"Amphitrite" (1899) - Max Klinger
Aconteceu mais uma vez há poucos dias. Operaram um cidadão... mas ao braço errado. O cirurgião desfez-se em pedidos de desculpa. Outros "responsáveis" do Hospital, nem por isso. Tentaram pôr as culpas na enfermeira... mas não deu! Ela até tinha rapado os pelos ao braço certo, aquele que necessitava da intervenção cirúrgica. Sem mais “culpados” disponíveis, o calhordas do director ainda lhe atirou “Porque é que não disse nada?”... mas nada feito, a vítima tinha estado todo o tempo sob o efeito de uma anestesia geral. Passaram para a técnica da invenção. “Claro que vamos fazer-lhe a operação, mas olhe que isto até calhou bem... porque você tinha aí uma lesão antiga no braço que nós operámos...”
O homem não aceitou. Nunca tinha ouvido falar de lesão nenhuma no outro braço e recusou uma segunda anestesia geral seguida de operação ao braço certo, num espaço de horas. Fez muito bem! Diz que vai para tribunal. Faz muito bem!
Felizmente nada de fatal resultou desta trapalhada e só isso me permite não só utilizar esta estória, como a ousadia de quase brincar com ela, para dizer que deve ser terrível acordar para a verdade de, além de ter sido submetido a uma violência, descobrir que se foi, ainda por cima, vítima de um tratamento errado.
Mal comparado, é o que sentimos todos os dias, sempre que ouvimos o Primeiro Ministro anunciar mais alguns dos seus tratamentos milagrosos para o país... acrescidos da sensação de que estamos a ficar sem braços disponíveis para sofrerem mais experiências de economistas “anjos da morte”.
4 comentários:
É preciso que não faltem os braços. Chegará o dia em que serão corridos à estalada.
Atá dia 29!
Antes que nos cortem os braços e tentem retirar-nos a liberdade de pensar, vamos acabar com eles.
Um beijo.
Muito bem «acomparado»...
Um abraço.
Com tanta ignominia, estamos completamente amputados fisica e mentalmente...
Como estamos a viver mal na nossa própria pele...
Ana
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