quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pingo Doce... filosofia, liberdade e informação


Não poucas vezes, os finórios da finança, venham eles das indústrias, do ramo do “patobravismo”, da pura especulação, ou das híper mercearias, chegam a um estádio em que o dinheiro a rodos já não os satisfaz. Necessitam de reconhecimento público. Querem ser conhecidos. Querem comprar mais uns pontos no acesso ao seu lugar no céu, ou despejar alguns “anti-inflamatórios” sobre as consciências.
Assim, compram jornais, rádios e televisões, que se encarregam de dourar a pílula das fortunas obscenas que conseguiram explorando o seu semelhante. Alguns forçam mesmo a nota e tornam-se moralistas, dedicam-se à caridade e às coisas da cultura (da “boa”, claro!). Fundam fundações fundamentais. Homenageiam-se em vida.
O Alexandre do “Pingo” é um deles. Tem uma fundação, com o nome do avô, dirigida pelo mais famoso assalariado do seu império, o tresloucado António Barreto. A Fundação publica dezenas de livros, igualmente fundamentais, que se encontram à venda, como seria de esperar... nas caixas do Pingo Doce.
Um dia destes, enquanto equilibrava nas mãos algumas clementinas e dois pacotes de gaspacho (que só se vende lá, infelizmente!), dei de caras com dois desses livros, destacados no meio da vasta coleção: “Filosofia em directo”, escrito por Desidério Murcho e “Liberdade e Informação”, da autoria de José Manuel Fernandes.
A minha costumeira tolice ainda me deu para começar a ensaiar trocadilhos parvos com os nomes... como, por exemplo, imaginar se um desidério murcho” será o contrário de uma “indiferença erecta”... mas não. Nada a fazer!
Não há tentativa de humor, mesmo que tão discutível quanto o meu, que resista numa competição direta com ideia fantástica que alguém teve, naquela tão fundamental Fundação, de encomendar um livro sobre “Liberdade e Informação”, ao híper, supermaxi, ultra revolucionário “reciclado”, que é o sebento criado para todo o serviço do capital, José Manuel Fernandes.

9 comentários:

salvoconduto disse...

Até me causa alergia olhar para o bicho.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Grandes divulgadores da cultura esses pingodoceiros, para seu benefício, claro.

Um beijo.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Eu compreendo bem a revolta e o nojo que se sinta quando confrontados com um livro sobre "Liberdade e Informação" escrito, precisamente, pelo José Manuel Fernandes.

Mas, não nos esqueçamos dum pequenino detalhe, o hábito de leitura em Portugal é, como infelizmente sabemos, baixíssimo.
E o pouco que a esmagadora maíoria das pessoas lê, são aqueles romances que aparecem nos escaparates com grandes parangonas e estórias de "faca e alguidar".

Acham que alguém vai comprar um livro destes ?
Acham mesmo ?

Pois eu, confesso, não acredito que vendam acima de 100 exemplares !

E isso dá-me cá um gozo !

Tenho eu mais pessoas a lerem os meus miseráveis posts que esse energúmeno do "Zé Manel" tem a lerem esse seu "brilhante" livro.

Fernando Samuel disse...

Vai um incauto cidadão comprar um gaspacho e umas clementinas e eis que lhe salta às pernas uma verdadeira quadrilha de meliantes...

Um abraço.

Antuã disse...

O pingo do sr. soares Santos não tem nada de doce.

José Rodrigues disse...

Autor do livro depois da crisma a que se sujeitou:josé manuel fernandes de azevedo soares dos santos sem um pingo de vergonha.Ganda nome!

Abraço

lino disse...

Ó Samuel!
Não confundas o Desidério Murcho com a besta do JMF. Não sei, nem isso me interessa, se o Desidério é de direita, do centro ou da esquerda. O que sei é que em termos filosóficos é do melhor que temos e conheço poucas pessoas como ele, com quem se possa discutir, com toda a tolerância, um vasto leque de temas.
Abraço

samuel disse...

Lino:

E não confundi!
Fiz apenas uma graçola a propósito do nome.
Já tive centenas de graçolas parecidas feitas com o meu nome... e não me senti confundido com ninguém, muito menos (vá de retro!) com o JMF. :-)

O Desidério Murcho apenas teve azar. A estória é verídica... os livros estavam mesmo juntos.

Abraço.

Isabel disse...

por favor, como partilhar na página do Facebook? Um forte abraço