sábado, 31 de julho de 2010

Processo Freeport – É assim como que uma espécie de bola de cristal...



Afinal parece que as notícias sobre a morte do “Caso Freeport” poderão ter sido muito exageradas. Talvez o sentido “Finalmente!” de José Sócrates, nos telejornais da noite da passada terça-feira, não tenha passado de uma infeliz ilusão de ética... perdão, de óptica. O Freeport estava encerrado por ser de noite... mas assim que amanheceu, “reabriu” com aparato.

Entretanto, a inefável Dra. Cândida Almeida, Procuradora Geral Adjunta, admite reabrir o processo que o Procurador Geral da República não vê razão alguma para reabrir... e sobre as perguntas que, estranhamente, os procuradores quereriam ter feito a José Sócrates mas que alegam não terem tido tempo para fazer, evidentemente não sabe, como ninguém sabe, quais as possíveis respostas que ele daria... mas sabe que «as respostas não alterariam o sentido do despacho dos procuradores titulares do processo, Vítor Magalhães e Paes Faria».

Porra! Porque é que quando esta trapalhada começou, há quase dez anos, não foram logo perguntar tudo à Dra. Cândida Almeida? Com esta fantástica “técnica de investigação” ela teria imediatamente redigido o Despacho de Arquivamento em dez minutos... e pronto!

Eufemismos



Segundo os manuais, eufemismo é uma figura de estilo com que se disfarçam ideias desagradáveis por meio de expressões suaves. Em certas circunstâncias, um eufemismo pode mesmo ser confundido com a ironia, outra figura de estilo, que veicula um significado contrário daquele que deriva da interpretação literal do enunciado. A título de exemplo: «O Primeiro Ministro José Sócrates usou da palavra para responder à deputada dos “Verdes”, Heloísa Apolónia, com a compostura e boa educação com que sempre o faz»… ou ainda, «os jornalistas saíram da conferência de imprensa rendidos à sagacidade, rapidez de raciocínio e dimensão cultural de Cavaco Silva».

Isto dos eufemismos ocorreu-me enquanto via na televisão mais uma das transmissões do Europeu de Atletismo, em Barcelona, onde vários atletas portugueses mais uma vez demonstram, com resultados, que as fortunas que se gastam com o futebol deviam ser muito repensadas. Aí, durante a final feminina de lançamento do disco, fiquei preso ao ecrã, não tanto pelas marcas alcançadas, mas muito mais pela verdadeira festa que as restantes “adversárias” faziam aos melhores lançamentos desta e daquela. Uma, em particular, talvez pela “veterania”, era visivelmente a mais querida entre as “inimigas”, sendo que algumas festejaram a sua talvez inesperada medalha de prata como se a tivessem ganho, cobrindo-a de beijos e abraços.

Manifestações como esta, sendo embora excepções, ocorrem em várias das modalidades, em iguais festejos em que é indisfarçável o respeito e genuína admiração que alguns e algumas atletas têm entre si. É isto o verdadeiro desporto, o verdadeiro “fair play” que, felizmente, ainda se pode desfrutar aqui e ali.

Exactamente o contrário de outras situações em que a palavra desporto já não passa exactamente de um eufemismo tristemente irónico, para retratar fenómenos desagradáveis, como o caso “mafioso” da Fórmula 1, em que os patrões da italiana Ferrari ordenam ao seu piloto, Felipe Massa, que vai na frente da corrida (e na iminência de a ganhar) que abrande, para dar passagem ao outro piloto da Ferrari... que assim vence garbosamente a prova. Parece que ainda há penalização para esta prática, mas não só apareceu imediatamente quem defenda que a penalização deve deixar de existir, pois em primeiro lugar estão os interesses desportivos da equipa, como o facto parece não ter incomodado em nada o piloto, Fernando Alonso, que ganhou a corrida desta forma...

Ou então o caso deste infeliz, aí em cima na fotografia que ilustrava uma notícia, há uns dias, em que para mostrar serviço a quem lhe paga achou normal afirmar publicamente o seu sportinguismo, proclamando-se como antibenfiquista... e continuar a chamar-se director desportivo.

Para que fique claro, acrescento que só a minha total falta de alinhamento com qualquer clube de futebol e até com o próprio fenómeno do futebol, de que não consumo mais do que esporádicos resumos, me permite a ousadia de dar esta “canelada” num director de um grande clube, ainda por cima sendo, segundo a legenda da fotografia, um “ministro” com mão de ferro, senhor de 50 fatos e um Lamborghini amarelo... mas que, pelos vistos, ainda não encontrou uma loja em que se venda recheio decente... nem para os fatos, nem para o carro.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Armando Vara – Armando-nos em trouxas...


("Face Oculta" - O arguido Armando Vara saindo do DIAP de Aveiro - Foto (fragmento) de Ana Jesus Ribeiro)

Segundo leio no Público electrónico, Armando Vara irá ocupar um lugar no empresa Camargo Corrêa, grupo empresarial brasileiro que se tornou o maior accionista da CIMPOR. Isto, pouco tempo depois de se ter demitido do BCP por força do processo “Face Oculta”. Ao que parece, Armando Vara vai ter um papel de destaque nas relações da cimenteira com os mercados de Angola e Moçambique.

Aconteça o que acontecer e contra ventos e marés... a verdade é que estes grandes grupos económicos e os capitalistas que os detêm, parecem não poder passar sem a verdadeiramente ofuscante competência profissional de Armando Vara, gravada a letras de ouro (e muitas notas de 500 Euros) na sua monumental obra feita.

Atendendo a que nada do que está para trás foi até agora minimamente esclarecido... este universal reconhecimento deve ser mais um daqueles casos em que, segundo José Sócrates, “A verdade vem sempre ao de cima!”

Essa é que é essa!

TVI, Jornal de Sexta - É talvez a ventania...



... mas há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho. Então o que terá afinal feito cair o Jornal de Sexta e Manuela Moura Guedes?



Assinale-se ainda o facto de a ERC voltar a condenar a decisão da administração da TVI de, à revelia da direcção de informação do canal, suspender o noticiário conduzido por Manuela Moura Guedes. Pronto… está bem… mas para isso não seria necessário muito. Bastaria conhecer a Lei, no que respeita à comunicação social.

Paralelamente, a ERC concluiu que a Administração da TVI foi «significativamente influenciada pelos Administradores da Media Capital, especialmente os que aí representavam o grupo Prisa» na decisão de suspender o Jornal Nacional de Sexta da TVI. Porém, não dá como demonstrado que essa decisão «tenha sido determinada por interferências do poder político». Pronto, pronto, pronto… está bem!!!

Não sei o que é que este ramalhete de “descobertas” da ERC prova ou deixa de provar, sobre o encerramento do incómodo Jornal de Sexta da TVI e do papel de Sócrates e do Governo do PS nesse “Cala a boca!”… mas, decididamente, deixa-me bastante desconfiado de que alguma coisa não vai lá muito bem nos “cérebros” da ERC.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Caso Freeport – Falta de tempo... falta de tempo... falta de vergonha...



Afinal, o problema é que a investigação estava cheia de coelhos da Alice no País da Maravilhas, sempre com falta de tempo, sempre com muita falta de tempo.

Afinal, o «finalmente!» de José Sócrates, parece mais um «Vamos mas é acabar com esta brincadeira, que já estou farto!»

