Ainda sobre a manifestação, entre as dezenas e dezenas de posições que se tomaram e tomarão sobre a manifestação e, sobretudo, sobre a repetida pergunta sobre “o que muda com ela”, ou, no limite,“para que serve”... continua ser importante dizer, repetir, repetir sempre, que o que muda – ou deve mudar! - é a atitude de passividade de milhões de cidadãos, logo, serve exactamente para isso. Para o abrir de portas, para o encontro de vontades, para a mobilização do esforço, para a multiplicação das forças.
Entre as dezenas de posições, como dizia, destaco duas, quase nos extremos.
Uma, já verdadeiramente clássica, é a posição dos “entusiasmados de um dia” que, no dia seguinte e perante a constatação de que o governo afinal não caiu... caem eles na mais acabrunhada melancolia, repetindo como um mantra, “isto não serve para nada, isto não adianta...”
A outra, que apanhei numa troca de comentários no “Facebook”, representa uma certa corja de “apoiantes” do governo. Dizia, mais palavra menos palavra: “Os organizadores da manifestação têm que se compenetrar de que o país tem dez milhões de habitantes. Ora, mesmo que consigam juntar 500.000 manifestantes, isso representa 5% dos portugueses... o que quer dizer que há 95% de portugueses que apoiam as medidas do governo e sabem que elas são necessárias.”
Sobre os primeiros... desejo apenas que a experiência, que mais conversas com amigos e amigas mais experientes e, sobretudo, organizados e mais informados politicamente, os ajudem a descobrir que as coisas verdadeiramente decisivas para a construção da malha da mudança, são aquelas pequenas coisas que vamos tecendo pouco a pouco, todos os dias do ano.
Quanto ao segundo caso, dando de barato o grande falhanço quanto às previsões de manifestantes, o argumento é apenas repelente, tal a desonestidade delirante da “lógica” em que se baseia, nem merecendo, por isso, uma resposta ou comentário.
É por isso mesmo que considero de leitura mais do que aconselhada, este texto do Miguel Tiago, publicado na quinta-feira passada no blog “Kontra Korrente”.
9 comentários:
A luta não é,nunca foi,uma só acção,ou uma só batalha,é um caminho que temos de percorrer,mesmo depois da vitória.
Um abraço,
mário
Parece-me que neta fese
a coisa tem de dar mais passos
Bem encaminhado, sim senhor!
Beijo.
Gostei muito do texto do Manuel Tiago que, para mim, é uma excelente análise da manifestação.
Um abraço.
NÓS PORTUGUESES TEMOS PROVÉRBIOS ADAPTADOS A TODAS AS OCASIÕES. NESTE CASO A ESTES SAUDOSISTAS DOS TEMPOS ANTERIORES AO GLORIOSO 25 DE ABRIL DIGO APENAS :« OS CÃES LADRAM MAS A CARAVANA PASSA»
O que é preciso é caminharmos.
Olá Graciete...
A "confusão" com o nome do escritor Manuel Tiago é frequente e o nosso jovem geólogo, poeta e blogger que, presentemente, "está em deputado", já deve estar habituado... mas na verdade ele chama-se Miguel. :-) :-) :-)
Abreijo.
Quantas pessoas ,que se manifestaram pela primeira vez,sentiram que estavam certas,estando ali ,e nao,em casa?Quantas pessoas ,em casa,que pensaram,-para a prôxima ,tambêm vou? Maioritâriamente o povo repudia estas polîticas fascistas.Foi mais um abanao ,na estrutura.
Um abraco
Um grande momento fazem-se de outros mais pequenos! Não foi assim até se chegar ao 25 de Abril o dia da Liberdade? Esperar que os do (des)governo nos oiçam?! Eles não querem mas "água mole em pedra dura tanto dá até que fura"!
Vicky
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