Os mais de 3.400 textos que aqui escrevi até hoje, foram quase sempre escritos em “legítima defesa”. Quero com isto dizer que foram escritos em reacção às constantes agressões da realidade cinzenta que nos cerca. Uma forma mais de exorcizar as bestas (não têm categoria para serem classificados como espíritos) que nos vão fazendo a vida num inferno.
Fi-lo sempre e continuarei a fazê-lo durante o (muito provavelmente) pouco tempo que ainda durar o blog, quase automaticamente, um pouco como a palmada que se tenta dar a uma melga... sem grandes requintes formais ou profundidades teóricas que, diga-se em abono da verdade, não sei onde iria buscar ainda que o quisesse.
Já o caso das músicas de domingo... sempre fiou mais fino. Esses textos mexem com os gostos, mexem com as sensibilidades, dão trabalho a pesquisar, obrigam a muita atenção sobre o que se vai dizer... se bem que eu tenha tido a tarefa um pouquinho facilitada pela decisão de nunca publicar algo de que não fosse dizer apenas bem.
Assim sendo, é muito diverso o estado de espírito com que recebo os ecos e reacções ao que escrevo.
No caso dos textos de sátira, de pura brincadeira, ou crítica mais política, quase me basta saber que fui lido por uma média de mais de mil pessoas por dia, para “encaixar” o caudal de comentários de ódio, que quase sempre vão para o lixo, dada a abjecção da linguagem, ou o seu carácter de propaganda fascista ou xenófoba. Quase me basta pressentir que se todas essas pessoas continuam lendo, ainda que na sua esmagadora maioria não comentando, nem de forma “simpática” nem de qualquer outra... é porque continuam a encontrar por aqui alguma coisa que lhes interessa.
Já no caso dos textos que têm acompanhado as várias centenas de vídeos... dada a natureza da “coisa”, a única “recompensa” que poderia ter, seria um retorno razoável desta minha partilha. Ora, tal nunca aconteceu verdadeiramente, sendo que nos últimos tempos tem mesmo assumido ares de quase absoluta ignorância tanto pela existência, como pela ausência dos ditos textos e músicas. Quando se partilha uma coisa de que se gosta muito... fica-se bastante exposto ao veredicto daqueles com quem se partilhou essa coisa. O silêncio... é o pior veredicto de todos!
Reconhecendo o sagrado direito a todas e todos de gostarem de outras músicas, de não gostarem de música alguma, de acharem estas partilhas “invasivas” e mais um mundo de hipóteses... cheguei à conclusão óbvia:
Os vídeos e textos domigueiros sobre música, acabam aqui! Para ser mais preciso, acabaram no domingo passado!
Portanto, os domingos aqui na casa passam a ser dias tão “santos” como todos os outros... e a haver lugar para a publicação de quaisquer textos, estes tratarão dos assuntos do dia a dia, por muito pouco “artísticos”, ou feios... ou mesmo belos que sejam. A música, quando incidentalmente passar por aqui, não terá nunca mais (como o “incidentalmente” deixa adivinhar) dia certo ou hora marcada.
Bom domingo!