Quem, por parte do PCP e inspirando-se em Bertold Brecht, disse que com a morte de José Morais e Castro se perdeu “um dos imprescindíveis”, foi tão feliz nessa classificação, que me dispensa de tentar dizer mais.
Não sendo eu “do teatro”, quase sempre que as minhas cantigas se cruzavam com Morais e Castro ele estava generosamente fazendo de apresentador da sessão, ou algo assim igualmente afastado do que foi a sua paixão maior, depois da liberdade, o teatro. Sempre grande companheiro, sempre disponível, sempre com o ar simples de quem não tivesse, por exemplo, ajudado a renovar o teatro em Portugal, nomeadamente no Grupo 4, que fundou com os seus amigos Rui Mendes, João Lourenço e Irene Cruz.
Apesar de todo o trabalho desenvolvido em 50 anos de teatro, quiseram a vida e as opções artísticas das nossas televisões, que Morais e Castro se tornasse conhecido do grande público pela participação em novelas e, sobretudo, pela série do “Menino Tonecas”, onde o seu personagem de professor pretensamente severo (sem nunca conseguir sê-lo realmente), fez rir milhares de portugueses, que na sua maioria nunca souberam que também lhe deviam um pouco a possibilidade de rir assim, sem medo, sem censura prévia, em liberdade.
Obrigado, Zé!
17 comentários:
Ficará para sempre a sua verticalidade, o seu altruísmo, a sua convição!
E a nossa saudade!
Até sempre, camarada Morais e Castro!
Tina
Samuel, não gosto de mandar comentários anónimos, mas há pouco,tive uma branca, daquelas que nos vêem com o tempo ou com as tristezas. Peço desculpa.
Ontem a minha filha mais velha - a que nasceu na Búlgária,fez anos. A prenda que diz ter mais gostado,foi o email que lhe mandei com a canção búlgara do teu-posso,somos da mesma geração e não só--Blog.
Obrigada por isso.
Abreijos
Tina
Mais um que parte. Até amanhã camarada.
Houve um papel que o Morais e Castro realmente nunca conseguiu representar com convicção: o de mau.
Estou-lhe grato pela sua vida. Paz à sua alma.
O seu exemplo vivo permanecerá entre nós, como artista, como amigo e como camarada de firmes convicções.
Prestemos a devida homenagem com sentida saudade.
J.F.
Já nos faz falta.
E já é saudade...
Até amanhã, Camarada
Que sirva de exemplo aos que vacilam.
O imenso adeus para o Zé - e o compromisso de continuarmos a luta.
Um abraço.
O camarada Morais e Castro estará sempre presente.
A luta continua!
Um Abraço.
Depois do que escreveste,e dos comentários publicados.Só me resta dizer.A LUTA CONTINUA.RUMO AO SOCIALISMO.
Um senhor na forma de pensar e estar, em qualquer circunstãncia e local.
Até sempre, Camarada ...
Mais um Camara que nos deixa,
O teatro ficou mais pobre.
Saudaçôes comunistas
Ontem estavamos a fazer a Festa e um camarada veio dizer-nos: "Morreu o Morais e Castro!"
Fiquei a olhar espantada, embora já esperassemos a noticia á algum tempo. E apertou-se-me o coração, porque mais um dos bons se tinha ido.
Hoje, no funeral, ouvi alguêm falar da sua generosidade e disponibilidade total para todos.
É verdade.
Há uns anos, no ambito do aniversário do Partido, fizemos um espetaculo em Odivelas e calhou-me a mim contactar os artistas!
Como empresária feita a martelo, tinha um problema enorme: Não tinhamos dinheiro, mas queriamos fazer algo que "ficasse" e de que nos orgulhassemos.
Bati a algumas portas mas a falta de dinheiro não ajudava muito. Então falei com uma Senhora magnifica, a Maria Guinot, que ficou encantada em vir cantar para nós. Quando lhe ia começou a falar das dificuldades financeiras e tal, ela interrompeu-me e disse que fazia questão de uma coisa: ela não nos iria levar dinheiro!
E perguntou porque não falavamos com o Zé Morais, para que dissesse poesia, entre as suas canções.
Fiquei um pouco surpreendida, e disse-lhe que não tinhamos grandes dinheiros. Ao que ela me respondeu que eu só me preocupava com isso porque não conhecia o Zé! Deu-me o número dele e eu liguei-lhe. A disponibilidade dele foi total: Viria com todo o gosto. Quando? Onde? Como?
Quando lhe falei em dinheiro disse-me: "Camarada, isso nunca impediu que o Partido fizesse anos! Quem falou em dinheiro?"
Bom, o José Morais e Castro veio a Odivelas dizer poesia (também do Ary), a Maria Guinot veio cantar, com dois amigos, almoçamos juntos e tivemos um espetaculo lindissimo!!
No fim, qualquer um deles se disponibilizou para voltar, e o Zé disse que voltaria todas as vezes que o Partido precisasse dele!
O camarada Morais e Castro foi lutar para outros palcos, mas estará sempre connosco, de punho erguido, a defender que Sim, é possivel uma vida melhor.
Um abraço
Os bons estão a partir muito depressa e lá ficamos rodeados de lixo indiferenciado...
Abraço.
Para todos:
Obrigado por terem aqui passado!
Beta:
Belo testemunho!
Abraços.
O Camarada Morais e Castro está vivo nos nossos corações.
Foi como um verdadeiro comunista que ele viveu, lutou, criou, sonhou e amou. Ele ensinou-nos que a paixão pelo um ideal, um sonho, pode e deve comandar uma vida.
Vale a pena lutar porque vale a pena sonhar! Até sempre Camarada!
Não quero deixar de juntar a minha às vossas vozes, nesta circunstância particular!
Ver morrer os "nossos", faz doer como se nós próprios tivessemos morrido um pouco.
Senão física, com certeza, moralmente.
É que já somos tão poucos!...
...Para o que é preciso, pelo menos.
Para mim, o Morais e Castro era um dos nossos que ainda "mexia", lá onde os "nossos" em regra não chegam exactamente porque são "dos nossos"...
Era mais do que isso, claro: era um excelente actor que adorava sê-lo e cuja adoração transparecia e contagiava, chegando, por vezes, a empolgar-nos.
Era um 'sinal'---quase um código, uma cifra, algo que nos fazia acreditar que estávamos, como 'família', afinal, vivos: ele era a prova disso de cada vez que (res) surgia---mas era também, de um modo muito especial, um motivo de íntimo e vibrante orgulho porque demonstrava que, afinal, também 'nós' éramos bons e sabíamos fazer coisas como os 'outros', aqueles que não tinham, como nós, de lutar diariamente contra "dragões" e coisas assim para serem ouvidos.
Agora, a "nossa" voz ficou, PARA JÁ, um pouco (ou , pelo contrário, um MUITO?) mais débil mas estou certo de que vai, não há-da tardar muito, ressurgir (como ressurgiu depois de perdas em si mesmas irremediáveis, algumas tragicamente ainda bem recentes) e com a mesma clareza, o mesmo vigor e o mesmo cristalino timbre de sempre até porque havemos de querer que o 'Zé' Morais e Castro, lá para onde foi, saiba exactamente isso: que não calamos.
Por nós próprios, por ele, por tudo aquilo em que nós e ele acreditamos e queremos que seja realidade.
Pelo menos, tão real como esta dor que não conseguimos deixar de sentir pelo desaparecimento brutal e sem remédio de um Amigo.
Adeus, 'Zé'!
A gente (re) vê-se lá, um dia destes, ham?
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