quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A democracia e as eleições valem a pena e a despesa?


(Não reparem na arrumação deste "Parlamento". É apenas a minha opinião...)

O nosso “novo jornalismo” adora agarrar assuntos que por não terem grande sumo, não dêem trabalho, mas que ao mesmo tempo, façam algum barulho mediático.

Agora calhou a vez às despesas que os diversos partidos vão ter com as suas campanhas eleitorais. Independentemente de achar que alguns devem ir gastar mais do que anunciam, que a máquina de montar espectáculos do PS talvez seja demasiado cara, que o caminho pelo qual enveredam as campanhas nem sempre é o mais útil nem esclarecedor... independentemente de tudo isso, o que me prendeu em algumas das abordagens jornalísticas, foi um certo tom com que o fenómeno foi sendo abordado.

Para falar apenas de um programa de televisão, o “Opinião Pública”, ao apresentar o tema que iria estar em “debate” durante parte da tarde, todas as perguntas e “sugestões” iam no sentido de atrair os telefonemas típicos, uns, carregados de ressentimentos contra o 25 de Abril, outros, apenas desinformados, outros ainda (poucos) ingénuos, que alagam o programa com argumentos contra o despesismo dos partidos, o que se gasta com as eleições e, bem “conduzidos” por uma das perguntas da redacção, “acha que os partidos gastam demais?”, mais uma vez insistirem na mistificação de que os partidos são todos iguais.

Primeira reflexão, é triste que jornalistas profissionais, tentem passar a ideia de que sem um regular e livre funcionamento dos partidos políticos poderia existir uma democracia saudável. É lamentável que constantemente alinhem neste bacoco e perigoso discurso anti-partidos.

Segunda reflexão, mesmo somando todas as previsões de gastos dos vários partidos e o que o Estado pagará pelos boletins de voto e despesas correlativas, mesmo que a grande maioria do dinheiro venha dos cofres públicos, numa soma muito por alto, cada voto poderá custar aos contribuintes bem menos de 2 Euros, ou seja, algo como 3 cafés... ou metade de um maço de cigarros!

Espero que este meu “orçamento” ajude a pôr esta grande discussão nacional sobre o preço da democracia e das eleições, no seu devido lugar: no ridículo!

12 comentários:

salvoconduto disse...

Olha que eles ainda as querem mais baratas, isto é, melhor é não fazê-las. Antigamente é que era bom.

Abraço.

Helena Neves disse...

Se as pessoas tivessem um cérebro em vez de uma bola de futebol na cabeça a nossa democracia nao seria o que é.
Grande post.
Bj

Carlos Machado Acabado disse...

Em qualquer caso, é bom que todos entendamos que não são necessariamente os partidos em si que fazem um sistema (real ou até apenas minimamente) democrático mas o modo como eles interagem concretamente com a comunidade e a maneira como repercute a sua acção específica nessa mesma comunidade de modo a poder, idealmente, dessa acção, emergir o que chamo uma "sociedade (efectivamente!) orgânica".
Isto é: um sistema político em que os partidos operam, na prática, como "significadores objectivos oficiais ou oficiosos" fixos do próprio sistema; em que eles, através da interposição inerte de dois grandes partidos-tampão "à frente do sistema", actuam como uma espécie de "cabina de portagem" (e, ao mesmo tempo, "livro de instruções objectivo) da acção política e especificamente dos seus limites
e possibilidades, não é, creio-o eu convictamente, necessariamente uma democracia.
Reside, aliás, nisto, precisamente, um embuste muito comum do próprio sistema político---ou melhor da sua infra-estrutura económico-financeira: tornar sinónimos (pretender que acreditemos que são sinónimos!) 'democracia' e os seus órgãos considerados avulsa ou inorganicamente ou mesmo apenas alguns deles, nessa condição inessencialmente 'avulsa', considerados.
Eu diria: esta 'democracia' está concebida para "não deixar fugir o sistema' do controlo objectivo da base económico-financeira e social.
Não prevê nem admite, por definição, mudanças, a não ser as que ela acha que deve ir fazendo no sentido precisamente de perpetuar-se---e de sobreviver-se EXACTAMENTE COMO, NO (IN) ESSENCIAL, É OU ESTÁ.
As únicas mudanças previsíveis (ou possíveis!) no sistema são, pois, diria eu ainda, aquelas que ele se verá obrigado a fazer exactamente se ele (improvavelmente, sendo a realidade o que é...) ameaçar seriamente fugir ao 'tal' controlo.
AÍ admito que possa haver mudanças de substância no 'sistema' mas a essas eu não chamaria seguramente 'democráticas'...

