José Gomes Ferreira... não é quem quer!

Não sei se é pelo ar de padreco da teologia do dinheiro, não sei se é pelo ar abestalhado com que constantemente defende, imperturbável, todas as medidas económicas mais asquerosas e neoliberais do Governo... todas elas “inevitáveis”, evidentemente!, não sei se é por, de forma recorrente, chamar ao líder do momento no PPD-PSD, “líder da oposição” e o/a jornalista que o recebe nunca o emendar... a verdade é que este choninha comentador de assuntos económicos me irrita solenemente.

Ontem à tarde lá esteve ele, no seu posto de trabalho político de promoção do capitalismo mais selvagem, disfarçado de “comentário”, justificando a relutância dos investidores estrangeiros em comprar dívida portuguesa, pois, como disse, «quem é que quer investir num país em que, a poucos dias da apresentação do Orçamento de Estado, o Governo e o “líder da oposição” ainda não se entenderam?»... e insistiu mais uma vez na teoria da “concórdia e abandono das divergências”, tal como Cavaco, tal como quase todos os “pensadores” da ideologia dominante, até que a “concórdia” se transforme, ela mesma, numa indiscutível “inevitabilidade” que lhes garanta mais uns anos de poder.

De qualquer maneira, o que me irrita ainda mais... o que me tira mesmo do sério, é o facto verdadeiramente infeliz deste homenzinho partilhar o nome completo com essa grande figura de português, intelectual, antifascista e criador de beleza, que foi José Gomes Ferreira, para muitos, o poeta militante.

Felizmente, esta figurinha não vai além da usurpação do nome... não passa de um pateta militante.

Adenda: Quem tiver, por minha culpa, ficado com saudades do verdadeiro José Gomes Ferreira, pode ir ler alguns versos dele aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui... mas o melhor será mesmo tentar arranjar os livros...