Texto escrito para o Zeca, aquando da sua prisão em Caxias.
Vivia eu então na Cruz Quebrada, corria o ano de 1973.
E DE SÚBITO A VOZ
(Samuel)
E de súbito a voz
não que se cale o mar
de encontro à muralha
nem morte deixe de bater
A porta de quem grita pela vida
é o poiso escolhido
As aves continuam a cantar de longe
o Sol ainda passa retalhado nas grades
As grades filtram tudo:
o ar, a luz, a vida
a vida lá de fora.
Mas o mar continuou a bater
e o Sol mesmo retalhado
continua a aquecer
os pés do magro cantor
cantor ou não.
E é de súbito a voz
a por na força bruta da paisagem
uma nota de cor
de vida não domada
em jeito de ameaça e cumprimento:
Tereis notícias minhas!
1 comentário:
Tão bom...
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