Afinal, os procuradores tinham muitas coisas para “procurar” ao Sócrates ex ministro do Ambiente e ao seu secretário Rui Gonçalves... mas alguém lhes cortou as vazas, as pernas... e o tempo.

Afinal, não se trata de eu ser, ou não, muito pessimista. Afinal eles estão mesmo a gozar connosco!

Quanto tempo mais é que este infeliz terá cara para se manter no lugar de Primeiro Ministro?

PT – Golden Share e comédia governamental




Chega ao fim um espectáculo digno de saltimbancos de rua com mania que são actores, levado à cena pelo Governo de Sócrates. Principalmente, por terem a pretensão ridícula de que conseguiram enganar alguém com este sketch da “defesa dos interesses estratégicos”, ao mesmo tempo que se preparam para alienar interesses muito mais estratégicos para o país do que era esta participação da Portugal Telecom na brasileira Vivo, como sejam a GALP, a EDP, a REN, os CTT, a TAP, etc.

A Telefónica espanhola venceu por esmagamento, sem ter necessitado sequer de ameaçar com uma OPA hostil. Os especuladores (com Ricardo Salgado, que entretanto não se tinha calado mais desde que o negócio tinha sido interrompido) triunfalmente à cabeça, levaram a sua avante. Agora temos que aturar Zeinal Bava e derivados a tentarem convencer-nos de que ficar, por troca, com um pedacinho da OI é muito bom. Mais ou menos como se dissessem: «Sim, é verdade que vendemos os 10% que tínhamos na Mercedes, na Alemanha, mas em compensação, comprámos 50 pistas de carrinhos de choque que estão espalhadas em vários parques de diversão, desde a Baviera até Rostock».

Faz muito bem quem, para além de denunciar a comédia e o logro, defende que, depois deste fiasco, o mínimo que se exige é que parte desta fortuna seja utilizada para investir aqui e para a PT pagar o que deve... isto, claro, com o que sobrar dos prémios chorudos que os génios responsáveis por este negócio já devem ter reservado para si próprios.

Adenda: Só para lembrar que nada disto pode acontecer em empresas com interesse estratégico para a economia, se o Estado, comportando-se responsavelmente e não como tendeiro de feira, se mantém no controlo dessas empresas, pelo menos numa posição maioritária.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Justiça - Zarolha, lenta e “posta a jeito”



A famosa “mão invisível” que segundo Cavaco Silva coordena tudo o que se passa na nossa sociedade, parece apostada em provar, sabe-se lá para servir que interesses, que não existe Justiça... pelo menos, uma Justiça em que se possa acreditar.

Para além dos extraordinários desfechos de outros casos e processos famosos com que a nossa Justiça nos tem brindado, mais uma vez, o “Processo Casa Pia” volta a tropeçar. Os senhores magistrados descobriram agora, depois de mais de cinco anos e vários anúncios de conclusão, que não será afinal possível transcrever todo o acórdão até ao dia 5 de Agosto, a última data que havia sido anunciada para a leitura das sentenças. Desta vez a coisa fica adiada para o dia 3 de Setembro, exactamente a partir das 9:30. Adorei a exactidão do anúncio! Claro que, como sou um pessimista e desconfiado sem remédio, aposto que só vão começar lá para as 9:45!!!

Agora a sério, esta gente que tem arrastado o processo, magistrados, investigadores, advogados especialistas em incidentes, etc., etc., não terão vergonha deste trabalho miserável? Não terão um pingo de consideração pelas vítimas deste caso, bem como dos prováveis agressores, vítimas ou não, agressores ou não... os quais, seja qual for o conteúdo das sentenças, lidas ao fim de todo este tempo e depois de tais tropeços, já não terão qualquer sensação de que se fez justiça?

Uma “Justiça” assim, abre caminho para o sentimento de impunidade que faz multiplicar a criminalidade e para a vingança... que não poucas vezes se traveste de única justiça tangível.

Freeport - José Sócrates completamente ilibado. Ainda bem... do mal o menos!



Ontem José Sócrates decidiu abrilhantar o nosso jantar. Não foi muito bonito de se ver. Por mais que o Primeiro Ministro começasse com um «finalmente!», afirmando o seu grande contentamento, aquilo pareceu sempre um contentamento descontente, um alívio desconfortável, uma triste alegria... e mais uma meia dúzia destas combinações de palavras aparentemente antagónicas, que fui ali buscar à gaveta dos “oxímoros interessantes para usar um destes dias”.

Não pode ser bom para o ego de ninguém, no caso perfeitamente possível (e desejável) de se estar completa e absolutamente inocente num processo, obter uma “completa ilibação” que chega pelas mãos de uma investigação em que a verdade foi sempre uma miragem, em que a transparência foi um luxo inatingível, em que elementos de (possível) prova foram recusados por razões que, legalmente, podem ser escorreitas, mas que acabaram quase sempre por parecer perigosamente convenientes. É triste ser ilibado por investigadores que, durante a maior parte dos muitos anos que durou a investigação, não investigaram nada... e que depois de voltarem afanosamente a investigar, perante um caso em que um monstro de betão foi construído numa zona protegida, que só foi “desprotegida” na medida exacta que permitisse a sua construção; uma investigação que viu passar de um lado para o outro o “cheiro” a milhões de euros que os promotores do empreendimento, pelos vistos, pagaram, para “facilitar” o andamento da coisa; uma investigação que teve debaixo do nariz gravações que, a serem aceites, levariam a investigação por outros caminhos; uma investigação que, perante as suspeitas de corrupção, de financiamento ilícito de partidos, luvas aqui e acolá, pressões sobre magistrados... chegou a esta indigente acusação de um vago ilícito fiscal e uma mais que duvidosa extorsão, que nunca poderão explicar por onde é que se esfumaram os milhões que os ingleses pagaram. Uma acusação a dois infelizes (Smith & Pedro) que só os deuses sabem o que é que ganham em arcar sozinhos com a fava... se estiverem para aí virados...

De qualquer modo, a involuntária participação de José Sócrates nesta novela parece ter chegado ao fim. Como disse no título, ainda bem!!!

Passamos muito bem sem a vergonha de ter um Primeiro Ministro corrupto. Bem nos bastam as outras extraordinárias “qualidades” com que ele nos brinda diariamente, há anos!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Coração independente - Joana Vasconcelos e Sócrates...



Joana Vasconcelos é uma artista plástica absolutamente na moda. Joana não deixa ninguém indiferente à sua criatividade e à subversão dos materiais do dia a dia que usa para as suas peças, tais como garrafas de plástico, tampões, ou como nesta peça intitulada “Coração Independente”, talheres de plástico. Longe de mim, ter a pretensão de poder classificar ou rotular a obra de Joana Vasconcelos, uma criadora que deixará a sua marca nesta década.

Quem também está a marcar esta década é o “artista de plástico” José Sócrates Pinto de Sousa, o qual – e aqui apenas por decoro – também não vou classificar ou rotular.

Qual é então a grande diferença entre as obras de Joana Vasconcelos e Sócrates? Simples. Se virmos bem, as obras de Joana sempre servem para alguma coisa... e em caso de absoluta emergência e necessidade, podem ser recicladas.

Bispo auxiliar de Lisboa, Sr. Carlos Azevedo – Falar verdade a mentir



Nos últimos dias todos fomos interpelados pelas palavras do Sr. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, palavras amplamente espalhadas e promovidas pelos mais diversos órgãos de comunicação.

