“Quem conta um conto, acrescenta um ponto” – diz o ditado popular. Acontece com todos, mas os jornalista fazem disso profissão. Nem todos bem. Muitos pecam por defeito, cortando muitos “pontos”, acto que da última vez que fui ver, se chamava censura... outros, são tão pródigos a acrescentar pontos, que estão sempre com um pé (ou os dois) na mentira, na demagogia, na baixa política...
Claro que muitos destes “jornalistas” têm a vidinha facilitada pelo (triste) facto de alguns dos seus colegas serem ignorantes de uma estupidez reincidente que tende a abafar as malfeitorias dos primeiros... como é o caso de alguém, na RTP, que pela enésima vez, ao fazer um gráfico descrevendo a subida para a Senhora da Graça, que os ciclistas teriam que enfrentar, disse qual a altura do Monte Farinha, qual a média da inclinação da ladeira e, como já vai sendo fatal, aos cerca de oito quilómetros de distância que separam o início da subida da linha de meta... voltou a chamar “longitude”.
Seja como for, a repetição desta triste calinada não me desviou a atenção de dois excelentes exemplos do que escrevi no primeiro parágrafo.
É absolutamente “delicioso” percorrer com os olhos um trabalho de várias páginas da última “Visão”, onde se analisa a situação de vários municípios em que os actuais presidentes não podem recandidatar-se. O trabalho não me interessou particularmente. Nem pelo assunto, nem pela arte com que foi feito. Ainda assim, deliciou-me a calma com que os “jornalistas” percorreram o país em busca de exemplos, não tendo encontrado uma única Câmara Municipal gerida pela CDU (à excepção de uma referência minúscula, em três linhas de uma coluna, numa caixa à parte e em letras mais pequeninas)... embora várias dessas autarquias estejam a enfrentar o problema de que o artigo trata.
Presumo que para quem fez o trabalho “jornalístico”, ignorar a existência de autarquias comunistas, no número de 28 e tão insignificantes como, por exemplo, Almada... seja uma questão de princípio. Uma espécie de “sonho molhado”: se não se falar delas... não existem!
Quanto à mentira, demagogia e baixa política:
Num telejornal qualquer, um(a) “jornalista” apontou o microfone a Jerónimo de Sousa e pediu-lhe uma opinião sobre a sucessão na direcção do Bloco de Esquerda... e se ia sentir saudades de Francisco Louçã.
Jerónimo de Sousa respondeu que não se imiscuía nos assuntos internos do BE e, sobre o resto da “pergunta”, acrescentou que «não terá saudades, porque a vida e a luta continuam... não se trata aqui de uma questão de saudades, os indivíduos são, sem dúvida, muito importantes, mas mais importante é o colectivo»... resposta que desgostou o(a) “jornalista” e a sua estação de televisão, ao ponto de terem transformado (como o Correio da Manhã e outros) esta resposta, no texto que resolveram inserir por baixo das imagens, em letras garrafais:
Francisco Louçã: Não deixa saudades!
Brilhante! Depois... sou eu que tenho mau feitio...
Felizmente ainda há excepções! Felizmente conheço algumas dessas excepções e conto mesmo com um punhado de jornalistas a sério entre os meus amigos!