Liberdade
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
(Miguel Torga, in 'Diário XII')
8 comentários:
Ora aí está uma "oração" de que eu gosto.
Abraço.
Poema , é Torga! Tudo dito!
Foto esmagadora!
:))
Quando não é da tua lavra, não fazes por menos, trazes-nos gente desta. E, se aquilo é Peniche, como me parece, muito bem escolhida a foto pela qualidade e pelo simbolismo.
Que post fantástico! Foto soberba (não identifico...) e este poema de Torga! Que coisa bonita...
Abreijos
O hino do Torga é muito bonito, a escolha é óptima, mas por favor,corrija lá "o pio de cada dia", para "o pão de cada dia". Ficará ainda mais bonito!
Abraço
A.Mendes:
Caro. Não imagina o grato qur fico pela correcção do "pio" para p "pão"!
O caso, por acaso, tem uma boa explicação... que agora não interessa nada.
Obrigado!
Para todos os restantes:
Também não identifico a imagem. Quanto às vossas palavras, obrigado!, em nome do Torga, claro!
Abreijos colectivos!
Que lindo, o poema e a imagem : efeito extraordinário !
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