.
Saio sempre mais rico de consciência. Menos desumano...

Obrigado, amigo.

trepadeira disse...

E dando as mãos podemos apoiar-nos.

Um abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

Bonito!...

Um abraço.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Certamente um bocado muito bem passado, mas porque será que a falta de sensibilidade de quem de direito persiste neste País em áreas sensíveis?.

vovó disse...

e foi Bonito, sim sr! :)
o texto, também está catita :)

Luis Filipe Gomes disse...

Belo!