Vistas de longe, são belas declarações, carregadas de apelos ao ser humano bom que é suposto existir em todos nós, cheias de críticas ao consumismo cego, ao capitalismo desregulado e selvagem, aos obscenos ordenados de alguns, ao vergonhoso fosso das diferenças sociais.

Por várias razões, muitos dos apelos do Sr. Azevedo, nomeadamente o demagógico pedido para que os políticos (sempre o velado ataque aos políticos!) dessem 20 por cento dos seus ordenados para um fundo de caridadezinha (gerido pela Igreja, certamente...), não tiveram grande aceitação. Houve até quem recusasse este tipo de “proposta”, pelas razões certas.

Vistas de perto, mesmo dando o benefício da dúvida à boa intenção de uma ou outra, lá aparecem os “defeitos”, embora se me parta o coração por ter que “corrigir” a hierarquia da Igreja Católica, carregada de pessoas cheias de cursos superiores e, em muitos casos, ungidas e inspiradas pelo Espírito Santo (e mesmo outros bancos...).

Aqui ficam dois reparos, só a título de exemplo:

1. Diz o Sr. bispo Carlos Azevedo que «a crise é tão grave» que Governo e oposição, patrões e sindicatos devem superar os conflitos «uns com os outros», porque isso «só provoca mais vítimas».

Reparo: É mentira Sr. Azevedo! O senhor sabe muito bem que nas situações de crise não é a carneirada que resolve problemas, mas sim a definição clara das ideias divergentes e de quais as melhores soluções.
É mentira, senhor Azevedo! O senhor sabe muito bem que se não existisse entre patrões e trabalhadores aquilo a que o senhor chama “conflitos”, mas que outros, e muito bem, chamam “luta de classes”, o cenário negro das injustiças, desigualdades e da exploração, seria hoje muitíssimo pior, não só em Portugal, como no resto do mundo.

2. O Sr. Azevedo joga a sempre mediática cartada da obscenidade da ostentação de alguns, perante as evidentes carências de muitos.

Reparo: É demagogia, Sr. Azevedo! É demagogia pura, vinda de uma Igreja que, salvo honrosas, raras e individuais excepções, sempre esteve do lado dos poderosos. Soa muito mal, vindo de gente cujo “patrão” na Terra vive as vinte e quatro horas de cada um dos seus dias como uma ilha de hipocrisia, rodeado, não de água, mas de ouro, por todos os lados, enquanto vai debitando frases piedosas.

À laia de conclusão: Imagine o Sr. Carlos Azevedo quão fantástico seria se, em vez de pedir os donativos de meia dúzia de políticos, a Igreja Católica resolvesse experimentar essa coisa exótica com que aqui na Terra se financiam tantos programas de caracter social, como o Serviço Nacional de Saúde, Pensões, Ensino Público, Cultura, etc., etc., etc... e que se chama pagar impostos!!!

Isso é que era... mas presumo que o senhor não se lembrou disso.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sócrates & Passos – A media luz, Adios muchachos, Volver, Cambalache, El dia que me quieras...



Embora sejam, obviamente, para levar a sério, os ruidosos projectos de viragem à direita proclamados por Pedro Passos Coelho no seu projecto de Revisão Constitucional, ainda não resultaram em nada, a não ser terem possibilitado as hipócritas juras de esquerda e preocupações sociais do seu ex colega de JSD, José Sócrates.

A gritaria ofendida de Sócrates perante os ousados avanços neoliberais do seu parceiro de dança, lembra-me a dançarina que, depois de uma volta mais apertada, protestou afogueada e visivelmente “ofendida”:

- Tens meia hora para desencostar isso daí... senão...

Ramos Horta – Como fazer inimigos em apenas 160 caracteres



Tal como outros ingénuos, andei durante algum tempo convencido de que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) se tratava de uma comunidade de países de língua portuguesa. É no que dá chegar a conclusões precipitadas! Afinal, na vida real, pode não ser assim. Ao que parece, sempre que há negócios no horizonte e, sobretudo, se esses negócios cheirarem a petróleo, gás natural, etc., as siglas... ganham muita elasticidade.

Dentro deste espírito elástico, Ramos Horta, o mui viajado Presidente de Timor Leste, acha mesmo que países como a Austrália e a Indonésia, deviam entrar para a CPLP. Não porque tenha favores pessoais e políticos a pagar àqueles dois países, não senhor!!!, é porque faz imenso sentido, como toda a gente pode ver...

Seria ocioso ficar para aqui a listar as razões que me fazem não gostar de Ramos Horta, desde o tempo em que ele se pavoneava por todo o mundo, alertando para a causa de Timor (o que foi um trabalho positivo) ao mesmo tempo que “alertava” para a sua enorme vontade de chegar às Nações Unidas... o que não se deu. Confesso que por várias vezes me senti algo solitário neste “desgostar” em relação a Ramos Horta, mas isso está definitivamente ultrapassado. Ele próprio se encarregou de me arranjar uns milhões de “compañeros” falantes da língua de Cervantes (assim eles lessem isto...), quando para defender a entrada da Guiné Equatorial na CPLP, produziu esta fantástica (e fluente) frase:


Pode não ser uma frase com grande profundidade, mas revela uma profunda… sei lá… agora não me ocorre…

domingo, 25 de julho de 2010

Grau a grau enche a galinha o papo!



Hoje passou-se por aqui um belo dia. Não há nada melhor para refrescar as ideias do que ver o mercúrio subir acima dos 40 graus.
Claro que para quem gosta de experimentar pela primeira vez estrelar ovos em cima do capot do carro... é muito divertido.

Aguaviva – Porque faz bem ouvir...



A minha proposta musical de hoje é um mergulho no passado, mais exactamente, ao princípio dos anos setenta do Século XX. Qualquer tentativa de alindar esta proposta com grandes “testemunhos” e adjectivos seria inútil. Primeiro, porque a maioria de vós tem estas músicas na memória, tanto quanto eu. Segundo, porque os poetas são Rafael Alberti e Blas de Otero… e não há nada que eu possa acrescentar a isso. Terceiro, porque quem canta é o grupo “Aguaviva”, que foi (digo eu…) o melhor grupo musical de Espanha… até onde eu me lembro.

Fiquem com estas duas grandes canções, em que as palavras originais dos poetas sofreram ligeiras adaptações, para melhor se casarem com as melodias... e se tiverem a minha idade, regressem aos nossos vinte e poucos anos.

Bom domingo!


En el principio (Me queda la palabra)
(Blas de Otero)

Si he perdido la vida, el tiempo, todo
lo que tiré, como un anillo, al agua,
si he perdido la voz en la maleza,
me queda la palabra.
Si he sufrido la sed, el hambre, todo
lo que era mío y resultó ser nada,
si he segado las sombras en silencio,
me queda la palabra.
Si abrí los labios para ver el rostro
puro y terrible de mi patria,
si abrí los labios hasta desgarrármelos,
me queda la palabra.


Balada para los poetas Andaluces de hoy
(Rafael Alberti)
¿Qué cantan los poetas andaluces de ahora?

¿Qué miran los poetas andaluces de ahora?

¿Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

Cantan con voz de hombre, ¿pero donde están los hombres?

con ojos de hombre miran, ¿pero donde los hombres?

con pecho de hombre sienten, ¿pero donde los hombres?

Cantan, y cuando cantan parece que están solos.

Miran, y cuando miran parece que están solos.

Sienten, y cuando sienten parecen que están solos.

¿Es que ya Andalucia se ha quedado sin nadie?

¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?

¿Qué en los mares y campos andaluces no hay nadie?

¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta?

¿Quién mire al corazón sin muros del poeta?

¿Tantas cosas han muerto que no hay más que el poeta?

Cantad alto. Oireis que oyen otros oidos.

Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.

Latid alto. Sabreis que palpita otra sangre.

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo.

encerrado. su canto asciende a más profundo

cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres.


“Me queda la palabra (En el principio)” – Aguaviva
(Blas de Otero/Aguaviva)



“Poetas andaluces de ahora” – Aguaviva
(Rafael Alberti/Aguaviva)

sábado, 24 de julho de 2010

Salazar – Fantasma pendular



De tempos a tempos, qualquer coisa na conjuntura política ou social do nosso país, convence os fascistas, saudosistas do fascismo... e os seus sucedâneos, de que está na altura de fazer mais uma campanha de “lavagem” e promoção de António de Oliveira Salazar, o bandalho que governou Portugal durante 48 anos do século passado, até pouco antes do 25 de Abril, quando os seus seguidores foram apeados pacificamente... e infelizmente, sem arcarem com as consequências dos seus crimes.

Esta semana, pelos vistos, é mais uma dessas alturas. A revista “Sábado” dedica-lhe a capa e desencantou mais umas minudências sobre o criminoso ditador (que não li). Ao mesmo tempo, as televisões têm repetido como papagaios uma notícia vinda da “Bloomberg”, apenas aqui e ali se vislumbrando um lampejo de sentido crítico... talvez um vago rebate de consciência.

Resumindo, a “Bloomberg” decretou que Salazar foi um grande investidor, quiçá o melhor que Portugal já teve. Isto, basicamente, por ter acumulado enormes quantidades do ouro, por troca com conservas e, principalmente, volfrâmio. Alguns dos papagueadores da notícia até especificam qual a época a que se refere esta fúria amealhadora de Salazar... mas desgraçadamente, esquecem-se de que todo esse ouro não alterou em nada a cinzenta e pesada miséria do país. Esqucem-se igualmente de dizer que a maior parte desse ouro foi arrebanhado durante a 2ª Guerra Mundial e veio das mãos sujas de sangue dos nazis, que o roubaram aos judeus, sendo que o mais macabro é saber-se que muito do ouro não saiu de cofres de bancos, antes foi proveniente de anéis, cordões, pulseiras, relógios, etc., até mesmo dos dentes, retirados aos milhões de vítimas, homens, mulheres e crianças, que Hitler enviou para os campos de extermínio.

Claro que por detrás de uma organização está sempre alguém e a “Bloomberg”, organização inteiramente dedicada à religião do dinheiro, com canal de televisão próprio e “missas” todo o dia, não é excepção. Quem está então no topo desta “Bloomberg”? O fundador, Michael Bloomberg, um escroque estadunidense que para além desta “missão” ao serviço do “deus capital”, decidiu igualmente ser político. Para isso, ele que tinha toda a vida andado pelas águas do Partido Democrata, “tornou-se republicano” e foi por esse partido que “adquiriu” o lugar de Mayor da cidade de Nova Iorque. Já por três veses. De todas as vezes investiu nisso várias dezenas de milhões de dólares da sua fortuna pessoal (a oitava dos EUA) tal o grande interesse em ocupar o lugar, função que vai equilibrando com a avalanche de escândalos e processos por assédio sexual a assalariadas (e assalariados).

E perguntam vocês, “ó Samuel, e o que é que este Michael Bloomberg tem de especial para lhe dedicares tanta atenção, já que está visto ser uma pouca de merda igual a tantas outras?”

Simples. O elogio de Salazar, parceiro de negócios de Hitler e agora “promovido a grande investidor” é particularmente asqueroso por vir de uma organização e de um homem neto de imigrantes que, nos idos de 1900 foram para os EUA fazer pela vida.

Ah... esquecia-me... eram judeus!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Isabel Alçada, escola fechada! *





Como o “Cravo de Abril” demontra neste texto, os nobres e patrióticos objectivos do Governo de Sócrates quanto ao ensino, a saber (entre outras coisas), poupar uns cobres e transformar milhares de crianças numa espécie de excursionistas forçados e sonolentos, percorrendo todos os meses milhares de quilómetros de caminhos que ligam as suas pequenas terras às localidades onde serão empilhados em grandes escolas superlotadas... vão de vento em popa. De 500 escolas para destruir, passámos a 701!


Ocorrem-me três comentários:

1. De Sócrates e do seu historial académico, não seria de esperar um grande apego ao ensino.

2. De Isabel Alçada, pelos vistos, é melhor não esperar coisa nenhuma.

3. Enquanto quase todos os países fazem por ter um nível de ensino elevado, nós contentamo-nos em ter um ensino... “alçado”.


* Novo ditado popular

Todos louros, de olhos azuis... e magros! Schnell!!! Schnell!!!



Os neoliberais não cessam de surpreender... quase sempre pelas piores razões. No caso de que falo hoje trata-se de um alemão, do Partido alegadamente Cristão e nada Democrata... que entre outras coisas, serve apenas para conspurcar a sigla CDU.

Um deputado daquele partido germânico, Marco Wanderwitz, decidiu que está na hora de criar um novo imposto a ser pago pelos obesos. Segundo ele «é preciso discutir se os custos avultados que resultam de uma alimentação excessiva devem ser assumidos a longo prazo pelo sistema de saúde».

Esquece-se a besta de que, para além do carácter genericamente nazi da sua ideia, uma boa parte dos obesos não ficam doentes por serem gordos, antes pelo contrário, ficam gordos por serem doentes.

Aí temos mais um “tique” fascista... e mais uma vez de carácter “sanitário”. Começou com a demencial perseguição aos fumadores... e quase ninguém se importou, porque os fumadores são uns chatos que merecem morrer; segue agora com a perseguição aos gordos – já existem companhias aéreas a barrar o acesso aos gordos... a menos que paguem dois bilhetes, para além da descarada discriminação no mercado de trabalho – coisa que deixa os magros divididos entre a indiferença e o vago divertimento; a lista do que poderá seguir-se nas higiénicas mentes dos fascistas da saúde e guardiões dos costumes é vasta.

Talvez seja altura de tanto os fumadores, como os gordos, como outros doentes crónicos atacados de maleitas que possam delapidar o erário público, começarem a ser taxados com antecedência... para ajudar a financiar os novos campos de extermínio, o transporte em vagão, os fornos, o gás...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Défice Público - Para tudo é preciso ter lata



O Sérgio Ribeiro, como é seu “dever profissional”, comenta a sério e bem as desculpas e justificações que o Governo dá para o aumento do défice público. Dizem eles que é “derivado” ao grande aumento de despesas... o que parece não ter convencido Sérgio por aí além.

Eu ouvi antes a notícia na televisão e não só não fiquei convencido por aí além, como, confesso, ri com vontade. É que uma das razões que o Governo dá para o tal grande aumento das despesas é a devolução do IRS aos contribuintes. Posso estar a ser muito burro, mas pelo que parece, para o Ministério das Finanças, devolver aos cidadãos o dinheiro que tinha lá, retido, em excesso, há meses e meses... é uma despesa!!!

Quero ver a cara do chefe das Finanças aqui da terra, quando para o ano que vem eu tentar convencê-lo de que «um dinheiro que tinha cá em casa, que um amigo me tinha entregue a mais para pagar uma coisa (que agora não interessa nada)... e que eu levei meses até, finalmente, devolver»... é uma despesa.

