sábado, 5 de julho de 2008

Vivam as colectividades populares!



Cheguei agora a casa. Duas e tal da manhã... bonitas horas!
Para descomprimir dos posts "tremendos" que estão aqui para trás e que vou publicando, como costumo dizer, em legítima defesa, hoje volto às Marchas Populares de Almada. Passei lá a noite de Sexta para Sábado, no Pavilhão Desportivo. Agora a coisa é a doer... e logo à noite lá vou novamente de Montemor para o "lado certo" do rio.
As marchas populares, normalmente não têm grandes músicas nem grandes letras. As excepções são poucas e quase todas conhecidas. De qualquer modo, o que me encanta naquele fenómeno não são as músicas, nem os fatos, nem as complicadíssimas coreografias. O que me encanta é a garra, o entusiasmo e dinamismo das colectividades populares.
Hoje ali naquele pavilhão, algumas dessas colectividades apresentam Marchas em que se vê a mistura de origens sociais e onde por vezes quase metade dos marchantes, ostenta aquele tom de "bronzeado" que só se consegue sendo filho ou filha de imigrantes africanos e lá andam eles, gingando as marchas, gritando a plenos pulmões em vez de cantar (isso não é bom), com grandes sorrisos e de mãos dadas com os "caras-pálidas" dos amigos e amigas cujos pais e avós são de cá. Os "branquelas" fornecem os genes do bairrismo castiço. Os "extra-bronzeados" tem um não sei o quê de gingado, que nem eles sabem bem porque têm, pois todos já nasceram cá, mas que dá um toque especial a tudo aquilo.
Vendo aquela cumplicidade, que de alguma maneira há-de contagiar os pais, penso com os meus botões, "Que força extraordinária podem ter as colectividades populares!"
Almada e toda aquela região, pode gabar-se de ter muitas e grandes colectividades a fervilhar de gente e actividades, mas de uma maneira geral no resto do país (salvo as honrosas excepções) é o deserto...
Antes de Abril, demos grande importância à presença e trabalho nessas associações, fizeram-se coisas extraordinárias e trabalho cultural e político de valor inestimável. Depois, por qualquer razão, dispersão, cansaço, sei lá, abandonou-se quase tudo. Foi um erro tão grande!...
E se voltássemos a pensar nisso?

12 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, Almada, do lado certo do rio. E lá vou eu,daqui a 2 ou 3 horas para a minha terra ( sim, porque foi lá que nasci )assistir ao Festival Internacional de Teatro de Almada.

Ai, ai! Não há terra como a nossa.

Campaniça

Fernando Samuel disse...

Bela homenagem às colectividades populares - matéria na qual Almada é, talvez, exemplo maior no nosso País.
Foram muitos os que iniciaram a sua actividade antifascista nas colectividades; os que leram o seu primeiro livro na biblioteca da colectividade; e os que nelas aprenderam o valor do colectivo, da solidariedade, da fraternidade...
(felizmente, o tal erro do «abandono» parece estar a ser corrigido...)

Abraço amigo.

Fernando Samuel disse...

Campaniça, grande felizarda, não perdes um Festival de Teatro, aí, no «lado certo do rio»...

Crixus disse...

As colectividades de aldeia ou de bairro, poderiam ser um instrumento extraordinario para promover a convivencia e aumentar o nivel cultural da população portuguesa, alem de incentivar a cidadania e participação popular. Creio que foi depois do PREC que se perdeu um pouco da sua força, porque nessa altura foi quando tiveram uma maior intervenção, não só cultural e desportiva, mas tambem politica e civica. Seria sem duvida uma ganho inestimavel para o povo portugues que se voltassem a dinamizar as que existem (aqui na margem sul persistem algumas)e que se constituissem novas.

zemanel disse...

