sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O futuro





O futuro

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente

Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos de maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.
                                      
(José Carlos Ary dos Santos)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Fantoches



O meu amigo Manuel Freire (amigo e cúmplice de muitas canções) vive no campo. Quando se instala na sua pedra cinzenta, em que se senta e descansa, olhando para os pinheiros altos que em verde e ouro se agitam, ou o ribeiro manso em serenos sobressaltos, ou as aves que gritam em bebedeiras de azul... e depois muito vinho, muita espuma, muito fermento, bichinhos álacres e sedentos de focinho pontiagudo e em perpétuo movimento... e que só não roçam através de tudo, porque o Manel se enganou quando copiou à mão o poema do Gedeão antes de o musicar... estão a ver?, essas coisas que se fazem no campo... o meu amigo Manuel, como dizia, de vez em quando envia-me por mail umas estórias ou vídeos com piada.
É o caso deste vídeo com um senhor americano (fantástico ventríloquo!), com direito a um apresentador de luxo e exibindo as “habilidades” de dois dos seus fantoches. Na verdade, depois de me fazer sorrir, deixou-me bastante desanimado. É que nós também temos por cá uma boa mão cheia de “fantoches”, sempre prontos a “cantar” quando os “americanos” lhes enfiam a mão pelo rabo acima e lhes ordenam que “cantem”... só que, para nossa desgraça, não cantam, nem de perto nem de longe, tão bem quanto estes dois do filme. E então o reportório!...




Governo Sócrates – Mentes doentes em corpos sãos



Ontem não foi um grande dia para o PS. Tirando a prestação titubeante e errática de Manuel Alegre no debate com Cavaco Silva, que deve ter deixado o exército de “socialistas” que figuram nas listas de apoiantes e na Comissão de Honra do atual Presidente bastante satisfeitos, foi, como digo, um péssimo dia para a imagem do partido e do seu propalado apego ao “Estado Social”... nem falando já do pobre “socialismo”, a respirar penosamente, há anos, pelo buraco da fechadura da gaveta...
Como se não bastasse o chocante anúncio do secretário de Estado adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro (a carantonha em cima à esquerda), que sem saber mais o que dizer para justificar a aplicação de taxas moderadoras no SNS a desempregados e pensionistas, acabou a dizer que 485 Euros é uma pipa de massa, tive o café da manhã completamente “talhado” por outra notícia, esta vinda do ministério da milionária escritora e Ministra da Educação, Isabel Alçada, sobre o tratamento dado a professores, ou professoras que sofram, por exemplo de cancro, ou, no caso delas, de uma gravidez de risco que as afaste por uns tempos da escola.
E dizem vocês “Ó Samuel, essa é fácil! Claro que os professores e professoras são apoiados nesses seus momentos difíceis e ajudados...”
Errado! Ficam com a carreira estagnada, sem possibilidade de progressão! Justifica-se o Ministério da Educação, dizendo que «não há legislação específica para estes casos!»
Diz quem sabe, no mundo da justiça, ou mesmo que apenas dê uns toques de latim, que in dubio pro reo, algaraviada que, dizem-me, quer dizer que na dúvida, decide-se a favor do réu. Diz ainda quem sabe que «Conquanto não se encontre expressamente contemplado em qualquer preceito da Constituição ou da legislação ordinária, o princípio in dubio pro reo é unanimemente reconhecido entre nós como princípio fundamental do direito processual penal» (lido num acórdão).
Ah… mas não para este Governo e o seu Ministério da Educação! Na dúvida, na falta de "lei específica", lixa-se o professor ou a professora. Quem os manda adoecer?
Confesso que não é muitas vezes que dou comigo a ficar sem palavras; mas esta, francamente…

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Descoberta histórica








Andamos nós há tantos anos às voltas com o poder, à turra e à maça com os poderosos... e afinal a solução estava mesmo aqui à mão, numa loja chinesa e apenas por um Euro!
Ainda não sei bem se esta coisa da vonversão” do poder é bem aquilo que nós queremos, nem onde raio é que se lhes enfia a ficha... mas palpita-me que deve ser coisa boa. 

Agora é só ler o livro de instruções... e vamos a eles, carago!!!

