segunda-feira, 15 de junho de 2009

Desabafo


"Fernando Pessoa encontra D. Sebastião num caixão sobre um burro ajaezado à andaluza"
(Júlio Pomar - 1985)

Depois de várias semanas de campanhas de desinformação, interpretações delirantes e mentiras descaradas, que deram ao esperto Cavaco a justificação para vetar a Lei de Financiamento dos Partidos, fazendo de conta que não está quase exclusivamente a tentar atingir a Festa do Avante, como bem se explica nestes textos do Vítor Dias no "O tempo das cerejas" e do Fernando Samuel no "Cravo de Abril", que subscrevo palavra por palavra.

Depois de vários dias de análises dos resultados das Europeias e sobre quem ganha ganhando, quem perde perdendo ou quem ganha perdendo, etc, até ao infinito da falta de vergonha.

Depois de intermináveis horas a ouvir falar de Ronaldo, de milhões, de casas novas em Madrid, de milhões, em directos de cá, de lá, de milhões, da família de Ronaldo, de milhões... e só conseguir ouvir notícias lá para depois do minuto vinte dos telejornais, uma pessoa é bem capaz de começar a perder a paciência com a nossa comunicação social, seja ela rádio, televisão, revistas ou jornais.

Nessas alturas, caras e caros amigos, devemos resistir à grande tentação de “baixar o nível”. Devemos socorrer-nos da arte, da diplomacia, da calma...

No meu caso, pedi ajuda ao Fernando Pessoa, perdão, Álvaro de Campos, para falar por mim.

Ora porra!

Ora porra! Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse.

(Álvaro de Campos)

16 comentários:

Maria disse...

Excelentes desabafos: o teu e o de Álvaro de Campos!

Abreijos

Diogo disse...

A imprensa portuguesa tem donos. E são os donos a delinear aquilo que é informado. Nada mais sai cá para fora.

GR disse...

Esta é uma materia que vai dar muito que falar e como sempre vai dar Luta!

Vou ler em voz alta e transcrever,Álvaro de Campos.

GR

salvoconduto disse...

Desabafa à vontade! Por mim até podes partir a televisão! A tua!

Abraço e boa semana.

Ana Martins disse...

É de alto nível!

Antuã disse...

Desabafa à vontade mas não partas a televisão porque o prejuízo é teu. Se não fosse isso eu partia a televisão quase todos os dias e não todos os dias porque há muitos dias que resisto a tal droga.

Sal disse...

Sábias palavras do Antuã (que está a fazer acordado a estas horas???)
mas eu também já não ligo a televisão.
E na noite das eleições, quando liguei, vontade não faltou de a rachar a meio.

Desabafa, pois, que quem desabafa seus males espanta.. (ai, isso é quem canta..)


beijos

alex campos disse...

O Àlvaro de Campos continua actual.
Infelizmente!

Abraço

Anónimo disse...

Como seria bom dizer dos homens e mulheres de hoje...
infelizmente agarramo-nos àquilo que criticamos ao saudosismo de Pessoa.
Levantai-vos hoje ó gentes, que é como quem diz - abram os olhos, organizem-se!
A palavra de ordem continua de pé
"Proletários de todo o mundo, uni-vos"

Abr do "Catraio"

Justine disse...

Ah grande Fernando Pessoa!!Cada vez com mais razão...

Anónimo disse...

Ó quedas, não cais!!!

Ana Camarra disse...

Muito gosto eu dos Pessoas do Pessoa.
Há um para cada ocasião!

Beijos

samuel disse...

Maria:
Mais o dele... ☺

Diogo:
Os donos não dormem.

GR:
Em voz alta é muito bom... ☺ ☺

Salvoconduto:
Coitado do electrodoméstico...

Ana Martins:
O Álvaro de Campos não devia estar lá muito bem disposto.

Antuã:
O botão do “off” foi uma invenção ainda mais importante do que a própria televisão.

Sal:
Também tento a cantar... se tento!... ☺

Alex Campos:
Com os “grandes” acontece muito.

Catraio:
De pé... e urgente!...

Justine:
Há coisas que tiram do sério até um heterónimo! ☺

Anónimo:
Trocadilho de um humor esmagador!

Ana Camarra:
E gostas muito bem!


Abreijos colectivos!

Anónimo disse...

Gostei do texto do Victor Dias, só é pena aquela referência ao Miguel Portas, colocando-o ao nivel do camarada Bernardino Soares.
Viva a festa do Avante e viva a participação militante e voluntaria dos comunistas.
RUI VIEIRA

Fernando Samuel disse...

Ah, como eu invejo esta diplomacia e esta calma do Álvaro de Campos!...


Um abraço.

vermelho disse...

A um morto nada se recusa, e eu quero por força, ir de burro...
Abraço.