Eu sei que o assunto não interessa por aí além a muitos daqueles que me lêem, mas dado tratar-se da minha “profissão” (passe a comparação algo forçada) o fenómeno Michael Jackson não deixa se me impressionar.
O miúdo tinha um talento assinalável, não tanto que justificasse a “instituição” em que se tornou. Outros, com o mesmo, ou muito mais talento do que ele, tiveram e têm carreiras mais ou menos brilhantes, mais ou menos reconhecidas, tudo isso sem precisarem de perder o contacto com a realidade e os mínimos de sanidade mental.
No caso infeliz deste artista talentoso, uma infância passada entre as alegrias da fama e grandes tareias do crápula que lhe tocou como pai, para subir ao palco as vezes que fossem necessárias para enriquecer rapidamente a família, seguida de uma adolescência, juventude e idade “adulta”, dominadas pelo dinheiro a mais, isolamento a mais, fama a mais, controlo feroz por parte de agentes, editores e produtores, sobre o que vestir, o que fazer, o que cantar, o que dizer, não lhe apagaram o talento, mas transformaram-no numa espécie de débil mental, com as manias, taras e peripécias que se conhecem.
Para ser curto e grosso, “mataram-no”! Todo este tempo depois da sua morte, as violações e os abusos de que durante toda a vida foi vítima, continuam. Para além das devidamente autorizadas vendas maciças de produtos e mais produtos, “inventados” ou não para a ocasião, a somar aos discos, DVDs das “homenagens” já feitas ou ainda por fazer, com a participação de magotes de colegas, alguns sinceros, outros apenas cúmplices do grande negócio necrófago, a família, sempre capitaneada pela asquerosa figura do pai, o mais antigo e "fiel" parasita do cantor, anda a jogar com a data do funeral. Por "razões familiares”, diz o crápula. Para acertar bem e em pormenor todos os possíveis patrocínios, direitos televisivos e presenças mediáticas, digo eu. Enfim, mais dinheiro!
Pobre Michael Jackson!
Pobre cultura e criadores, que se deixam assim manietar pelas correntes da "economia de mercado", nome com que tanto gostam de mascarar o capitalismo mais selvagem!
8 comentários:
O mais novo dos "Jackson Five" teve um azar enorme em ser o melhor dos cinco. E foi vítima do próprio pai, e do sistema, como tão bem aqui dizes.
Pobre miúdo que nem soube o que era ser criança, em devido tempo...
Abreijo
-Sobram Ovelhas, falta dignidade a quem compra.
Muito importante e esclarecedor,este teu post. Põe sem rodeios as coisas nos seus lugares e desmascara todo o negócio à volta desta triste vida.
Exactamente!
E mais...
Um abraço
este abraço era do zambujal... como se pode ver acima. E disse.
Descanse em paz. Não é ele que me tira o descanso mas sim as massas que não descansam com eles.
Um abraço sem produtos americanos
Pobre Michael Jackson, tão rico...
Um abraço.
Per tutti:
Não será o ultimo!
A "máquina dos sonhos" acaba sempre e repetidamente por produzir muitos pesadelos...
Saludos gerais!
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