Presidenciais 2011 e Francisco Lopes - O "desconhecido" que ganhou os debates



Faltando apenas o confronto entre Alegre e Cavaco, que certamente em nada vai mudar a impressão com que ficarei destes debates presidenciais, dou esta fase por encerrada. O meu candidato teve uma participação claramente positiva.
Colocado em situação de igualdade perante os restantes candidatos, pelo menos aqueles que tiveram acesso a este debates (mas isso é outra discussão!), Francisco Lopes, para além de ser o único portador de uma mensagem de mudança e ruptura com esta política de declínio nacional e assalto ao país, foi aquele que em todos os momentos se manteve claro, coerente, firme.
Agora, entrando Janeiro e até dia 23, tudo voltará ao "normal". Os meios de comunicação, maioritariamente nas mãos exatamente daqueles contra quem se candidata Francisco Lopes, voltarão aos seus prodigiosos “critérios jornalísticos” que os levarão, na maior parte das vezes, a considerá-lo “invisível”, a encontrar apenas idosos nas suas ações de campanha e, no caso de falarem com ele, apenas lhe perguntarem o que tem a dizer sobre esta ou aquela declaração de Cavaco Silva, esta ou aquela peripécia de caça ou pesca de Manuel Alegre, isto na China, aquilo na Coreia do Norte, aqueloutro em Cuba...
Agora está nas nossas mãos! Nós é que seremos os canais de televisão, de rádio, os jornais, as vozes sem patrão nem mordaça. Agora já ninguém pode dizer que não sabe quem é Francisco Lopes, que nunca ouviu falar dele, ou que não está a par de nenhuma das suas propostas, sem ser obrigado a admitir que isso só acontece porque não fez nada por saber, ouvir, estar a par. Agora é a hora de aceitar mais do mesmo, ou de exigir mudança
Lembro-me de uma das primeiras conversas com um amigo, quando se soube da decisão do PCP de apresentar uma candidatura própria e de qual o candidato escolhido pelo colectivo; conversa fatalmente virada para os “argumentos” que logo se seguiram, produzidos por politólogos, analistas e comentadores diversos, mas unidos em chavões comuns a todos: que Francisco Lopes era um desconhecido, que não tinha envergadura para a tarefa, que não se entendia a escolha do PCP. Lá fui dizendo o que podia... nomeadamente, que a maior parte das coisas que não entendemos e parecem não fazer sentido, se as vemos de fora, ganham significado e coerência, assim que as conhecemos por dentro.
Claro que nessa altura não tinha quase nada para me ajudar a explicar esta ideia. Nem esta bela fotografia... nem os brilhantes debates televisivos de Francisco Lopes.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Belmiro de Azevedo e o seu órgão central






Vamos colocar a coisa do seguinte modo: imagine a minha cara leitora e/ou leitor que, por pagamento de uma qualquer atividade regular, tem uma avença mensal de quinhentos euros com a Autarquia da sua terra. Imagine ainda que, durante o mês passado teve duas despesas extraordinárias, porque convidou uns amigos para jantar e teve que pagar uma multa de estacionamento. Imagine agora que, porque pagou essas despesas extraordinárias com o dinheiro que recebe da sua avença, alguém da sua terra começa a espalhar o boato de que é a Câmara Municipal que lhe anda a pagar as comezainas com os amigos e até as multas de trânsito. Imagine que esse boateiro, para além de saber que você recebe mensalmente tanto ou mais dinheiro por pagamento de outras coisas que faz profissionalmente para outras entidades, do que aquilo que recebe pela tal avença com a autarquia... mas mesmo assim acrescenta no seu boato a “informação” inventada de que você exige que a autarquia junte aos quinhentos euros o valor da multa e do jantar com os amigos, no próximo pagamento.
Perante este quadro, quem acreditar que o boateiro não sabe do que está a falar... acha apenas que é um imbecil. Quem souber que ele sabe muito bem que tudo o que disse é uma distorção da verdade, numa mínima percentagem, e pura mentira em tudo o resto... então não pode deixar de o considerar um canalha.
E assim chegamos à manchete do jornal “Público” que espalhou precisamente o “boato” de que os partidos somam as coimas que hipoteticamente tenham num ano à subvenção a que têm legalmente direito no ano seguinte, ficando assim as coimas vazias de significado. Diga-se em abono da verdade que o “Público” esteve longe de estar sozinho nesta “cruzada” (RTP, SIC, A Bola, Sol, etc., etc., etc., até à náusea...) e que o carregar nas cores em relação ao caso particular do PCP, apenas mostra que na generalidade, os média cumprem o seu "dever" e qual o carácter da verdadeira campanha que está por detrás destas “notícias”.
Não querendo acreditar que um jornal como o “Público” divulgue textos sem se dar ao trabalho de saber pelo menos alguma coisa sobre aquilo que publica... tenho de pensar que o jornal conhece a verdade, tal como vem aqui muito bem explicada (e AQUI contada e brilhantemente comentada), mas que opta por mentir e espalhar o boato que melhor serve os seus intentos... que nada têm que ver com jornalismo.
É lamentável ver um jornal com as pretensões do “Público” da “SONAE/Continente” ser menos credível do que o “Dica da Semana” do “Lidl”... mesmo que, pensando bem, ambos não passem de boletins de propaganda de duas mercearias hipertrofiadas.


Adenda: também é de ler o que a propósito se diz aqui e aqui... e certamente em mais blogs feitos por gente decente... 

Os sonhos


(Pablo Ruiz Picasso – “O sonho”)