Será que chora? Será que ri? Será que chora de tanto rir na minha cara?

O fascismo económico



Enquanto existir em Portugal um euro da Segurança Social que ainda não tenha ido parar aos bolsos dos bancos e seguradoras privadas e aos seus “Fundos de Pensões” com que jogam diariamente o futuro de milhões de trabalhadores; enquanto o filão dos cuidados de saúde e do ensino não estiverem nas mãos dos privados; enquanto existir em Portugal um resquício de recurso, de bem público, de independência energética ou alimentar, que ainda esteja na posse do Estado, a “nova ordem mundial” neoliberal, essa espécie de fascismo económico que assola o mundo, não nos dará um dia de descanso.

O cerco está montado. A tropa de choque a postos. Todos os dias chega mais um aperto de mais uma qualquer agência de rating, mais um qualquer teste de stress para os bancos, mais aumentos dos juros que o Estado tem que pagar para se financiar, mais ameaças do FMI. Todos os dias chegam notícias da capitulação dos dirigentes políticos europeus perante a prepotência de figuras como Angela Merkel, que vai intercalando exigências de sacrifícios, com “elogios” pelos esforços efectuados, seguidos de novas exigências de mais sacrifícios.

Enquanto por cá, Governo e PSD fazem o que podem para lançar fumo sobre a situação, recorrendo às mais variadas manobras de diversão, sob a capa mentirosa da “democracia”, avança, inexorável, o fascismo económico... PEC ante PEC... pela calada.

"Eles não sabem, nem sonham..." mas não passarão!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Os “serial” legisladores



Não há “serial killers” bons! Os “assassinos em série” são assassinos como todos os assassinos... só que matam muito mais pessoas. De entre os vários “perfis” de assassinos em série, um dos mais inquietantes é o daquele que decide matar 10, ou 15, ou 20 pessoas, sem razão nenhuma, escolhidas perfeitamente ao acaso... apenas para poder, pelo meio, disfarçar o assassínio de uma única pessoa que realmente pretende matar.

O PS e o PSD, com alguns contributos do CDS, já nos habituaram, ao longo de muitos anos a, sempre que ocupam o poder, brindarem o país com verdadeiras girândolas de medidas, normas, posturas, decretos e leis, as quais em muitos casos servem apenas para fazer passar despercebidas aquelas duas ou três leis “feitas por medida” para servir um ou uns tantos amigos... ou para atacar um ou outro adversário.

Pelo meio do estreloiçar do foguetório a propósito da Revisão Constitucional, leio esta notícia sobre a pretensão do PSD de dar aos empresários multados, ou punidos de qualquer outra forma pelas entidades reguladoras dos mercados e da actividade empresarial, mais meios para se “protegerem” dessas punições. Pretendem que esses meios sejam equivalentes aos que os vários tribunais e o sistema judicial concedem aos arguidos. Veríamos então, a partir daqui e ainda mais do que já vemos, uma multa ou qualquer outro “reparo” por parte, por exemplo, da CMVV, a uma empresa cotada na Bolsa, que tivesse cometido alguma das falcatruas em que são useiras e vezeiras, ter a possibilidade de arregimentar meios e advogados, eternamente, para cavalgar de recurso em recurso, de incidente em incidente, até o processo ter tantos milhares de páginas como milhares de dias... e acabar por esfumar-se no ar, como tantas vezes acontece.

Não consigo deixar de ficar a perguntar-me: Quem será, ou quem serão os amigos e clientes de Passos Coelho e do PPD-PSD que estarão em apuros com um qualquer “regulador” e a necessitar urgentemente de “protecção”?

Passos Coelho – Romagem ao passado



Pagando pela descarada traição aos seus próprios eleitores o PS perdeu a maioria absoluta nas últimas eleições. Se continuar pelo mesmo caminho – e não se vê como poderá alterá-lo, com este Secretário Geral e este Governo – no próximo acto eleitoral a sangria de votos continuará, o que o fará perder o poder.

Entra em cena o recém-empossado Pedro Passos Coelho, presidente do outro partido “numeroso” do panorama político nacional. Mesmo atendendo a que uma boa parte do trabalho sujo já foi feito pelo executivo de Sócrates, não serão tempos fáceis, aqueles que se aproximam. Desengane-se quem pensa em Passos Coelho como sendo um rapaz simpático com voz de locutor (piroso) de rádio de local. Não! Por detrás daquele ar de manequim de montra da Rua dos Fanqueiros, daquela expressão vazia em que apenas se destaca o tique afectado e irritante das “boquinhas”, enquanto fala, está um oportunista ambicioso que planeia este momento já desde os bancos da escola e da JSD.

Passos Coelho, na sua ânsia de agradar à velha escola mais conservadora do seu partido, quer mostrar-se tão amante de Sá Carneiro, que pretende fazer regressar o país exactamente aos tempos da juventude de Sá Carneiro, ao Estado Novo, eufemismo normalmente utilizado para nomear o fascismo português.

Nesta questão da revisão da Constituição da República Portuguesa, até o facto de a apresentar completamente fora de tempo, mostra, no entanto, que para já está apenas à pesca de reacções. Está a medir o pulso ao sentir da “rua” e dos partidos da esquerda, incluindo o que resta de esquerda no Partido Socialista. Aí temos, para o provar, esta revoada de “propostas”, chocantes até para alguns dos membros do seu partido. Cenouras, para um patronato inculto e sem vergonha, que não vê outra saída para a (sua) crise, senão a exploração desenfreada dos seus “colaboradores”. Puras provocações, para quase todo o resto da sociedade. Em termos globais, um retrocesso civilizacional cozinhado por um grupo liderado, ironicamente, por um monárquico, o calhordas Paulo Teixeira Pinto, corrido do BCP por incompetência... (embora com os bolsos recheados de milhões) e que foi o melhor que Coelho imaginou como cérebro para estudar a revisão da Constituição da República.

Sobre cada uma das “propostas” do PPD-PSD, como, por exemplo, a fúria privatizadora – que pelos vistos o PS não conseguiu satisfazer na totalidade – em sectores como o ensino, a saúde, ou o que resta do sector público da economia, vamos ouvir falar muita gente nos próximos dias. Interessará estar atento e ouvir... de preferência quem sabe o que diz e diz a verdade. Quem tenha dado provas de não querer enganar e trair os portugueses.

Por mim, estou convencido de que o caminho ascendente que Passos Coelho e o PSD vinham fazendo, foi interrompido, ou pelo menos, desacelerado, por este ruidoso tiro no pé. Passos Coelho mostrou que, mesmo sendo inegavelmente ambicioso, é também algo estúpido. O facto de andar já a multiplicar-se em "explicações" e "ponderações", talvez mostre que até ele já o percebeu.

Quem, sem ser por estupidez, acha que atrai eleitorado, obrigando uma grande fatia da população a passar pela humilhação de ter que fazer prova de pobreza nos Centros de Saúde, para que lhe seja concedido o direito a um tratamento... isto quando uma grande parte desses “novos pobres” ainda nem é sequer capaz de assumir a sua situação?

Quem, sem ser por enorme estupidez, acha que o momento em que existe em Portugal um número de desempregados que já ultrapassa em muito os 600.000... e que não pára de crescer, é a oportunidade ideal para “legalizar” os despedimentos individuais por dá cá aquela palha?