cAqui por Torres Novas, também o associatismo popular teve desde o inicio do século XX grande expressão. Antes do 25 de Abril, muitas das colectividades eram casas de liberdade e resistência tendo muito do seus dirigentes sido vigiados pela PIDE: Cine-Clube,Clube de Campismo, Filarmónicas, Coral, etc...
No pós 74, foi a explosão, até à crise dos anos 90.
No entanto, nos últimos anos o trabalho das colectividades populares sofreu um novo impulso com a criação da União de Colectividade e Associações de Torres Novas. O associatismo popular em Torres Novas dentro de todas as condicionantes parece querer recuperar o tempo perdido. valorizando-se de novo o trabalho cultural e claro, político. Até porque em muitas aldeias deste Ribatejo, fechada a escola, os correios, o posto médico, só sobra o Padre e... a colectividade.
Um abraço

João Carlos disse...

apesar de ter deixado o meu comentário ele teima em nao aparecer vou tenter novamente

João Carlos disse...

não gostaria de comentar os comentários até porque é desrespeito ao Samuel que como nosso Bloger é ele que com muita inteligência e oportunidade vai lançando os temas que nós seus seguidores lá vamos comentando. No entanto penso que há sempre novos rumos e ideias em cada comentário esperando que ele também os leia de vez em quando. A mim dá-me grande prazer lê-los.
Isto tudo a propósito do comentário do zemanel:"só sobra o padre e a colectividade"
A colectividade é evidente mas porque é que a ICAR se mantém em todo o lado?
A religião vive de "almas".
Os políticos e os patrões vivem de outras coisas.
A questão é que após o 25 de Novembro do Ramalho, da riqueza que viria da Europa do Soares e do capitalismo popular do Cavaco todos pensaram que sendo ricos já não era preciso conviver com o vizinho do lado que até andava com o último modelo do renault 5 e no café falava mal de todos os empregados, mal empregados, que não tendo visão não fazem como ele 14 horas de trabalho e não se esforçam pela empresa...
O capitalismo dava tudo e após 1989 não haveria alternativa.
Penso no entanto que pouco a pouco vamos encontrar motivos para nos encontrarmos, convivermos, conversarmos e descobrirmos que o que nos une é mais, bem mais do que o Sócrates e outros que tal vão inventar para nos separar.
Obrigado pelo tempo da leitura.

O Puma disse...

Coletividades populares

grandes universidades da vida

Pata Negra disse...

Por falar em letras pobres
e trovas do povo que passa:

Mesmo no bairro mais rasca
em Poder de desilusão
há sempre alguém que faz marcha
há sempre uma associação.

Um abraço da aldeia

Justine disse...

É bem certa a tua reflexão: as colectividades são às vezes os únicos contactos que as populações têm com a cultura. Daí a sua importância, e a necessidade de as dinamizar. Vamos pensar nisso, pois!

Susete Evaristo disse...

Dizes bem amigo mas talvez porque as Associações estejam mais em contacto com as populações para as apoiar no que às autarquias devia competir. Eu já fui presidente de uma Associação de Moradores, num Bairro de Habitação Social cuja maioria ainda é do IGFSS, embora grande parte já seja pertença dos seus moradores. Hoje sou vice-presidente mas a Autarquia nem uma palavra de apoio nos dá e quando nós tentamos fazer algo e solicitamos a presença de um Vereador, neste caso da CDU pois é a força politica que nos responde, é feito pela Junta um ataque total e insultuoso. Porém a força é grande e não vamos desmoralizar, melhores tempos virão.

Anónimo disse...

Ó João Carlos, não posso estar de acordo contigo, o que faz um bom BLOG, são os assuntos que o bloger propôem, mas os comentários e o diálogo entre nós , tambem são um contributo, saudavel e valioso para que o BLOG seja considerado um BOM BLOG.
Eu não me importo nada que ao espôr um assunto no meu blog, que se estabeleça diálogo entre os comentaristas, penso até que:-essa é a verdadeira função da blogosfera!
Abraço amigo
Agora vou falar com o camarada Samuel, que veio para Almada esteve no Pinhal Novo, não é verdade?
Esteve a 5 minutos do Manangão, podía-mos até tomar um copo, podá-mos, disses-te bem!
Agora só para comentar o ultimo parágrafo do teu post:- os comunistas ainda são dos que aprendem com os seus erros!
Abraço camarada