Os sonhos não se acabaram! (e ainda restam algumas rabanadas, uma travessa de filhós, mais de meio bolo-rei...)
A propósito de mais uma brincadeira com as palavras, vício antigo cá por casa... - desta vez a propósito do Natal - e dado que um dos direitos humanos é o direito de livre associação, nomeadamente o da “associação de ideias”, lembrei-me da cantiga do Chico Buarque, “Apesar de você” (os versos estão aqui), composta nos idos de 1970, ainda em plena ditadura militar do general Médici.
Não sou suficientemente cego para achar que vivemos nessa estirpe de ditadura, nem suficientemente ingénuo para ignorar que vivemos sob as patas de uma outra espécie de opressão, uma forma de ditadura imposta pelas armas do medo e da insegurança; uma ditadura que gera a miséria, o medo, o desemprego, trabalho precário, desigualdade e injustiça social, uma juventude sem horizontes, uma cultura espezinhada; uma ditadura ancorada na demagogia, na mentira e nas "inevitabilidades"; uma ditadura que tem, como uma das características mais odiosas, o desplante de se disfarçar de democracia.
Por isso mesmo, dedico esta canção a Sócrates e ao seu Governo, ao Presidente, ao Cardeal (e às mensagens de Natal de todos eles), a Durão Barroso e aos seus recados, à sua Comissão Europeia, à sua UE e à sua Zona Euro, aos nossos grandes grupos económicos (quase todos “herdados” do fascismo), ao FMI, à Crise Internacional, às Agências de Rating, aos omnipresentes “mercados”... e, por extensão, à puta que os pariu!
Ah... e desta vez a sério: Não! Os sonhos não se acabaram!
“Apesar de você” – Chico Buarque
(Francisco Buarque de Holanda)


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Costinha e Sporting – Apenas uma questão de “imagem”?


Ele anda por aí! Mesmo fora do círculo da ação política ativa e do exercício do poder, aquilo a que se costuma chamar “sociedade civil”, o fascismo e os seus tiques nunca deixaram de se fazer sentir. Não podendo aqui envergar as camisas negras, ou castanhas, ou as botas cardadas, dedica-se a minar a sociedade com aquilo a que chama “valores”. Deixando cirurgicamente de fora os princípios e valores que realmente fariam avançar os povos e que, fatalmente o liquidariam, o fascismo dedica-se a “valores” de outra ordem, aqueles que podem semear a discórdia, o ódio, a repulsa pelo diferente.
E aí os temos nas igrejas, nas escolas, nos jornais, nas televisões, controlando quem pode amar quem, onde e quando se pode beijar alguém, quem é casado, que se divorciou, quem fez um aborto, qual o comprimento das saias das meninas, qual o comprimento dos cabelos dos rapazes. São verdadeiros paladinos da moral e dos bons costumes, pose e fachada que a maior parte consegue manter, hipocritamente, até à morte... exceptuando aqueles a quem se descobrem as despesas feitas com “acompanhantes de luxo”, ou os ainda mais radicais, que aparecem mortos em quartos de hotel, vestindo apenas um cinto de ligas rendado...
O tique fascistóide do rigor das aparências ataca nos locais mais inesperados. Mais uma vez e novamente pela mão do lamentável Costinha, o autoritarismo bacoco, travestido de dress code, ataca num clube de futebol... que, francamente, merecia melhor sorte: o Sporting Clube de Portugal.
Segundo as notícias, Costinha não gosta de tatuagens à vista, não quer que os jogadores usem os bonés do clube com a pala virada para trás (extraordinário!) e não admite o uso de brincos enquanto os jogadores estão de serviço. Diz o infeliz que esses “adereços” «dão uma imagem pouco consentânea com o que deve ser um jogador profissional de futebol» (???).
Infelizmente, para o Sporting e para os sportinguistas, estas fantásticas medidas de Costinha, terão sobre a qualidade futebolística desses jogadores em particular e da equipa em geral, o mesmo efeito que os fatinhos “à ministro” têm sobre a ridícula indigência das “ideias” e a arrogância parola deste pouco mais que inútil “dirigente desportivo”: Nenhum!
Nem vale a pena alguém perder tempo a pensar que eu estou contra o Sporting por ser benfiquista, ou portista, ou do União de Montemor. Primeiro, porque já é sabido que não sou consumidor deste produto; segundo, porque qualquer adepto, de qualquer clube, sabe bem que desde há muito tempo, desde que o dinheiro, os patrocinadores, a corrupção e, de uma maneira geral, o puro e duro negócio de compra e venda de seres humanos, como se fossem gado, mesmo que valendo fortunas obscenas, mas mesmo assim, gado... desde essa altura, como ia dizendo, que “desporto” passou a ser uma mera força de expressão e ninguém, mas mesmo ninguém!, fica bem nesta fotografia.

José Sócrates – Ainda a “massagem” de Natal


A coisa parece ter provocado a (quase) unanimidade. A “massagen” natalícia de José Sócrates não passou de mais um acto de propaganda... pelo menos, a fazer fé nos média. Senão vejamos:
E, obviamente, como há sempre alguém c’os copos a andar em contramão na autoestrada... PS diz que mensagem de Sócrates foi um exercício de realismo.
Acho que isto cobre um largo espectro da sociedade civil... ou pelo menos, da parte que ouviu a “bendita” arenga do homem... o que não foi o meu caso. Apenas o vi cometer a mensagem, já que o aparelho de televisão estava, por uma questão de higiene, com o som cortado. Mesmo assim ainda vi escrita no rodapé uma das suas declarações solenes: «Vamos cumprir os objectivos que nos propusemos para 2011!»
Perante o ar tão assertivo da (milionésima) promessa de Sócrates, logo pensei:
Preparem-se para enormes e desagradáveis surpresas! Pelo menos aqueles que ainda caem na esparrela de acreditar numa palavra única que seja, saída da boca de Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Rescaldo – Razão tinha o Sebastião da Gama...





