A minha namorada chegou a casa, há uns dias, assaz divertida com uma coisa “muito original” que tinha ouvido ao passar pelas gigantescas obras da escola secundária aqui do bairro.
Não querem lá ver que ainda existem piropos originais... pensei eu... mas não! Era coisa muito mais original do que isso. Ao passar pelas obras, ouviu um grupo de operários, muito provavelmente, brasileiros, cantando em coro.
É aqui que entra a originalidade. Quando seria espectável, quase natural, que os homens estivessem massajando o ego nacional, trauteando o avassalador (e insuportável... mas isso é o meu mau feitio) êxito musical do seu compatriota Michel Teló, “ai se eu tchi pego, ai, ai, se eu tchi pego”, então não é... que não?! Por qualquer conjugação instantânea dos astros, os nossos amigos, todos “cobertos” de tinta, cimento, dificuldades e saudades de casa, cantavam em coro “sou caipira pirapora nossa Senhora de Aparecida, ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida”... o refrão da grande cantiga “Romaria”, imortalizada pela Elis Regina.
É isto um estudo sócio-musical credível? Não. É, sequer, um estudo? Não. Isto revela uma qualquer tendência? Não.
...mas convenhamos que é interessante pensar que, por qualquer força do acaso, durante um pequeníssimo espaço na vastidão da linha do tempo, aqueles operários em construção cantaram e sentiram uma música infinitamente melhor do que a que canta e ouve, todos os dias, a todas as horas, a esmagadora maioria dos adolescentes que frequentam a escola que eles estão a (re)construir.
A Elis teria gostado...
11 comentários:
Aposto que a tua namorada também cantou a 'romaria', baixinho, até casa...
:)))))
Abreijos aos dois.
Construir e reconstruir não. A escola que anda a ser destruída. O camarada aderiu ao novo acordo, pelo menos é o que me parece eu não concordo nada. Mas vejamos o estrangeirismo quer nas palavras, quer nas músicas, filmes e outros é uma certeza, e um abuso em todas as formas. E como na língua é cada vez mais usual, e cada vez mais uma certeza e uma garantia, logo aqui estamos a perder pontos. Se na língua usada pelos jovens nos telemóveis, internet, e mesmo em trabalhos, e testes, é um atentado, mas porque o ensino ai ai ai que anda a viver os dias da amargura, porque não se dá valor e se fomenta o valor que tem. Tudo isto para dizer que o mesmo se passa com a música, e de que vale o Fausto ter feito mais umas quantas músicas e ter gravado em cd, depois não é tão valorizado como esse vende música feita ao pontapé para comer as mentes dos brasileiros e de outros. Tudo tem uma ligação, e se se por cá não se valoriza a música nacional, e muito mais a tradicional, então a música pimba, e do pão com queijo, e essas pirosisses todas acabam por assumir proporções absolutamente monumentais, e o que ganhamos com isso? Um povo que se diverte com coisas sem jeito nenhum, para se continuar controlado, e que se contenta com pouco. E se os parolos dos pedreiros portugueses também cantassem músicas do seu país, seria uma coisa fora de série.
Boa noite camarada.
!! :))))
"talqualinho"! :)
e a Elis teria gostado...
vovómaria
Por isso mesmo é que é preciso habituar as pessoas,desde muito crianças, a ouvir boa música,começando por aquela mais popular, melhor saída do Povo, que fica no ouvido.Foi também isso que fez Fernando Lopes Graça e ouvi do Maestro José luìs Borges Coelho, no sábado passado que a Heróica "´...Mãe pobre de gente pobre..." foi um hino revolucionário suponho qur num
país da América Latina.
Aqui dá-se "pimba" e a negociata do futebol. "É preciso calar a desgraça".
Um beijo.
Ficámos todos todo contentes!
Obrigado pela informação e pelo comentário.
Os operários estão sempre em construção.
Tem graça que, em aula na Universidade Sénior, passei o Mário Viegas a dizer o operário em construção. Foi bom.
Olha... um abraço, um beijo à tua namorada, e até breve (está a tardar!)
É preciso é começar.
Um abraço,
mário
Umn grande beijo Elis , onde quer que estejas!
Esse "Ai Se Eu Te Pego" vai deixar de pegar daqui a pouco... Pelo contrário, a Elis fica.
Abreijos de uma adolescente não da esmagadora maioria ;)
Os operários brasileiros, trabalham e vao trabalhando... sempre com a sua cultura na alma.
Um dia hão-de regressar, de preferência em Março, cantando as águas de março... "É caipira... "
Abracinho, Samuel.
O efeito do coro devia ser espectacular.Gramava ter assistido.
Será que a romaria foi um acaso?
cara Olinda! :)
não era um coro! talvez 2... 3...?... não os vi. mas teve a sua graça :).
o relato que o "cantigueiro" fez da "coisa" também foi só e a penas ela piada piada, não para levar tão ao"rubro" e tão a sério, como alguns "comentaristas"... :)))...
beijocassss
vovómaria
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