Em condições normais as palavras teriam valor por si próprias e não sofreriam tão violentas variações de significado ao sabor das intenções daqueles que as usam (e abusam). Debrucemo-nos, por exemplo, sobre palavra “consenso”.
À primeira vista é uma palavra “boa”, que apela ao avanço, à construção, à harmonia, à civilidade, ao trabalho e interesse comum, à busca do melhor e mais justo para o maior número possível de cidadãos. Resumindo, uma palavra que apela à verdadeira democracia participada, já que não pode haver consenso sem antes ter havido uma ampla e participada discussão dos problemas.
Desgraçadamente, quando sai das bocas de Cavaco Silva, de Passos Coelho, ou de Vítor Gaspar, para citar apenas estes... a palavra “consenso” assume significados estranhos ao habitual. Passa a querer dizer capitulação, traição de princípios, negociata, interesses particulares, batota, jogo, desonestidade, insulto à inteligência.
Desgraçadamente, quando sai das bocas de Cavaco Silva, de Passos Coelho, ou de Vítor Gaspar, para citar apenas estes... a palavra “consenso” assume a textura e o cheiro do esterco, das estrumeiras a céu aberto, dos esgotos... e porque não dizê-lo em “estrangeiro”... da merda.