          Quando eu nasci
          Quando eu nasci
          Ficou tudo como estava
          Nem homens cortaram veias
          Nem o sol escureceu
          Nem houve estrelas a mais
          Somente
          Esquecida das dores
          A minha mãe sorriu e agradeceu

          Quando eu nasci
          Não houve nada de novo
          Senão eu

          As nuvens não se espantaram
          Não enlouqueceu ninguém...

          Pra que o dia fosse enorme
          Bastava
          Toda a ternura que olhava
          Nos olhos de minha mãe

                Sebastião da Gama




Adenda: Como toda a gente terá reparado, este poema foi escrito por Sebastião da Gama e não José Régio, como durante umas horas "pareceu". O dia não foi dado a grande atenção ou concentração...  espero que o post que estava aqui preparado, sobre o José Régio, não vá sair, quando sair, com uma fotografia do Sebastião da Gama...  esperemos para ver!
Entretanto, as minhas desculpas aos leitores, ao Régio e ao Sebastião da Gama! Como bem disse uma leitora (identificada) a idade não perdoa. :-)))

sábado, 25 de dezembro de 2010

Avé maria – Para uns... e todos os outros



Este é um post para crentes e não crentes. Para todos aqueles que acreditam, não que Jesus existiu, pois isso não é uma questão de crença, mas que ele foi mais do que um simples judeu, nascido na Judeia e criado na Galileia, o que lhe foi valendo alguns insultos ao longo da curta vida, já que para os “verdadeiros” judeus, ser galileu era estar abaixo de parolo... e aqueles “verdadeiros” judeus, a elite da Judeia, mesmo estando debaixo das patas do Império Romano e alguns, mesmo, colaborando com o opressor, ainda tinham “peito” para se acharem melhores e superiores a este e aquele (mas isso era há mais de dois mil anos, claro!).

É um post para todos aqueles que creem que o tal Jesus era mais do que um simples judeu que não estava disposto a pactuar com a opressão, com a injustiça, com a idolatria e obscurantismo, com os vendilhões do Templo... mas é também para todos os outros que, tal como eu, acreditam nos “Cristos” que dia a dia são cruxificados em todo o mundo e na força que é precisa para que se ergam dos “sepulcros” a que são condenados em vida... para que se levantem do chão.

É um post para todos os que acreditam na música e no que quer que seja que convoca uma miúda como esta Chloe Agnew a cantar desta maneira uma “Avé Maria” que corre como um “ribeiro manso em serenos sobressaltos”. Como um sopro que nos toca os olhos... e os alaga.

“Avé Maria” – Chloe Agnew
(Bach / Gounod)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Maria – Um (outro) conto de Natal


(Gustav Klimt - "Mother and child")

O seu nome é Maria. É mãe de cinco crianças. Trabalhava na cantina de uma escola... foi despedida! 

Na cantina escolar onde trabalhava a Maria, o destino dos restos de comida é o lixo... e a Maria pensou que poderia levar alguns desses restos para casa, para dar aos filhos, numa tentativa de remediar, mesmo que só um pouco, o ordenado miserável. Enganou-se! Para a “Eurest”, a empresa privada que, com o dinheiro dos nossos impostos, lucra com o negócio de muitas cantinas escolares, para além desta de Vila Nova de Gaia, isso é intolerável e motivo para despedimento

Se os meus amigos e amigas se derem ao trabalho de ler a notícia do CM, verão que este nem é sequer um caso isolado; a empresa tem por norma ser implacável com as funcionárias, mesmo que estas se limitem a ter a “ousadia” de guardar umas sobras do seu próprio almoço, no cacifo... para quando chegarem a casa, já tarde. 

Lembra, e bem, o presidente do Sindicato da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restauração e Similares, que a “Eurest” faz parte da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), associação que promove a campanha “Direito à Alimentação”, campanha em que aparece, alegre e mediaticamente, ao lado do Presidente e candidato a “Represidente”, Cavaco Silva, nas suas ações de campanha eleitoral à custa dos pobres… dos quais descobriu, subitamente e por estes dias, ser extensamente amigo. 

É natal! Tempo em que alguns sentimentos nobres são vergonhosamente obrigados a conviver com a mais abjecta hipocrisia. 

«Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra, aos homens de boa vontade». 
(Evangelho Segundo S. Lucas, capítulo dois, versículo catorze)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Jorge Videla condenado – Que apodreça na prisão!



Jorge Videla, general argentino que, entre 1976 e 1981 esteve à frente de uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina, foi novamente condenado a prisão perpétua pelos seus crimes, uma lista horrenda de assassínios, tortura, roubo de recém nascidos ás mães prisioneiras... e o “desaparecimento” de milhares de homens e mulheres que nunca se renderam à ditadura.
O assassino já antes tinha sido condenado a uma pena igual... mas o corrupto Carlos Menem, Presidente da Argentina entre 89 e 99, tinha mandado anular a sentença. Desta vez, provavelmente, já não se safará...
Entretanto, o bandalho tem já 85 anos de idade. Espero que viva até aos 120!

