domingo, 28 de agosto de 2011

Luís Rego – Amor novo





Tem mais oito anos de idade do que eu, o que faz com que em 1961 já fosse um jovem de dezassete. Nesse mesmo ano recusou-se a ir para a guerra em Angola e partiu para França. Aí, passou pelos mais diversos e pesados trabalhos, para sobreviver, até que, quando trabalhava num restaurante, veio a conhecer os amigos que o acompanhariam por muitos anos.
Ajudou a fundar os grupos de música rock “Les Problèmes” e “Les Charlots”. Este segundo tornou-se um caso extraordinário de sucesso, sendo hoje um daqueles grupos de “culto” obrigatórios para toda uma geração de franceses. Era um grupo que apostava na comédia teatral e musical, o que os levou a fazer dezenas de filmes e séries de televisão.
O nosso emigrante, mais tarde, foi em busca de temas mais “sérios” e virou-se para os palcos de teatro (com sucesso) mesmo tendo continuado a estar ligado ao cinema... até hoje.
Quando, bem antes do 25 de Abril, o seus “Les Problèmes” ficaram famosos, foram convidados para actuar em Portugal. Para mostrar que não estava distraída, a PIDE prendeu-o por alguns meses, altura em que os companheiros de aventuras “rockeiras” lhe dedicaram, e gravaram, uma canção intitulada “Ballade à Luís Rego, prisonnier politique”.
Regressado a Paris, sentiu a necessidade de gravar um pequeno disco, desta vez cantado em português, onde brilhava, do lado A, a canção do vídeo de hoje e, do lado B, umas surpreendentes “Quadras soltas” de Fernando Pessoa embrulhadas numa espécie de “bossa nova”. A primeira, é o “Amor novo”. As duas têm música de sua autoria e o disco foi editado em 1970.
Bem antes das poucas passagens na rádio portuguesa, um tal José Afonso, um dia, em Setúbal, em 1971/72, fez-me ouvir este disco do Luís Rego, gabando a modernidade dos arranjos e fazendo votos para que a sua produção de canções em português viesse a ter continuação (o que não veio a acontecer, que eu saiba).
Resumindo, é um artista português, com uma carreira recheada de sucessos, regular e reconhecida ao longo dos últimos 50 anos. Durante todo este tempo tem vindo a Portugal, regularmente... sem que ninguém dê conta disso. Tal é a atenção que os nossos órgãos de comunicação dão a estas coisas...
“Amor novo” – Luís Rego
(Maria Flávia/Luís Rego)



10 comentários:

Fernando Samuel disse...

Há quanto tempo eu não o ouvia nem ouvia falar dele!...

Um abraço.

trepadeira disse...

Vai-se a Lua vem o Sol.
Há-de vir e para todos.

Um abraço,
mário

Anónimo disse...

Há anos que tento editar o disco em CD, mas ninguém me sabe dizer a quem pertence agora o catálogo de Disques Vogue.

LPA

Anónimo disse...

http://otempodascerejas2.blogspot.com/2011/08/explicacao-necessaria-ou.html

Justine disse...

Estou a escavar no fundo da minha memória - e só me lembro do "Amor novo". Foi importante teres lembrado Luis Rego!
Até 6ª:)))

Anónimo disse...

Sony-BMG ?
www.vermeercapital.fr/success_
story3.html

samuel disse...

Anónimos perguntadores:

Quando o disco saiu em Portugal, embora mantendo a etiqueta "Vogue", foi editado pela "Arnaldo Trindade", a editora para onde gravava o José Afonso, o Adriano... e eu.
É uma pista possível, para além dos serviços da SPA.

Maria disse...

Não conhecia... ou não me lembro :)
Foi bom ouvir aquele 'trtrtrtr' inicial do vinil.

Abreijos
(de quem não passa aqui há muitos dias)
:(((

Anónimo disse...

Obrigado!

LPA

ié-ié disse...

Finalmente, consegui hoje falar com Luís Rego!!!!!

LPA