domingo, 12 de maio de 2013

Miguel Calhaz - Era uma vez um país...


“Festival Cantar Abril”, organizado pela Câmara Municipal de Almada, vai na sua quarta edição. Realiza-se de dois em dois anos e arrisca-se, passados estes seis anos desde o dia zero, a tornar-se uma tradição. Isto, se aceitarmos como boa a definição de tradição que, segundo alguns, não passa de algo que já foi uma experiência... que deu certo.
O Festival Cantar Abril deu certo! Em todas as edições trouxe-nos algo de muito bom e, o que não se vê todos os dias, em quantidade muito apreciável. Nunca, até hoje, aconteceu ficar o júri perante a possibilidade de não atribuir algum dos prémios, por falta de candidatos à altura. Bem antes pelo contrário!
Este ano a história repetiu-se. Repetiram-se também alguns concorrentes, o que é bom sinal: gostaram da experiência. Houve coisas de grande nível. Coisas que seriam sempre de grande nível, fosse qual fosse a sala ou situação em que se mostrassem.
Hoje partilho convosco o “Prémio Ary dos Santos” (prémio melhor letra) deste ano, um prémio atribuído a uma das letras dos trabalhos inéditos em concurso. Apenas às palavras... embora estas viessem "acompanhadas" de uma música divertida, competente, interpretada com a qualidade a que o Miguel Calhaz nos habituou.
Atendendo a que não se trata de um prémio literário, mas sim de um concurso de canções, ainda por cima canções que se pretendem de intervenção – como são todas as canções e toda a arte, mas neste caso viradas para o espírito de Abril e da liberdade – resolvemos atribuir o prémio da melhor letra a uma canção “mal comportada”, cheia de suculentos trocadilhos com nomes de “famosos” e alfinetadas às suas obras “valorosas” contra o povo português. Poderão ler a dita cuja aqui, na íntegra.
Tratasse-se de uns quaisquer jogos florais de bairro, desses destinados a quadras certinhas, bonitinhas, bem comportadinhas e com os tiques “literários” todos no sítio... e nem apurada teria sido para participar no festival.
Aliás, parecia ser essa, violentamente, a opinião de um poeta regional que vive na ilusão de conhecer suficientemente o Ary dos Santos, pelo menos o suficiente para achar que ele estaria a «dar voltas na sepultura» por ver uma «aberração destas ser premiada»... e ainda por cima com um “Prémio Ary dos Santos”... afirmando mesmo, chispando, que, fosse ele membro do júri e esta «aberração» só teria um prémio... «por cima do seu cadáver».
Imagino que ainda tenha dito mais coisas... mas confesso que o deixei a falar sozinho em pleno “foyer”.
Quanto mais me lembro do “ódio literário” com que o poeta regional me fustigou naquela noite... mais gosto desta canção do Miguel Calhaz (sim, ele já antes venceu o Festival com uma canção original). Adiante, pois esta estorieta de “foyer” não foi (nunca seria!) suficiente para me estragar a bela noite de canções que foi aquele fim de dia 30 de Abril.
Vivam os artistas que andam de olhos abertos! Vivam os jovens que querem juntar-se a estes artistas, viva a canção de intervenção!
Bom domingo!
“Era uma vez um país” – Miguel Calhaz
(Miguel Calhaz)



7 comentários:

Anónimo disse...


Viva!
e Viva o Miguel Calhaz! :)

vovómaria

Maria disse...

Dou-me conta que há precisamente 2 anos também não estive em Almada, por razões idênticas às deste ano.
Não sabia quem tinha ganho os prémios. Sei agora deste. E gosto do Miguel Calhaz.

Bom domingo, já de volta :)

Zambujal disse...

Boa!

E HÁ-DE SER uma vez este País!

Um abraço para ti, e outro - se te calhaz... - ao Calhaz.

Jose Rodrigues disse...

Eu acho que o Ary iria era gostar muito,porque os protagonistas da letra são:(...)" a lombriga que se amanha com os próprios cagalhões"(...).

Boa malha

Um abraço

Graciete Rietsch disse...

E são estas canções e todas as palavras de luta e resistência que ajudarão a reconquistar o país de Abril.

Um beijo.

augusta disse...

"Contra tudo que era velho
levantado como um punho
em Maio nasceu vermelho
o cravo do mês de Junho"

Gostei de saber. Gostei de ver.

Por um Abril que continua projecto adiado, por um Abril que urge re.conquistar,
artistas de olhos abertos, canção de intervenção... Vivam e todos quantos se lhes quiserem juntar!

Obrigada, Samuel.

Anónimo disse...

É uma bela canção para este momento tão negro e que decerto Ary dos Santos aprovaria!
Vicky