quinta-feira, 5 de abril de 2012

Água – Planear o assalto




Preparando já o terreno para o que aí virá, a ir para a frente a exigência e sonho antigo dos amigos, patrões e amigos dos patrões da ministra da Agricultura, Assunção Cristas vai já passando a “mensagem” que, esperam eles, faça o “indígena” aguentar pacificamente mais um roubo privado àquilo que é de todos: a privatização da água.
Diz a governante do CDS que os preços devem «reflectir o custo do abastecimento». Acrescenta ainda a “esperança” do Governo em que o brutal aumento de tarifários que daí resultará, «induza comportamentos eficientes no uso da água» uma vez que o preço é o «melhor regulador».
Traduzindo para língua de gente… os amigos, patrões e amigos dos patrões da ministra, terão meios financeiros para consumir toda a água que lhes apetecer, água que nunca lhes faltará, desde os jacúzis às belas piscinas e frondosos jardins… enquanto os pobres terão a água racionada, até para as necessidades mais básicas e vitais.
Esta é uma das (muitas) ocasiões em que apetece citar Saramago... quanto mais não seja, para manter este desabafo num tom “literariamente” elevado:
… ... privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… E, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.”
Saramago, José, Cadernos de Lanzarote – Diário III, págs. 147/8

12 comentários:

Maria disse...

Tiraste-me o Saramago da boca (neste caso dos dedos).
Eles andam a esticar-se muito, talvez a corda parta mais cedo do que pensam...

Abreijo.

Tétisq disse...

Os pobres coitados já são quem menos gasta, não têm jardins com rega automática, 3 ou mais carros para os empregados lavar ao fim-de-semana, piscina...mesmo assim já pagam muito*

Unknown disse...

Eles decidem e pronto final.
Comemos ou bebemos todos e bico calado...
Os gestores continuam a banquetear-se

Anónimo disse...

Privatize-se, privatize-se todos estes canalhas que desde o 25 de Novembro (des)governam este País!
A água! O bem mais precioso que se pode ter e nos permite viver. Já nada é impossível para estes canalhas.
Chega e basta!
Saudações, VIcky

Graciete Rietsch disse...

Usar o preço da água como regularizador do consumo,é das maiores infâmias que tenho visto, lido ou ouvido.

Um beijo.

Anónimo disse...

Amén, José Saramago.
Kinkas

trepadeira disse...

Como Saramago tinha razão.

Um abraço,
mário

Antuã disse...

Cortemos as cristas.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

"...os preços devem «reflectir o custo do abastecimento»". Senhora Ministra, antes de mais desejo-lhe muitos e longos anos sem metade da "turbulência" e nefastos reflexos na sociedade civil, que a Senhora está conjuntamente com o P. S. D., a implementar em Portugal.
Face à sua idade, e mesmo assim porque o penso sinceramente que tal não retira mérito algum a quem quer que seja, só uma pergunta se "impõe" (quanto a mim): a Senhora para além dos montes de mapas de que se rodeou (e sabe-se doe se fala), dos montes de pareceres que colheu conjuntamente com a sua formação na área e "sensibilidade", será mesmo que tem por "muito bom e certo" e acredita sobretudo, no que querem, também e mais nesta área, impôr aos Portugueses?.
SENHORA MINISTRA ASSUNÇÃO CRISTAS, os Portugueses sabem o que são sacrifícios. A Senhora sabe o que isso é, a qualquer nível?.

O Puma disse...

Saramago sempre

Olinda disse...

Acabo de gritar o último parágrafo do
texto do José Saramago.
Digam-me:O que dá o direito de uns filhos da ...disporem de um recurso do país,portanto de todos nós,e vende-lo?Eles que se prostituam,é lá com eles.Mas o que está em Portugal,pertence aos portugueses.

Anónimo disse...

Será que depois nos vão obrigar a pagar pelo oxigénio do ar que respiramos?