Quando os bandidos são da polícia... 2


Volto ao escabroso tema deste post, aqui publicado há uns dias, porque a questão de que nele se falava está longe de estar arrumada. Pelo que leio no “5 Dias” (via “O Castendo”), quando se esperava que o inquérito interno da polícia, sobre as reais motivações que levaram vários agentes da esquadra lisboeta das Olaias a violentar vários jovens da JCP, sob o pretexto de que eles tinham pintado umas letras num muro, avançasse com rapidez, nada disso acontece. O inquérito está estagnado! Recorde-se que esses agentes acharam adequado obrigar a despir integralmente os jovens, ou antes, apenas as raparigas (menores de idade), para as revistar. Recorde-se ainda que esses jovens se limitaram a exercer o direito de, livremente, pintar um mural com propaganda política.

Ao mesmo tempo que o inquérito interno à atuação dos polícias se arrasta, impelidos pelo espírito de corporação, alimentado certamente pela antiga e abjecta “filosofia de caserna”, os abusadores insistem no abuso. Ressabiados pela queixa dos jovens e do enxovalho público que a queixa provocou, resolveram vingar-se, não só continuando a perseguir as vítimas, como estendendo a perseguição e devassa às suas famílias, nomeadamente no caso em que a mãe de uma das menores tem a sua vida privada investigada no sentido de se saber se tem “condições para educar e criar a filha”... tal a gravidade do “crime” por esta cometido com a pintura da parede. 

Pode dizer-se que o chefe da polícia local é um fascista; pode argumentar-se que uma boa parte dos seus agentes não passa de um bando de bestas acéfalas; pode-se imaginar que naquela esquadra e para aqueles agentes, ter duas menores nuas à sua frente, por pura diversão, é apenas um tique de “macho dominador”; o que não se pode é assistir ao silêncio cúmplice de toda a corporação policial! Penso particularmente nos milhares de polícias que, não poucas vezes, têm sido apoiados nas suas reivindicações e protestos, exatamente pelo partido a que pertencem os jovens violentados pelos seus colegas. 

Sendo assim, mesmo consciente da quase inutilidade destas posições e atitudes individuais, daqui para a frente, ou até que se conheça uma clara condenação e demarcação desta ação nojenta por parte da “outra polícia”... que era suposto existir, ninguém mais contará comigo para um acto ou sequer uma palavra de solidariedade para com a polícia e seus agentes, seja lá o que for que lhes aconteça. 

Acordem!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Francisco Lopes / Cavaco Silva - 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10... KO!



Não é para “me gabar”... mas o Francisco Lopes ontem andou muito bem! 

Deu gosto ver a diferença, marcada a luz e firmeza de olhar, entre uma candidatura de esquerda, ao serviço do povo e do país... e uma candidatura de direita, subserviente lacaia dos "mercados".

Deu gosto ver o candidato Aníbal a “passear” penosamente as costas pelas cordas, a ir ao tapete, a tentar valer-se de “títulos” passados... mas a não convencer ninguém, a tentar esquivar-se ao "direto" do BPN mas a levar com ele em cheio na cara, a dizer banalidades, a tremer das pernas, a gaguejar muito... e caindo, 
caindo, 
caindo, 
caindo, 
caindo sempre, 
e sempre, 
ininterruptamente, 
na razão direta do quadrado dos tempos. 

Não é para “me gabar”, mas o meu candidato deixou o candidato Aníbal feito num “cavaco”!

Para rever a contundente declaração de Francisco Lopes à saída do debate

Para rever o debate completo


Sócrates - Os prejuízos da "poupança"



Quando há dias começaram a chegar as notícias de que poderia estar em curso uma “remodelação” na CP e na Transtejo, logo seguidas de notícias que já davam conta da dimensão da “remodelação” que, para já, significava o despedimento de largas centenas de trabalhadores, seguidas do revelar das reais intenções que sempre estão por detrás destas “remodelações” de empresas públicas, o seu desmembramento e posterior entrega aos privados, que ficam sempre e apenas com a parte lucrativa do negócio (essa intenção na TAP é já descarada), seguidas da admissão, por parte do ministro, não só dos despedimentos como dos aumentos de preços das tarifas... faltava chegar ainda a cereja no topo do bolo: os barcos vão navegar menos e, sobretudo, os comboios vão circular menos... isto para além das linhas e ligações que pura e simplesmente desaparecerão... (respirar...) quando li tudo isto, logo pensei escrever algumas palavras - pobres palavras, que nada podem! – sobre mais umas tantas canalhices feitas contra os trabalhadores, mais crimes contra o Estado, mais favores aos amigos de sempre, mais crimes contra o povo em geral. 

Certamente para que estes cortes nas despesas públicas figurassem na vergonhosa lista de “50 medidas para UE ver” e recolhessem o aplauso dos "senhores" que mandam nesta Europa, mais uma vez quem vai pagar são os funcionários de empresas públicas e os utentes, com menos serviço de transportes. Mais uma vez, os portugueses que ainda resistem no interior do país, vão ficar ainda mais reféns da sua interioridade e isolamento, impostas pelas políticas criminosas de trinta anos de governos PS, PSD e CDS, caindo um cada vez maior número de jovens casais na tentação do abandono das suas terras, para vir suportar, no litoral, uma vida de exploração, ou na ainda pior hipótese, de pura e simples miséria. 

É preciso levantar a voz contra um tal estado de coisas! 