Resumindo, se Passos Coelho está "à pesca", a medir o pulso à capacidade de resposta dos trabalhadores e do povo em geral, espero que tenha prontamente essa resposta: clara, sonora, em cheio no meio da cara!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Bestiário



Embora haja quem defenda que “bestiário” é o local onde certos jogadores de futebol se equipam, a verdade é que os dicionários sérios... e até a Wikipedia, não é isso que dizem. Já para mim, "Bestiário" será sempre o extraordinário livro de Júlio Cortázar, que um certo José Afonso me deu a ler nos idos de 1972.

Num registo muito mais actual e terra-a-terra, sempre que leio a palavra “bestiário” não consigo evitar pensar no nosso inefável Governo... a saber:

Alguns ministros são arraçados de alforreca. Por exemplo, os do Ambiente, Justiça, ou Agricultura, que embora façam mal... são praticamente invisíveis.

Outros são ostensivamente arraçados de caranguejo. Nada mais pode explicar os constantes recuos de ministros como o pobre António Mendonça das Obras Públicas e o seu TGV, terceira travessia do Tejo, portagens nas SCUT, etc., etc.; da singela e artística Gabriela Canavilhas e os financiamentos da Cultura; da finíssima Isabel Alçada e as suas medidas na Educação... ou da inexplicável Helena André, ministra do quase inexistente Trabalho e da alegada Solidariedade Social, em praticamente tudo o que faz, culminando na sua última trapalhada com os vencimentos dos trabalhadores da Função Pública.

Uma excepção, evidentemente, é o peculiar primeiro ministro Sócrates. Esse deve ser arraçado de cabeleireiro ou barbeiro, já que, seja qual for o problema que se apresente, a sua ideia de solução é, invariavelmente, contar estórias e fazer cortes.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A fina delicadeza da negociação, a excelência do diálogo...



Que se conforme a sempre tão bem falante senhora Isabel Alçada, ministra da Educação e me desculpe o António Abreu do “Antreus”, a quem surripiei descaradamente esta imagem (da autoria de Henrique Monteiro - "Henricartoon")... mas achei que ajudar à maior divulgação deste “cartoon” é tão, ou mais importante, do que os vários “abaixo assinados” em que tenho posto o meu nome, para que os cachopos das nossas escolas mais pequenas não fiquem com a vida feita num inferno, sobretudo nos casos em que isso apenas queira dizer que o Ministério poupará uns trocos...

Paulo Portas - A culpa poderá morrer solteira... mas sempre foi muito promíscua



Na fotografia podemos ver o dirigente do CDS e ex Ministro da Defesa (e do mar) quando há tempos foi condecorado por bons serviços prestados ao Império, pelo assassino e corrupto aproveitador de crimes de guerra, Donald Rumsfeld, um dos braços direitos de George Bush (sim... Bush só tinha braços direitos! Vários).

Paulo Portas está com saudades do poder, anseia por voltar ao ambiente dos ministérios. Anseia tão ostensivamente... que até parece que, na verdade, se esqueceu de fazer algumas fotocópias importantes, ou necessita urgentemente de resolver algum assunto que tenha por lá ficado, pendente, na negociata dos submarinos.

Paulo Portas não anda bem! Como já mais do que um analista sublinhou, sempre que Portas e o CDS descem nas sondagens, ele sente uma súbita necessidade de questionar a segurança, questionar a imigração, agitar o medo... de tal maneira que por vezes temo que um dia se resolva a fazer como o louco brasileiro, apresentador e autor de um programa de televisão sensacionalista, de “combate” à criminalidade, que, na falta de crimes reais, patrocinava criminosos que, por encomenda, cometiam assassínios, raptos e assaltos, de forma a que o seu programa tivesse a cobertura exclusiva, em cima da hora... e melhor “combatesse” o crime ao vivo e em directo.

Paulo Portas é também exímio em frases “de belo efeito”, uma coisa que praticamente só se usa no futebol... mas nos “gestos técnicos”. Neste debate sobre o Estado da Nação, não se aguentou e lá produziu a “proposta” idiótica de se formar um governo sem recurso a eleições, com uma composição política completamente contrária ao sentido dos votos expressos no último acto eleitoral. Conseguiu o seu propósito: nos dias que se seguiram, só se falou da sua “proposta”. Isto leva-me ao caso de que quero, na verdade, falar hoje.

No dia seguinte ao debate no Parlamento, decorria na RTP-N uma rubrica chamada “Vice-Versa”, de que não sei se alguma vez percebi o “vice”, mas seguramente não vi o “versa”... abrilhantado pela senhora Manuela Arcanjo e o senhor Bagão Félix, ambos economistas, moderada e apresentada pelo jornalista João Adelino Faria. A certa altura do “debate”, o apresentador pergunta a Bagão Félix: «O senhor acha que a oposição está a fazer a sua obrigação? Quero dizer, acha que o PSD e o CDS-PP estão a apresentar propostas... ...?» Ainda pensei que a ligeira pausa era para respirar e depois acrescentar os restantes partidos da oposição, mas não. Era mesmo para que Bagão começasse a responder.

E pronto! De uma assentada, o jornalista apagou do panorama político e partidário 20 por cento de eleitores que efectivamente se empenharam e votaram. Assim se ajuda a construir o embuste em que assenta a actividade política dominante. Assim se “vende” o cenário da alternância... mas sempre entre os mesmos.

Ninguém, ou quase ninguém, está isento de culpas nesta estória feita de alheamento colectivo, alienação e lento regresso ao passado. Não há, portanto, ninguém, com a exclusividade da responsabilidade. Mesmo assim, gostaria de um dia poder perceber quanto do desmoronamento da nossa democracia se deve exactamente a esta espécie de jornalismo merdoso, preguiçoso e ignorante... quando não é mesmo corrompido e cúmplice.

domingo, 18 de julho de 2010

Marisa Monte – Um samba sobre o infinito...



Quem frequenta esta casa assiduamente já terá percebido que a “carioca” Marisa Monte entra e sai quando quer e é sempre aqui bem recebida. Merecidamente! É uma das intérpretes mais interessantes da actual música popular brasileira.

Há tempos, num “magazine cultural” de um canal de televisão portuguesa, uma das apresentadoras do programa, ao anunciar um concerto ao vivo da Marisa Monte, em Portugal, terminou mais ou menos assim: “Bom... não se pode dizer que tenha ficado a dever muito à beleza... mas vala a pena ir assistir!”

Confesso que raramente terei ouvido um comentário mais machista, mesmo misógino, agravado pelo facto de ser feito por uma mulher. Insultuoso, por fazer, de alguma maneira, depender a apreciação de uma cantora da sua beleza física. Profundamente imbecil, pois basta ver uma fotografia da Marisa Monte para constatar a vasta estupidez do comentário.

Resultado: a partir desse dia, num acto de solidariedade artística e evidente justiça, ficou estabelecido aqui em casa que a Marisa Monte é a segunda mais bonita cantora do mundo (a primeira... não vem aqui ao caso).

Bom domingo!

“Para ver as meninas” – Marisa Monte
(Paulinho da Viola)

sábado, 17 de julho de 2010

Será pedir muito?



A propósito da pressão europeia para que a idade da reforma avance para os 67 anos de idade... e mais tarde, mesmo para os 70, resolvi “comentar”, surripiando indecentemente este cartoon ao “As palavras são armas”, que escreveu sobre o assunto.

Dei-lhe apenas uns retoques de Photoshop, nomeadamente para o traduzir do original castelhano, para português.

Boa continuação de fim de semana!

