As lutas estudantis no Chile estão a subir de tom e a crescer em volume. Quando uma associação de estudantes consegue organizar marchas de protesto e reivindicação com participação de quase cem mil estudantes (isto só em Santiago) e conquistar o apoio expresso de muitos professores, reitores e trabalhadores em geral, algo está a ir muito bem na organização estudantil e algo vai muito mal no sistema de ensino.
Os estudantes chilenos exigem um ensino público de qualidade, financiado pelo estado. Não querem continuar a ser empurrados para o engodo das universidades privadas, que estão longe de garantir melhor ensino e saídas profissionais, para além de os deixarem atolados em dívidas, anos antes de entrarem no mercado de trabalho.
À frente da FECH (Federação de Estudantes da Universidade do Chile) brilha uma jovem estudante de Geografia, Camila Vallejo. A sua capacidade de liderança, o discurso fácil e articulado, aliado à transparente justeza do que diz (vale a pena ir ver!), transformaram-na rapidamente numa espécie de íman que atrai estudantes, jornalistas... alguns deles e delas, ainda antes do discurso, “convocados” por essa coisa instintiva, bela e incontrolável, que é encantamento pela sua presença física.
Bem... na verdade nem toda a gente gosta dela. Há dias, uma alta funcionária do governo de direita do presidente Sebastián Piñera, Tatiana Acuña Selles (ligada ao Min. da Cultura), durante um momento mais tenso das gigantescas manifestações estudantis e da contestação pública à política do “seu” governo, perdeu a cabeça e gritou para alguém: «Matem essa cadela!»
Ah... apenas dois pormenores:
1. A Camila Vallejo é militante da Juventude Comunista e filha de militantes do PC Chileno. Claro que poderia não ser... mas a verdade é que é!
2. Não há nos estatutos do PC do Chile nenhum artigo que obrigue, ou sequer aconselhe os militantes, sejam homens ou mulheres, jovens ou menos jovens... a serem feios.
Portanto e para resumir o que penso... a Camila é linda!
Linda como o seu sonho (activo) de um amanhã melhor.
Linda como Violeta Parra, a extraordinária “mãe” da música de intervenção chilena, que, mesmo sem a conhecer, lhe (lhes) dedicou esta cantiga, vai para cinquenta anos.
Linda como Mercedes Sousa, que aqui a canta de forma sublime.
“Me gustan los estudiantes
Porque son la levadura
Del pan que saldrá del horno
Con toda su sabrosura.
Para la boca del pobre
Que come con amargura.
Caramba y zamba la cosa,
Viva la literatura!”
(Violeta Parra)
(ler a letra completa aqui)
“Me gustan los estudiantes” – Mercedes Sosa
(Violeta Parra)
12 comentários:
Colossal deslumbramento!!!
Abraço
E como sempre a Igreja Católica do Chile tenta travar o passo aos estudantes colocando-se ao lado de Piñera e dos interesses privados.
Abraço.
Samuel, muito obrigado pela informação! Não fosses tu e eu não teria espreitado os muitos videos que o youtube tem sobre a luta dos estudantes chilenos e sobre a moça que ainda por cima é linda de se ver!
Um abraço a caminho de Santiago
Tudo lindo, neste post. Parabéns e o desejo de que os chilenos consigam continuar o sonho de Salvador Allende.
A frase da outra senhora mostra bem o calibre dessa gente.
Um beijo.
Belo, muito belo.
Vou-te linkar
Um abraço
Tudo lindo, porque o é e porque é luta.
Um abraço grato
Samuel, justiça seja feita também à tal funcionária do Ministério da Educação (Tatiana Acuña Selles), porque tal como a nossa heroina Camila Vallejo, o seu discurso é transparente !
Já não será é assim muito justo :-)))
"Foram não sei quantos mil
OPERÁRIOS
TRABALHADORES
MULHERES
ARDINAS
PEDREIROS
JOVENS
POETAS
CANTORES
CAMPONESES e MINEIROS
Que nasceram para o Chile"
Ary dos Santos acrescentaria
ESTUDANTES
lutando "de corpo inteiro".
Uma lufada de ar fresco e dignidade, a que este blogue está atento e com olhos GRANDES, de ver.
Na peugada de Bachelet para melhor.
Abraço
Tão importante sabermos dessas lutas - e sem o teu post não dabia de nada!
Admiráveis mulheres e homens que vão fazendo avançar a História!
Que vozes!!!
E a d. Tatiana Acuña Selles danou-se...
Abreijos.
«Linda como Mercedes Sosa»: e está tudo dito.
Um abraço.
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