domingo, 19 de setembro de 2010

A amizade



Muitos dos meus amigos vieram com as nuvens, com o sol e a chuva como única bagagem. Fizeram a estação das amizades sinceras, a mais bela estação das quatro da Terra. Têm a doçura das mais belas paisagens e a fidelidade das aves de passagem... têm gravada nos corações uma ternura infinita, mas, por vezes, há nos seus olhos um brilho de tristeza.

Então, eles vêm aquecer-se na minha casa e tu, também... tu virás!

Poderás voltar a partir para lá das nuvens e de novo sorrir a muitos outros rostos; dar, à tua volta, um pouco da tua ternura, sempre que alguém queira esconder de ti a sua tristeza. Como não sabemos o que a vida nos guarda, é bem possível que eu já não importe... mas se me restar um amigo que realmente me entenda, esquecerei as minhas lágrimas, as minhas penas...

Então - quem sabe? – irei à tua casa aquecer o coração na tua lareira.


Não, não me deu uma súbita vontade de cometer uma prosa poética. Trata-se apenas da tradução, muito “caseira”, como é hábito, da canção “L’amitié”, da Françoise Hardy da minha adolescência, uma das várias faixas da banda sonora dos (poucos) momentos felizes dessa época tão cinzenta... e por tantas razões.

Eu sei que os médicos me mandam afastar dos doces, mas esta canção e este vídeo são uma tentação irresistível.

Bom domingo!

“L’amitié” – Françoise Hardy
(Jean-Max Rivière / Gérard Bourgeois)

11 comentários:

trepadeira disse...

Acabo de chegar depois de assistir a um excelente bailado da companhia espanhola Corella Ballet.Um daqueles espectáculos que nos lavam o espírito e nos consolam o coração.
Abro O Cantigueiro e encontro a cereja.Este doce é feito com mel,nunca pode fazer mal à saúde.
Um abraço,
mário

Rosa dos Ventos disse...

Obrigada por este presente tão doce!
Como eu gosto de ouvir esta menina do meu tempo...

Abraço

Maria disse...

Que pena ouvir-se cada vez menos música francesa nas nossas rádios! Adoçam-nos a alma este tema, esta voz... É o revivalismo instalado.
Descobri o seu blogue há cerca de um mês, quando pesquisava sobre o nosso amigo Manuel Branco. Desde então, é obrigatória a visita diária e delicio-me, enternecida, com tanta sensibilidade e sentido de justiça.
Obrigada pela guloseima tão saudável neste último domingo de Verão!
Maria Pereira (Aveiro)

RC disse...

A letra desta canção é um espectáculo e a cantora sempre foi linda de morrer.
"S'il reste um ami qui vraiment
me comprenne
J'oublirai à la foi
mes larmes et mes peines"

Fernando Samuel disse...

Françoise Hardy dos meus 20 anos...
Que saudades!...

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Que bela canção com tanta verdade e ternura!!!!!

Um abraço grande.

Anónimo disse...

Para quê mais palavras, se todas (ou quase)as que podia dizer já foram ditas.
Que saudades!... dos sonhos dessa altura!
Bom Domingo para todos e obrigada pela partilha!...

sincero abraço

Meg disse...

Resta-nos a boa música dos 60!
Saudosista? Talvez... neste caso.

Abreijo

Camolas disse...

Enquanto as(os) nossas(os) amigas(os) chegarem com o sol e com a chuva acreditaremos que é possível

Anónimo disse...

é sempre bom....
... penso que "parfois dans leurs yeux se glisse la tristesse" pode-ser "para os seus olhos esgueira-se a tristeza"...
ou não...
Não é música do "meu tempo" ... talvez o tempo nem interesse, apenas as estações.
Merci et de la valée souffle un air d'amitié.

Maria disse...

A saudade é sempre uma coisa boa. Ou porque a temos dentro de nós ou porque sorrimos quando ouvimos, neste caso, a Françoise Hardy...
Ainda bem que o teu médico não te manda afastar das migas...
:)))

Abreijos