Claude Francois, José Sócrates... e a electrónica



Claude Francois foi um jovem egípcio nascido em 1938, que acabou por se transformar num famosíssimo cantor popular francês. Estávamos nos anos sessenta do Século XX e, no meio da explosão de novidades, liberdades e criatividade artística, que assolou a França e o Reino Unido (para ficar pelos principais), os jovens da Espanha e Portugal foram-se ficando por algumas notícias filtradas pela censura e um ou outro disco mais ousado... mas esses, trazidos em mão.

No meio dessa “revolução” artística e de costumes, Claude Francois foi uma espécie de precursor da música “pimba” com grandes meios técnicos, com as inesquecíveis “Claudettes” dançando obcessivamente tudo o que ele cantava, enquanto ele cantava. É justo dizer que aqui e ali se safou uma ou outra das suas cantigas, como foi o caso da conhecida “Comme d’habitude”, que de qualquer modo só foi verdadeiramente famosa quando a sua versão em inglês, escrita por Paul Anka, tomou o mundo de assalto, na voz do pequeno mafioso e grande, grande cantor, Frank Sinatra.

É verdade. O super êxito “My way” é, afinal, uma cantiga francesa que teve como co-autor, tanto na letra, como na música, Claude Francois, sendo os outros co-autores, Jacques Revaux, na música e Gilles Thibaut, na letra.

Depois, em 1978, confirmando que, na vida real, não era propriamente uma grande inteligência, foi tomar banho dentro da uma banheira, aproveitou para ao mesmo tempo secar o cabelo com um secador eléctrico... que escorregou para dentro da dita banheira e o electrocutou fatalmente.

E perguntam vocês: ó Samuel! Estás com os copos? Que raio é que o Claude Francois está a fazer aqui?

Nada! Só que enquanto lia este bem disposto texto que o Sérgio Ribeiro me aconselhou, onde, entre outras coisas, se diz que um dos maiores orgulhos de José Sócrates é o facto de Portugal estar em primeiro lugar no que toca ao “Governo Electrónico”... não resisti a ficar p’ráqui a divagar, pensando como seria bom para tanta gente se José Sócrates , na próxima vez em que fosse tomar o seu banho de imersão, resolvesse levar consigo o seu tão amado “Governo Electrónico”... e ppfffssschhhhhhhhhhhhhhhh...

...mas já estou muito arrependido de ter pensado uma coisa tão feia e verdadeiramente “chocante”!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Barack Obama & George Bush – Apenas mudou a embalagem



Os afegãos em idade adulta, ou mesmo os mais jovens, poderão ter como certo que já não será no decurso da sua vida que verão o Afeganistão livre das tropas de ocupação, desde que foi divulgada a existência de ferro, ouro, lítio, cobre, etc., etc., em quantidades astronómicas e no valor de milhares de milhares de milhões de dólares.

O mesmo podem esperar os cidadãos do Iraque, pelo menos enquanto ainda houver por lá o que explorar, tanto nas jazidas de petróleo, como no multimilionário negócio da “reconstrução” que empresas norte-americanas dividem entre si... sendo que algumas pertencem a alguns dos responsáveis pela destruição que justifica esta “reconstrução”.

É perfeitamente claro, menos para quem se recusar a ver, que o golpe militar fascista nas Honduras, está coberto de impressões digitais da CIA e dos falcões do Pentágono, que desenharam o golpe em conluio com a estrema direita hondurenha e com o apoio financeiro dos grandes proprietários locais e os ainda maiores proprietários de empresas norte-americanas naquele país.

Ninguém engole a justificação de luta contra o narcotráfico e questões de segurança com que os EUA “explicam” a verdadeira ocupação militar da Costa Rica, com milhares de marines, helicópteros e navios... alegadamente a pedido da "presidenta", uma "socialista" muito chegada à CIA... uma estirpe de "socialista" que nós bem conhecemos em Portugal. Isto a juntar à fortíssima presença militar na Colômbia, com várias bases militares, o apoio incondicional ao assassino Álvaro Uribe, até há poucos dias no poder, a crescente arrogância com que tratam a América Latina como sendo o seu quintal e a agressão constante aos países que, legitimamente, o não permitem.

Entretanto, as movimentações provocatórias e ameaçadoras, no Golfo Pérsico, continuam.

Entretanto, o apoio incondicional aos ultras israelitas, nunca é posto em causa.

E porquê, perguntar-se-á, publicar aqui esta lista de factos mais do que conhecidos? Porque cada vez me é mais difícil entender os ingénuos que andaram e andam a aclamar Barack Obama. Falo apenas dos ingénuos, porque aos que de forma consciente apoiam esta política externa dos EUA, pouco tenho a dizer.

Quando chegará o dia em que a maioria desses ingénuos acabe por descobrir que George Bush e Barack Obama, tirando algumas nuances de estilo e discurso, são apenas embalagens da mesma mercadoria?

Antes que algum comentador me venha lembrar que Obama é “democrata” (o que nos EUA, por vezes, significa ser mais reaccionário do que os nossos mais convictos militantes do CDS), que produz belíssimos discursos e pertence a uma minoria étnica, historicamente oprimida e explorada... eu respondo que vá dizer tudo isso às vítimas inocentes que diariamente morrem às mãos do exército dos EUA e aos povos que, um pouco por todo o mundo, vêem a sua soberania escarnecida e as suas riquezas roubadas e a saírem dos seus países nos bolsos dos “amigos americanos”.

O estado da danação



Como reacção ao que vi no Parlamento durante uma boa parte da tarde de ontem, resolvi ir à gaveta buscar esta fotografia de um excelente expositor de livros... isto porque quando a vi pela primeira vez, me lembrou o “nosso” primeiro ministro Sócrates.

Sócrates. Portador de um nome antigo e respeitado... mas numa “edição” de uma qualidade miserável!

É já insuportável ver a postura daquela inexplicável fraude, daquele monumental embuste, que enquanto vai sendo atingido por verdades como punhos, vindas de todo o lado, tenta afivelar na cara aquilo que ainda pretende ser um sorriso escarninho... mas que não passa já de uma máscara odienta, de alguém que cortou todas as amarras com a realidade presente ou com qualquer realidade futura.

Não, não apoio o desafio de Paulo Portas para que Sócrates se demita. Primeiro, porque nunca apoiarei nada do que Portas diz; segundo, porque quero vê-lo a ser escorraçado!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ideias que valem ouro



Está decidido! Resolvi dar uma entrevista de várias páginas à revista “Rolling Stone” e mais quatro ou cinco revistas e outros tantos jornais dos mais dedicados a estas coisas das cantigas. Farei também a gravação de um concerto acústico para a “MTV” e outro para o canal “Mezzo”.

E pronto! Agora só me falta “convencer” umas empresas públicas e outras, participadas pelo Estado, a pagarem a peso de ouro alguém, em todas estas revistas, jornais e canais de televisão, para que tenham um súbito e grande interesse em “convidar-me”.

Deve resultar. Pelo menos, ao que parece, resultou com a entrevista de José Sócrates ao “Financial Times”... entrevista em que, independentemente da possível polémica com os “patrocínios”, ou o facto de haver quem ache que a entrevista não passa do exemplo de como «abdicar dos interesses nacionais», os jornalistas do poderoso jornal com sede no Reino Unido, não sei se a sério, se a gozar com ele, classificaram o político português como um «optimista invertebr... perdão!, inveterado».