Imagino que deve ser uma boa sensação aquela que sente um militante, sempre que vê que em vez de estar a dizer aquilo que pensa o seu partido (o que é uma coisa boa!), é antes o Partido a dizer aquilo que ele pensa. Embora na minha condição de simples “compagnon de route” é uma sensação igualmente boa ler este documento (via "Anónimo do Séc. XXI) que diz tão clara e profundamente aquilo que penso. 

O calhordas do Primeiro Ministro faz de conta que não sabe que nós sabemos a quem é que ele presta contas e serve; faz de conta que não tem noção da desmesura dos prejuízos que estas suas “poupanças” feitas com cortes cegos de quinze por cento - impossíveis, na maior parte dos casos - vão provocar nos hospitais, nas escolas, nos transportes, na vida das pessoas, na cultura. 

Desgraçadamente, voltando ao tema dos comboios... e sem a mínima intenção de ter graça... a única “poupança” que Sócrates consegue é a da energia, de cada vez que vai apagando mais uma luz ao fundo do túnel. Não o fará durante muito mais tempo!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Europa – Ideias velhas recauchutadas



Em mais um passo na sua escalada de xenofobia e racismo, a Alemanha e a França anunciaram na UE a intenção de impedir a entrada da Roménia e da Bulgária no Espaço Schengen

Pelos vistos, para o poder desta nova Europa “democrática” e, nesta atitude dos alemães e franceses, já sem sequer o "decoro" de o disfarçar, os romenos e búlgaros (e tantos outros!), por enquanto servem apenas para engrossar o caudal de imigrantes “ilegais”, mão de obra para explorar até ao tutano, prontos para trabalhar seja no que for por metade ou um terço do salário, sem direitos nem segurança... e sempre na calha para a expulsão, assim que deixam de ter utilidade. 

Por vezes pergunto-me... onde raio é que esta gente irá buscar estas ideias?!

Angela Merkel




Angela Merkel, a chanceler alemã, por vezes parece mesmo convencida de que os largos milhares de trabalhadores desempregados ou precários, os largos milhares de jovens a chegar aos trinta anos vivendo em casa dos pais, sem trabalhar e, obviamente, já sem estudar, os muito milhares de reformados com pensões miseráveis, os funcionários públicos a quem cortam os salários, enquanto estes vão vendo as fortunas fabulosas que outros acumulam mesmo debaixo do seu nariz, os professores diariamente desrespeitados, os alunos usados para malabarismos estatísticos demagógicos, a indústria nacional indigente, os agricultores e a agricultura, a pesca e os pescadores, pouco mais que moribundos... dizia eu, por vezes parece que a senhora pensa mesmo que todas estas pessoas são mais felizes, mais realizadas profissionalmente, têm melhores garantias no trabalho, na escola ou na saúde... e até, mais liberdade, do que o que tinha ela própria e os seus pais, os amigos e os vizinhos, no seu país de origem, a RDA. Não têm! 

Angela Merkel está a conseguir fazer em grande parte da Europa, recorrendo apenas à especulação financeira, ao conto do vigário do Euro, arrogância, chantagem, desemprego manipulado e medo, muito medo, aquilo que o seu antigo conterrâneo, Adolfo Hitler, não conseguiu pelas armas. 

Toda esta atenção sobre a chanceler alemã acabou por despertar a minha curiosidade... e acabei, entre muitas outras coisas mais ou menos interessantes, por descobrir o seu nome do meio. 

Angela Barda Merkel

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cuecas blindadas – Já vão tarde demais!



Leio a notícia de que o exército britânico vai distribuir pelos seus militares em cenário de guerra, nomeadamente no Afeganistão, vários milhares cuecas blindadas capazes, segundo garantem, de proteger as suas partes pudibundas das agressões e adversidades várias a que podem estar sujeitas, como estilhaços, etc., etc. 

É uma grande e simpática ideia... mas já vão tarde! Toda esta enorme despesa e lufa-lufa de despe-que-despe, veste-que-veste, tira-que-tira, coça-que-coça, veste outra vez... seria perfeitamente evitável. 

Dada a extraordinária semelhança destas cuecas blindadas, pelo menos no princípio e nos resultados, com os velhos, famosos e medievais “cintos de castidade”, teriam feito muito melhor em oferecer um par equipado com bons cadeados, aos pais de Osama Bin Laden e Saddam Hussein (no tempo em que eram todos tão amigos e aliados), aos avós de George W. Bush, aos pais de Aznar, aos pais de Tony Blair, aos pais de Durão Barroso... e talvez a guerra no Iraque e a que se seguiu no Afeganistão nem sequer tivessem acontecido. 

 Eu sei, eu sei... isto é muito optimista da minha parte e, sem dúvida, deixei de fora muitos possíveis destinatários dos milagrosos pares de “cuecas blindadas”... mas isso fica a cargo da vossa imaginação...

Quem havia de dizer?!




Então não querem lá ver que Sócrates afinal até é capaz de encaixar umas verdades pelo meio das rajadas de mentiras com que nos tem brindado ao longo dos anos?

Apreciem este belo exemplo, tirado de uma entrevista dada à revista “DNA”, no ano 2000, entrevista de que alguém teve a bela ideia de salvar este recorte e eu, o descaramento de o surripiar ao “Aldeia Olímpica”.

- Engenheiro José Sócrates, vamos vê-lo, um dia, Primeiro Ministro?

