segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Évora, a cultura... e os romanos


Durante uns anos, o atual presidente da Câmara de Évora, beneficiou largamente dessa espécie de estatuto milagroso, por vezes mais útil de que alguns doutoramentos... que é a condição de “ex-comunista”. Foi essa “competência” que o guindou à presidência do município alentejano património da humanidade. Desgraçadamente, principalmente para a cidade e os seus munícipes, demonstrou não ter unhas para tal guitarra.
Na verdade, nos anos que leva à frente da gestão da autarquia, José Ernesto conseguiu dar cabo de muito do que décadas de gestão da CDU e Abílio Fernandes tinham conseguido. Convencido de que os agentes culturais da cidade faziam parte do “inimigo”, cedo se percebeu que o grande “projeto cultural” de José Ernesto passava pelo estrangulamento dos agentes, produtores e artistas locais, que se foram vendo soterrados pela avalanche de grandes e vistosas contratações vindas de fora.
Só que o dinheiro para o “circo e foguetório” secou... e o que fica à vista é um tecido cultural enfraquecido por muitos anos de dificuldades, e que só com muita força de vontade, amor e convicção conseguiu resistir à má vontade e pedestre incompetência da gestão de José Ernesto.
Por estes dias, um dos mais visíveis resultados dessa incompetência e má vontade é o CENDREV. Criado há décadas, quando a descentralização cultural era ainda uma utopia, o CENDREV, bandeira cultural da cidade durante muito anos e contando com um “património” de realizações absolutamente notável, passa por uma situação tão insustentável quanto profundamente injusta, situação da qual podemos ter um vislumbre, lendo este comunicado dos trabalhadores do CENDREV.
Ao ler, num jornal regional que é distribuído por aqui, a notícia do desconforto provocado, até entre figuras locais do PS, pela notícia de uma reunião de apoio do deputado europeu e presidente da Assembleia Municipal de Évora, Capoulas Santos (PS), do líder da bancada parlamentar do PS, Carlos Zorrinho e de Fernanda Ramosex Governadora Civil de Évora e dirigente do PS a nível local, com a direção do CENDREV... mas sem a presença de qualquer elemento da Câmara Municipal, sou levado a pensar que, pelos vistos, o Partido Socialista já está a tirar as medidas ao traseiro de José Ernesto, a fim de melhor lhe acertar em cheio com as botas... o que me fez, logo de seguida, lembrar de uma velha técnica de “gestão de informação” adoptada pelos romanos.
Resumidamente, sempre que um traidor lhes fornecia os seus serviços, os romanos, depois de analisada e registada a real utilidade das informações conseguidas... abatiam o traidor. Assim nasceu o ditado popular “Roma não paga a traidores”.
Não me interpretem literalmente. Primeiro, porque numa boa parte dos casos, a profissão de trânsfuga até tem rendido bastantes dividendos e longas vidas. Depois, porque não tenho a intenção de chamar ”traidor” a José Ernesto... e muito menos “romanos” aos dirigentes do Partido Socialista.
Mas lá que esta estória me fez lembrar do “raça” do ditado romano, isso fez!

7 comentários:

do Zambujal disse...

De regresso. Entre outras coisas, aos comentários...

Um abraço

Maria disse...

'Roma' não perdoa... nem justifica nem se explica!

Beijo.

Anónimo disse...

Talvez com reminiscências romanas mas muito à portuguesa "cá se fazem, cá se pagam".
Vicky

salvoconduto disse...

Gosto do ditado romano mas também gosto do Camões, àquela distância toda topava estes trastes de gingeira, "quem não sabe arte, não na estima"...

Abraço e boa semana.

Graciete Rietsch disse...

Os trâsnfugas acabam sempre por se desmascarar e ,muitas vezes, perder a confiança dos seus novos amigos.

Um beijo.

trepadeira disse...

Ouvi a notícia,hoje,na antena 2.A acrescentar a,infelizmente,muitas outras.
Para os tiranetezitos e nazis a cultura é sempre a abater,incomoda-os,perturba-os,intimida-os e não vota nesse tipo de gente.
Os traidores são o que são,nem sequer se apercebem que só servem para ser utilizados e deitados fora,como merecem,o povo há-de depô-los a todos.

Um abraço,
mário

Eduardo Miguel Pereira disse...

Chamar Romanos aos Eborenses não é, de facto, o mais correcto.
Já traidor, a quem de direito, é da mais elementar justiça.

Ou não ?