Não vou parafrasear Sócrates (quando na entrevista desafia a que se aponte outro país em que se tenham feito mais reformas) para vos pedir que me apontem algum outro país com governantes deste calibre... pois, desgraçadamente, há muitos, como mostra claramente o avanço da injustiça, da exploração e da miséria por esse mundo fora.

José Saramago... e os autarcas rastejantes



Não, minhas amigas e amigos, nos tempos mais próximos não vereis uma placa como esta em rua alguma da cidade do Porto. Esta placa não passa de uma fantasia minha e de uns minutos de “clicks” no Photoshop.

Esta placa, ou pelo menos uma parecida, foi igualmente uma ideia bonita da CDU no Porto. Passaram a ideia a projecto, levaram-na ao Executivo da Câmara e propuseram a atribuição do nome “José Saramago” a uma rua da cidade. Nada feito! Apesar de os autarcas do PS (menos um, que se encolheu) terem votado favoravelmente a proposta da CDU, esta foi liminarmente chumbada pelos votos contra de todos os autarcas do PPD-PSD e do CDS-PP, com o mentecapto que dá pelo nome de Rui Rio à frente.

Esta nova agressão gratuita e revanchista ao escritor é mais uma vergonha para o país, para a bela cidade do Porto e para os restantes dirigentes e militantes medianamente alfabetizados daqueles dois partidos de direita.

Agora, em condições normais, eu ficaria aqui a “arejar” uns tantos adjectivos conhecidos, quem sabe, até inventaria um ou outro... mas francamente, perante uma coisa assim, nem pachorra tenho!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cristiano Ronaldo – O menino de ouro



Cristiano Ronaldo é um menino de ouro! Para além de valer já bem mais do que o seu peso, no dito, adora (e faz muito bem!) cobrir a mãe de presentes. Compra-lhe roupas de altíssimo gabarito, oferece-lhe automóveis de centenas de milhares de Euros, instala-a em (sucessivas) casas milionárias, da Madeira ao Algarve...

Quiçá, farta de usar roupa desportiva que lhe fica mal, cansada de tanto carrão que mal consegue conduzir, esfalfada de tanto tentar usar as casas todas ao mesmo tempo... Dona Dolores Aveiro terá desabafado que o que mais gostaria era que ele lhe “desse” era um netinho.

A ser verdade o que por aí corre e que ninguém se dá ao trabalho de desmentir, nomeadamente em relação ao facto de Ronaldo ter recorrido a uma “barriga de aluguer” e aos números envolvidos no negócio... se bem a Dona Dolores o disse, melhor o seu menino de ouro o fez: foi “comprar” um filho... e deu-o à mãe, para ela se entreter.

O inegável talento do jogador deveria, urgentemente, ser acompanhado por algumas pessoas com dois dedos de testa... sob pena de o vermos acabar como tantos outros antes dele, também cheios de talento (Garrincha, Vítor Batista, etc., etc., etc... mesmo o Maradona...).

Claro que posso estar enganado e, portanto, a ser injusto para com o “nosso” menino de ouro. A ser assim e já que estamos no universo do futebol, cito de memória um jornalista do jornal “A bola”, cujo nome não me ocorre:

«Os leitores farão o favor de desculpar este erro verdadeiramente indesculpável».

Israel - Valentia a toda a prova



Enquanto vamos sabendo que mais um barco foi impedido de levar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, desta vez, felizmente, sem o recurso à violência por parte do exército “fascistóide” de Israel, enquanto a política de assassínio de palestinianos prossegue, impunemente, chega-nos o “relatório” que eles próprios cozinharam, em que admitem vários “erros” na sua abordagem ao navio turco “Mavi Marmara”, que a 31 de Maio passado tentava igualmente levar ajuda humanitária aos palestinianos, abordagem em que assassinaram nove passageiros.

Os “erros” admitidos resumem-se basicamente a um exercício de hipocrisia asqueroso, insistindo na fantasia de que os militares israelitas não esperavam ser atacados “selvaticamente” pelos activistas que seguiam no navio. Tão selvaticamente... que os nove mortos foram todos do seu lado, não tendo havido qualquer baixa entre os militares israelitas.

Insisto na ideia de que o povo judeu mereceria representantes, tanto políticos como militares, que mostrassem algum respeito pelos seus pais e avós, não copiando a barbárie de que estes foram vítimas inocentes.

E assim vai a História naquela região... sobretudo na Palestina, com o exército de Israel a ser constantemente atacado “selvaticamente”... sempre em desvantagem de soldados e de armamento... como bem ilustra esta excelente fotografia de um fotógrafo israelita (Oded Balilty, da Associated Press), que nos mostra uma coluna desses valentes soldados enfrentando heroicamente hordas ululantes de palestinianos ferozes. Bom... neste caso não é bem uma horda ululante... é apenas uma jovem mulher, sozinha... mas vê-se logo que é extremamente feroz!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ministério da Cultura – Avanço... à retaguarda



Ora aí está! Afinal, o Governo já não vai “congelar” 10 por cento das verbas destinadas às várias áreas da actividade cultural. Afinal, parece que, pelo menos algumas vezes, a luta e a unidade dão frutos... mesmo que incompletos, ou provisórios.

Claro que não se trata de uma vitória dos trabalhadores da cultura! Segundo a Ministra, é uma vitória do Ministério. Claro que, ainda segundo a Ministra, não se treta de um recuo do Governo de Sócrates! Claro que não! Trata-se de um dos já célebres “avanços para trás”...

O que importa é que, pelo menos este ano, os criadores e fazedores de produtos culturais não vão passar ainda por mais dificuldades de que aquelas a que os sucessivos orçamentos de miséria do Ministério da Cultura os sujeita. O que importa é que não pegou o “argumento” demagógico daqueles que querem fazer passar a ideia de que os artistas portugueses são uma classe privilegiada, coalhada de milionários.

Irremediavelmente prostrada por um ataque de tristeza incontrolável, deve estar a deputada do PS, Inês de Medeiros, a qual ainda há dias, defendendo o projecto governamental, vociferava inflamada em pleno Parlamento na direcção dos deputados que contestavam os cortes na cultura, que, e cito de memoria, “os artistas seriam os primeiros a ficarem tristes se não pudessem contribuir com o seu sacrifício extra para a resolução da crise”.

Os artistas (pelo menos alguns) devem estar tristes, sim, mas por terem tal “representante” no Parlamento.

Cavaco "brechtiano" - Ou a dificuldade de governar... coordenadamente!



Dificuldade de governar

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar.
Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente.
Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra.
E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica.
Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses:
Quem, de outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados?
E que seria da propriedade rural sem o proprietário rural?

Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.

Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht
(Tradução de Arnaldo Saraiva)

Como podemos ver, Bertold Brecht já nos tinha explicado, há muitos anos e como só ele sabia, a grande dificuldade que é governar. Agora foi a vez de Cavaco Silva dar o seu contributo, explicando a um miúdo, durante uma visita a uma escola, que talvez ainda mais acima da dificuldade de governar esteja a enorme dificuldade... de coordenar. Disse ele, depois de uns exemplos tirados do futebol, em que jogam só onze, por contraste com os dez milhões de portugueses, que «é preciso milhares de pessoas a coordenar, uns são Presidentes da República, outros são membros do Governo, outros são presidente de Câmara», acrescentando ainda que existe como que «uma mão invisível a fazer a coordenação».

Afinal o homem é muito bom! Acho que raramente terei ouvido uma definição tão boa de capitalismo.