domingo, 29 de janeiro de 2012

Midori Goto – Orelhas moucas...


Fui “atingido”, ou melhor, cá em casa fomos “atingidos” pela violinista japonesa Midori há muitos anos... a década de oitenta do século vinte ia ainda a meio e ela era uma criança de pouco mais de catorze anos. O efeito persiste até hoje.
Sempre que a vejo tocar, dá-me para imaginar o pesadelo que deve ter sido a vida da sua primeira professora de violino:
- Menina... uma violinista deve manter-se numa pose elegante!
- Então, Midori! Não toque com as pernas abertas, valha-nos Buda!
- Não toque curvada e a olhar para o chão! Pensa o quê? Que é o Miles Davis?!
- Ó menina! Pare quieta, たわご!!!
Acham que tanta amofinação e cuidado resultaram? Nada! A tudo fez orelhas moucas... era um caso verdadeiramente perdido. Fulminante!
Bom domingo!
Tchaikovsky – “Concerto para violino” (1º mov.) – Midori
(Pyotr Ilich Tchaikovsky)


7 comentários:

jrd disse...

Para ouvir de orelhas bem abertas.

Sempre cantaste lá em casa, mas hoje decidi pôr o altifalante na "janela"...

Abraço

Luis Filipe Gomes disse...

Emocionante!

trepadeira disse...

Sempre houve pessoas que não cabem nas caixas normalizadas que a sociedade tenta impor.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Tão lindo!!!!!
Este violino leva-nos para um Novo Mundo.

Um beijo.

Justine disse...

O teu sentido de humor em grande forma:-))))))))

do Zambujal disse...

Fulminante? Que fulmina!
E tu a dares-lhe bem... como ela merece.

Um abraço

Ana disse...

Pois, é! Nas aulas a postura rígida... para estudarmos a técnica e a musicalidade dão-nos as mesmas peças que todos os anos nos corredores, nas audições ouvimos aos colegas dos graus mais avançados... ter um professor motivado a trazer partituras de música contemporãnea, escrita por portugueses custa tanto como estarmos "presos" ao ritmo e não à interpretação... depois damos por nós (experiência própria!) a ouvir outros como por exemplo os jovens músicos da orquestra bolivariana que vieram ao coliseu dos recreios, em Liboa, no ciclo das grandes orquestras da Gulbenkian e pensamos perante tanta ousadia, alegria, liberdade, vivência e comunicação, caramba! isto é música! e o coliseu naquela noite memorável quase veio abaixo de aplausos, de vivas que ultrapassaram o próprio concerto. Mas por cá tão agarrados ao passado é gratificante sabermos que há professores que vão mais além, que formam futuros ouvintes de música e apreciadores de arte, futuros homens e mulheres capazes de seleccionar escritas musicais, orquestras, solistas, como é o caso do diretor pedagógico Manuel Rocha (Coimbra).