Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.
Nos últimos tempos tenho sido assaltado frequentemente pela memória deste texto do Pastor protestante Martin Niemoller, texto que toda a gente se foi habituando a atribuir a Bertold Brecht e de que existem tantas versões quantas as traduções e realidades em que é citado. De qualquer modo é o seu profundo significado que realmente conta.
Na verdade, a cada dia que passa e pelo caminho que o país está a trilhar, é cada vez maior o número de pessoas (algumas conheço-as pessoalmente) que confessam o seu arrependimento por não terem, há já muito tempo, começado a envolver-se activamente na transformação da nossa triste realidade, participado na luta, nas manifestações, ter erguido a voz... ter estrilhado.
Outros, infelizmente, ainda não são capazes de o admitir publicamente. Outros ainda, desgraçadamente, estão convictamente do outro lado da barricada.
A mudança vai tardando, mas como escreveu o José Carlos Ary dos Santos,
«Levanta-te meu povo, não é tarde
Agora é que o mar canta, é que o sol arde
Pois quando o povo acorda é sempre cedo.»
11 comentários:
Cantemos "A Jornada".
Tantas vezes, quase todos os dias, me dá vontade de atirar com esse texto à cara dos meus pares.
Obrigado pelo esclarecimento do equívoco. De tanto o pensar eu até já me estava a convencer que ele era meu. Que importa?! De um pastor, de um poeta!... tal como o Ary ou Abril, é nosso!!!! E se "o povo acorda sempre cedo" que façamos novamente uma madrugada...
Um abraço que é tarde e amanhã vou-me levantar cedo
E eu que pensava que era de Brecht...
E este povo vai acordar, um dia!
Abreijo.
Esperamos,esperamos e desesperamos.
Um abraço,
mário
Conseguiste uma coisa que, sendo útil, desvaloriza a oportunidade do teu "post": a autoria do poema, tantas vezes citado, recitado, sentido "cá dentro", como se fosse do Bretcht... Olha... obrigado pela informação e parabéns pelo "post" (mais um!), com a "ponte" para o Zé Carlos.
Abraço
Ou: «isto vai, meus amigos, isto vai»... «acordai, homens que dormis...»...
Um abraço.
Quando já não tiverem o que comer(como no tempo do Salazar)é que o povo irá acordar. Espero que não seja tarde, senão o for já.
Lídia
Mais um verso de Nicolas Guillén
"A aurora é lenta, mas avança"
Um beijo.
Bonito post, bonito mesmo.
Abraço
Provérbio popular:"Nunca falta um chinelo velho(PPD/PSD)a um pé manco(Governo PS/Sócrates)".Por isso dia 24 de Novembro todos à GREVE GERAL!
Abraço
Brecht e Ary, homens do seu tempo, homens de hoje, cada vez mais actuais, cada vez mais invocados, cada vez mais necessários. Falta o resto: a vontade indomável do povo que eles elevaram nos seus textos imortais. A vontade indomável.
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