- Não! Primeiro, porque não tenho o talento e as qualidades que um Primeiro Ministro deve ter...

Fantástico! Dá todo um novo brilho ao dito popular “Com a verdade me enganas!”... ou ao mais erudito “Falar verdade a mentir”, do Garrett.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mário Soares – Qual Rússia?




Seja qual for o “achismo” do dia, partilhado com o país pelo Dr. Mário Soares, salvo raras exceções, aquilo que ele vai produzindo aqui e ali... é para o lado que eu durmo melhor. Esta foi uma semana com, pelo menos, duas dessas raras exceções.

A primeira: Na ânsia de dinamitar a candidatura de Alegre já o vimos inventar do nada a candidatura do reacionário populista Fernando Nobre, pondo meia família a trabalhar na sua campanha; já o vimos decidir diversificar, passando a elogiar publicamente as “performances” de Cavaco; agora, para baralhar ainda mais as coisas e, de caminho, tentar fazer com que uns milhares de eleitores fiquem em casa no dia da votação, decidiu que as Eleições Presidenciais «interessam relativamente pouco». Fantástico, não é?

A segunda: Na sua mais recente homilia semanal no DN, entre o “bric-à-brac” normalmente mal escrito com que enche uma página inteira do jornal, decidiu tecer uns comentários sobre o Nobel chinês Liu Xiaobo e o erro que as autoridades de Pequim estariam a cometer ao darem-lhe tanta visibilidade, comparando mesmo esse alegado erro a outros casos, que na sua opinião foram igualmente grandes erros, por parte de Moscovo e em relação a Pasternak, Sakharov e Soljenitsin...

Claro que esta opinião é um direito que assiste ao Dr. Soares, mas a frase que me prendeu a atenção foi aquela em que diz que esses erros de Moscovo foram cometidos «quando a Grande Rússia ainda era apenas URSS». Delicioso, o pormenor do "apenas"...

Ficamos então a saber que, na turbulenta cabeça de Mário Soares, independentemente do papel que a Revolução de Outubro e a própria existência da URSS tiveram nas mudanças operadas no mundo e no avanço das conquistas dos trabalhadores, internacionalmente, mudanças e conquistas respaldadas naquela realidade, agora que, depois do acumular de erros que levaram à sua derrocada (sem, mesmo assim, conseguir fazer ruir os ideais!)… agora é que “aquilo” é a Grande Rússia! Fantástico, não é?

Mas já chega! Aqui neste estabelecimento, aos domingos e sempre que se pode… ouve-se boa música. Portanto, já que falámos de “grande Rússia”, concentremo-nos nalguma coisa realmente grande e ostensivamente russa. Façam-me o favor de escutar estes jovens ortodoxos de Moscovo, dentro de uma igreja ortodoxa, a cantar o mais ortodoxamente que sabem. E como sabem!!! Reparem no moço com cara de ser o mais novo de todos (Chernegov-Nomerov Egor), que está mais à frente e que canta um pouco mais “alto”.

Eu e as religiões, há muitos anos que só nos conhecemos de vista... mas juro que se tivesse ao pé de casa uma igreja assim, muitas vezes haveriam de me ver, discretamente sentado lá ao fundo, mas cantando por dentro.

Bom domingo!

“Gabriel apareceu” – Coro Ortodoxo Russo
(Pavel Chesnokov)



sábado, 18 de dezembro de 2010

“Time” – Na pátria da “democracy”...




A estória é “curta e grossa”. Os canalhas que dirigem a revista norte americana “Time” resolveram organizar uma votação, entre os seus leitores, para eleger a “Personalidade do Ano”. Os leitores votaram copiosamente, com trezentos e oitenta e dois mil votos, em Julian Assange, o australiano responsável pelo “WikiLeaks”. Os canalhas que dirigem a “Time”, num exercício de «jornalismo democrático e interativo», como lhe chamaram (!!!), ignoraram a votação e nomearam Mark Zuckerberg, o garotão que fundou o “Fecebook”... que tinha obtido apenas dezoito mil votos e ficado em décimo lugar na lista. Para completar o seu exercício de “jornalismo democrático interativo”, nomearam Assange “Personalidade (não grata) do Ano”.

As razões da censura por parte da revista norte americana ao nome de Julian Assange, topam-se muito bem; já sobre a decisão de escolher o garotão do “Facebook”, fica a dúvida sobre quem terá pago a “escolha”; se o próprio multimilionário garotão, com uma fortuna avaliada em mais de cinco mil milhões de dólares, se os produtores do filme de Holywood, sobre a sua vida... que não está a ter a carreira esperada.

De qualquer modo, lembremo-nos de mais este episódio de “jornalismo democrático interativo”, de cada vez que formos agredidos com uma “opinião livre” veiculada por um destes “democráticos” órgãos de comunicação e sempre que tentarem infectar-nos com os seus primores de “liberdade de expressão”.

Também os temos por cá e em grande número; constantemente a sonegar informações, a boicotar realidades que não lhes agradam, a promover escandalosamente os amigos dos donos, a vomitar “opiniões livres”, a fabricar “sondagens”, a fazer exercícios de “jornalismo democrático interativo”... e todos, sem excepção, nas mãos de gente da mesma estirpe.