Cordiais saudações!
É sempre útil (e entusiasmante!) dispor da possibilidade de reflectir seriamente sobre todas estas questões, sem dúvida, essenciais.

cetautomatix disse...

É tudo relativo. Há muitos países em que um trabalhador, em média, não ganha o equivalente a essa capitação num dia de trabalho. Mas cada país é uma realidade distinta das demais.
Seja como for, é bem verdade que a direita, que não se cansa de corroer a democracia que nunca desejou, é responsável por um despesismo insuportável nas eleições. Tanto mais quanto mais precisar de criar barragem de desinformação, intoxicação e embuste. Isso fica bem caro.

Maria disse...

1. Gosto da arrumação do parlamento :))
2. Que raio de feitio temos, insistindo em ouvir as opiniões públicas quantas vezes de gente que nem sabe o que é pensar...
3. Será que é muito difícil perceber que a democracia tem custos, e que o maior de todos tem o nome de "liberdade"?

Abreijos

Antuã disse...

Já não vejo Opiniões Públicas e quejandos para não me irritar embora o devesse fazer para verificar em que estado intelectual está grande parte da nossa população.

Fernando Samuel disse...

O teu «orçamento» pôs os pontos nos i's - e a tua «arrumação» está carregada de futuro... mesmo que distante.


Um abraço.

CS disse...

E há os partidos que não têm necessidade de gastar mais porque os media lhes dão tempo gratuito mais valioso do que qualquer cartaz ou outdoor.
Depois... depois das eleições descobre-se que houve empresas que os subsidiaram,são sujeitos a coimas mas já estão no poder e mandam-nos à... (até logo).

J.S. Teixeira disse...

Discordo na colocação do PS e do PSD. Não poderíamos criar um novo logótipo que demonstrasse a porcaria que ambos são? Ou então era pô-los, um em cima do outro alternado de 4 em 4 anos.

Desculpa a publicidade. Samuel Cruz, candidato à Câmara pelo PS no Seixal, continua a sua demanda de victimização. Vejam porque no blogue O Flamingo

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Concordo plenamente com a "arrumação" apresentada, não só por solidariedade, como também face à realidade pós 25/11/1975.
Com respeito ao resto são "escritos", de determinada imprensa que em lugar de ser informativa e formativa, cumprindo assim o seu verdadeiro papel numa sociedade democrática, se dão a ... estes pensamentos !!!.

sts disse...

Dois peésses? Livra. Tire o punho e deixe a rosinha.

samuel disse...

Salvoconduto:
Por vezes parece que é o que se pretende...

Sal:
Se fosse só a bola...

Carlos Machado Acabado:
Não, de facto a democracia (e ainda bem) não se esgota nos partidos, mas não se pode fazer contra eles...

Cetautomatix:
Nunca desejou e tudo faz para se ver livre dela.

Maria:
1. É o meu lado “decorador de interiores”.
2. Masoquismo...
3. Difícil não é... mas as ajudas não abundam.

Antuã:
É preferível não te irritares... ☺

Fernando Samuel:
Lá iremos!

CS:
Há sempre muitas variantes ao “jacinto leite capelo rego”...

J.S. Teixeira:
Não vale a pena. Eles encarregam-se de o demonstrar.

Manuel Norberto:
Parece ser a sua “função”...

AG:
Realmente... mas eles é que ainda não se decidiram. ☺ ☺


Abreijos gerais!