segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Guimarães 2012


Se a cultura se fechar a si própria dentro de um gueto, acaba fatalmente (e com apenas raras e felizes excepções) por deixar de ser cultura, para se tornar apenas numa idiossincrasia. Uma mania. Um tique nacionalista, patrioteiro, ou apenas bairrista. A cultura precisa da seiva do contacto e da abertura aos outros, para melhor manter vivas e saudáveis as suas raízes e identidade.
Dada esta singela opinião, acho não só muito bem, como fundamental, que a programação cultural de Guimarães Capital Europeia da Cultura (ou qualquer outra programação cultural), seja fortemente povoada por aquilo que de melhor a Europa e o mundo tiverem para dar, caminhando ombro a ombro com as nossas próprias propostas culturais. Seja em agigantados (talvez demais) projetos como este “Guimarães 2012”, ou na vereação da cultura de uma pequena autarquia local.
Dada esta segunda singela opinião, tenho, ainda assim, as maiores dúvidas de que uma programação de Paris, Londres, ou Madrid, ou Frankfurt, ou Veneza capitais da cultura... abrisse com um espetáculo estrangeiro.
Seja como for, não era da programação de espetáculos que ia falar, mas sim da cerimónia de abertura.
Na verdade, estava combinado que fosse eu a fazer o discurso de encerramento, dissertando sobre mecânica quântica, o que me foi impossível por incontornáveis motivos de agenda pessoal. Como, ao que parece, o distinto público presente estava firmemente decidido a divertir-se por um bom pedaço, ouvindo alguém falar longamente sobre um assunto de que não entendesse nem a ponta de um chavelho... substituíram-me por Cavaco Silva a falar de cultura. Foi exaltante!
(Ao que me dizem, houve na rua quem não gostasse...)

17 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Cultura, cultura, cultura
Que é?
Se for o que eu penso que seja, Guimarães será uma manobra de diversão, cara, pacóvia e uma encenação para mostrar à Troika

Anónimo disse...

Nem pensar! Fosse em que situação fosse, substituí-lo por tal personagem!!!...
Uma boa semana. Saudações
Vicky

do Zambujal disse...

Já andava a desconfiar que estavas a passar-te... O que compreendo perfeitamente porque eu acho que já me passei.
Mas nunca nos passamos de lado, Passamo-nos de frente e para a frente.
Vem isto a propósito de ter de te corrigir em duas palavras do teu texto todo ele muito oportuno e certeiro.
Não é idiossincrasia é idiotossincrasia. E não é/foi exaltante, foi exsudante, provocou exsudação. Aliás, a grande vantagem dos discursos cavacais é obrigarem-nos - para comentário apropriado - ir ao dicionário, para não usar o vernáculo que de imediato suscitam.

Um grande abraço

Maria disse...

Vai ser, é, capital da cultura só para alguns...

Abreijo.

salvoconduto disse...

De qualquer modo não te perdoo, estive a fazer horas de propósito para te ouvir e baldaste-te, quando vi o senhor ia-me dando um treco. Se ficasse a ouvi-lo dava-me de certeza ou então tinha cortado os pulsos. Não comento sequer o facto de o espectáculo de abertura ser estrangeiro porque isso já é o pão "deles" de cada dia. Depois vem a Canavilhas hipocritamente com aquela proposta, vai lá vai.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Não deixa de ser triste a inauguração da capital da cultura ter recorrido a um esptáculo estrangeiro. Mas num país onde a cultura e a educação são tão maltratadas, não é muito de admirar, embora nós,portugueses, tenhamos muito para dar.

Um beijo.

trepadeira disse...

Então o magnífico espectáculo de abertura não foi esse tal na rua?

Um abraço,
mário

Eduardo Miguel Pereira disse...

Não podes pedir mais a um pobre reformado deste País.

Muito faz ele, coitado :-)))

svasconcelos disse...

Como disse o Mário, o grande espectáculo foi a merecida vaia ao anibál (assim com acento, "bál", para rimar com animal)logo à entrada.

bjs

Antuã disse...

Em termos culturais o Cavaco é um espectáculo. É só rir!...

Buiça disse...

O Cavaco é coltura.O Cavaco é o nosso Boris Karloff(quem se lembra?)
PS: Aquele "fotografado" neste blog de sua graça José Manuel Fernandes não foi também,quando foi preciso,um "anónimo"puro da Bayer?
Lembram-se daquele jantar de comparsas ,de despedida do "novilho" Manuel Pinho com lágrimas do "Chora"?
Buiça

Fernando Samuel disse...

O Cavaco só podia ser assim: exaltante...
(depois ouviu das boas...)

Um abraço.

Anónimo disse...

Samuel,
A abertura da CEC 2012 contou com a participação de muita prata da casa vimaranense e nacional, a saber:
-Fundação Orquestra Estúdio.Guimarães CEC 2012.
-Manuel d'Oliveira.Guimarães
-Cristina Branco.
-Rão Kyao.
-Outra Voz.Guimarães CEC 2012.
-Caixas e Bombos Nicolinos.
-Banda da Sociedade Músical de Pevidém. Guimarães.
La Fura dels Baus, Catalunha.
Chico César, Brasil.

Cumprimentos

samuel disse...

Anónimo (00:13):

Primeiro, não precisava de se esconder atrás do anonimato para nos dar essa tão "quente" informação.

Segundo, eu não falei da gala fechada no pavilhão, para presidentes, ministros e acompanhantes, mas sim no grande primeiro espectáculo público, o dos "Fura...". De resto, toda a imprensa o identificou como "espectáculo de abertura".

De qualquer modo, como é provável que você não soubesse mesmo que eu sabia e apenas não tenha entendido o texto... obrigado!

O Costa disse...

Que grande confusão óh samuel,está quase como a falecida...voçê sabe que eu sei que voçê sabe,veja lá com cautela o que voçê sabe.

Alheira disse...

Não percebo nada disto,o Samuel pode informar-me por favor?

Anónimo disse...

Antes demais como é que Portugal pode ser a capital da Cultura quando ofereceu o esplendor da sua Cultura que é a língua e quando acabou com o Ministério da Cultura.