Jorge Lacão – Uma oportuna tomada de consciência




É perfeitamente compreensível que o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, perante os constantes remoques, ditos, apartes, perguntas e ataques com que é mimoseado pelas diversas oposições, debate após debate, sessão após sessão... acabe por se enervar. Mas daí a chamar aos deputados da oposição “espíritos necrófagos”!... Convenhamos que não será o adjetivo mais simpático ou elegante... como mostra aqui em cima o “recorte” do dicionário, que explica, com a simplicidade própria dos dicionários, o significado da palavra "necrófago"... e não me deixa mentir.

Mesmo assim, saudemos a atitude do Dr. Jorge Lacão! É o primeiro membro deste governo que assume a sua condição de “cadáver em decomposição”.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

007 - Ordem para aldrabar




- My name is Bond... "Eurobond"!

José Lello – “We love you yé yé yé...”


(Fotografias indecentemente surripiadas ao "IÉ-IÉ" e as músicas ao "No bairro do vinyl")

Talvez levado pelo enjoo que me está provocar este balanço do “autorizou-não autorizei”, “sabia-não sabia”, “disse que sim-nunca ouvi falar disso”, agora caldeado com a esperteza saloia de Amado com o seu “Não houve pedido formal!”... quando toda a gente sabe que estas canalhices secretas e “diplomáticas” entre a CIA e os seus lacaios, perdão, interlocutores internacionais, se fazem sempre com “pedidos formais”, em papel selado e registo notarial... a verdade é que estou quase a ficar convencido de que todo este “tsunami” de documentos arremessados à cara do mundo pelo “WikiLeaks”, não passa afinal de um pretexto de Julian Assange para se vingar de José Sócrates, por via de um desentendimento feio “derivado” a uma confusão com uma antiga namorada... não sei.

De qualquer modo, aquilo que quero hoje partilhar é a grande “admiração” pelo sentido de inquestionável solidariedade que terá levado o assessor diplomático de José Sócrates, um tal Jorge Rosa de Oliveira, acompanhado de José Lello, na qualidade de... José Lello, a irem jurar aos funcionários da Embaixada dos EUA, a lealdade e “próamericanismo” do Primeiro Ministro e do seu Governo... em contraste com essa “maluca” da Ana Gomes, obcecada pelos “voos da CIA”... isto, obviamente, a fazer fé em mais um desses “malinos” telegramas enviados da Embaixada de Lisboa para os Estados Unidos da América, que relata a visita dos dois políticos.

Num enorme salto até ao passado, não fosse estar a falar do fim da década de sessenta, princípios de setenta, portando, ainda do fascismo e da guerra colonial... e ficaria com saudades do inocente tempo dos meus treze aos vinte anos, em que José Lello, depois de uma meteórica carreira em grupos “yé-yé”, como os “Cinco Académicos”, o “Inova 67”, ou os “Titãs”, se aventurou numa carreira a solo como “baladeiro”, provavelmente cheio de boas intenções e num estilo que aqui não comentarei, mas que... decididamente, não constituiu uma das minhas influências na época.

Fiquem em paz, com a audição desta montagem de pequenos excertos de algumas dessas baladas do meu “ex colega” José Lello.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Carlos Pinto Coelho – Adeus, amigo!




Mesmo admitindo que estas coisas têm que ser... e se tinha mesmo de ser um jornalista a partir... tenho aqui uma bem povoada lista de nomes que bem poderiam ter ido no lugar de Carlos Pinto Coelho.

Desculpem-me este cru desabafo. 
E assim acontece...

Sócrates e Charles Pasqua – As promessas




O mentiroso compulsivo que comanda este “nosso” executivo de incompetentes e lacaios dos mercados, tem por hábito antigo fazer promessas e garantir coisas avulsas. Como deve ter levado apenas uns minutos a faltar ao cumprimento da primeira promessa que fez na vida, pode dizer-se que o hábito de faltar às promessas e garantias é tão antigo como o hábito de prometer e garantir.

Aí está ele mais uma vez! Prometeu e garantiu que não ia mexer nas leis laborais e não ia facilitar os despedimentos; logo, evidentemente, mexeu nas leis laborais e, quanto mais não fosse, por ter diminuído as indemnizações devidas aos trabalhadores despedidos... facilitou os despedimentos. Isto entre mais um enxame de medidas para "flexibilizar" e desregular o mercado de trabalho, mais o apoio e fomento disto e daquilo. É mesmo assim, está-lhe na massa do sangue.

É, politicamente, um bandalho!

Quem havia de dizer a Charles Pasqua que um dia, num país excêntrico e pelas mão de um governo “socialista”, ainda haveria de existir um Primeiro Ministro capaz de levar a sério uma das suas frases mais célebres!

Charles Pasqua é um velho empresário e político francês, oriundo da direita conservadora. Foi ministro num governo de Chirac (pelo menos). O seu ar meio bronco e os modos abrutalhados escondiam (e escondem) um cérebro ágil, um sentido político apurado, vasta cultura... e sentido de humor. Um dia, num debate, “apertado” por alguns adversários sobre o alegado não cumprimento de algumas promessas, proferiu, como pequena e lúdica “provocação”, a tal frase que Sócrates não só leva a sério, como cumpre literalmente:

«As promessas só “comprometem” aqueles que nelas acreditam!»