terça-feira, 22 de junho de 2010

Saramago – O “rei”, o Vaticano e as poias...



Avançando para (espero bem que seja!) o encerramento deste assunto, não citarei nomes nem farei a "caridade" de um link para os numerosos textos e comentários abjectos, mais ou menos festivos, mas sempre abjectos, vindos de blogs, das suas caixas de comentários, ou de alguns dos já nossos conhecidos cronistas de últimas páginas de jornais diários... aqueles a quem tenho classificado como poias de cães espalhadas pelos relvados dos jardins... e que basta ter o cuidado de não pisar, para serem inofensivos, embora sempre nojentos.

Assim, avançarei para apenas duas das várias reacções à morte de José Saramago que me ficaram no ouvido. A primeira, pela patética insignificância do actor; a segunda, pelo tremendo significado... e importância (para alguns) dos protagonistas.

1- O eterno candidato a “rei” de Portugal, D. Duarte Pio, mais uma vez piou, fazendo a sua periódica prova de vida, regougando: «É simbólico que Portugal homenageie hoje um homem que é contra Portugal», referindo-se, obviamente, à homenagem a Saramago... um argumento tão balofo quanto repetido. Uma calúnia que aqueles que o odeiam nunca retiraram, mesmo sabendo-se ser mentira, mesmo sabendo-se que, embora ofendido por alguns, Saramago continuou a editar os seus livros em Portugal (e a aqui pagar os seus impostos), a honrar o nome do país e da sua cultura, nunca misturando a ofensa de uns poucos energúmenos com o povo da sua terra, povo que amou longa e publicamente, de forma arrebatada e apaixonada, para o bem e para o mal... entre zangas passageiras e comoventes momentos de ternura.

Isto mostra que D. Duarte Pio (para além da esperada Oferta Pública de Aquisição do seu cérebro pelo mediático sucateiro de Ovar) serve para muito pouco, ou mesmo nada, como invariavelmente acontece aos “reis” sempre que estão fora do baralho.

2- O Vaticano, por intermédio do seu jornal, nem esperou que o funeral tivesse lugar, para bolçar o seu ódio ao escritor e ao homem, numa série de declarações impiedosas apenas explicáveis pela distância tremenda a que esta colectividade alegadamente cristã se colocou do pensamento do seu histórico “fundador”.

Isto mostra que o facto de José Saramago ter vivido quase até aos noventa anos e, ao morrer, ter sido cremado por sua vontade, entre as lágrimas e os aplausos de muitos e muitos amigos, em lugar de ser queimado numa fogueira, entre rezas e o esgar de gozo dos inquisidores... foi um golpe que os deixou verdadeiramente “possuídos pelo demónio”.

21 comentários:

São disse...

Parabéns por estes dois posts!

Mas será que merecemis mesmo toda esta mediocridade?

Teremos que estar mesmo sob a pata de criaturas tão mesquinhas?!

Uma boa semana para vós.

anamar disse...

Só poderia esperar de ti este belo texto ...
Abreijo
:))

Cloreto de Sódio disse...

1-Bem visto.
2-Muito bem visto.

Abraço

Maria disse...

Sem mais comentários...

Abreijos
(com sabor a maresia!)

jrd disse...

O Rei D.Pio pio é uma estampa de calendário de barbearia de bairro, candidato ao Nobel da inutilidade.

cão sem raiva disse...

3- Absolutamente muito bem visto.

:)

Anónimo disse...

PROVA DE VIDA? UMA GAITA!LÁ EXTRAVASOU,FOI, NOVAMENTE A LATRINA DO TALAÇA.ESTE NÃO SERÁ DESCENDENTE DIRECTO DO COXAS DE FRANGO?

Joaquim Moedas Duarte disse...

Sarcástica e impiedosamante certeiro!
Belas malhas!

Jeremias disse...

"em lugar de ser queimado numa fogueira", não, o que eles mais gostariam era que fosse queimado vivo numa fogueira.
Fizeram-no durante séculos...e preparam-se para o fazer de novo.

Viva Saramago, com todas as suas necessárias contradições. Da discussão nasce a luz e esse era o nosso Saramago que às vezes achei teimoso.

maia disse...

Olá Samuel. O teu belo texto e o teu post lavam-nos destas porcarias. É a lei das compensações. Que bom haver um blogue que vai, duma forma racional, fundamentada e muito bonita, trazendo até nós estas análises, tão necessárias para nos ajudar a estar do lado certo das coisas. A igreja, a quem a Inquisição nunca incomodou pela brutalidade, que esteve sempre do lado de todos os poderes, pelo PODER, mais valia ser recatada, para não ferir Deus misericordioso. É só contradições. Mais não fazem do que dar razão à obra de Saramago. Como ele conhecia o mundo e os homens!
Quantos sucateiros!
Bom trabalho.

Graciete Rietsch disse...

Podíamos até discordar de Saramago, mas pôr o ódio acima da grandeza desse homem,é criminoso.Em algumas questões pontuais também não concordei com ele, mas nunca, nem por 1 segundo, deixei de o admirar como homem raro, de elevado sentido de justiça, frontal, grande escritor e revolucionário.
Saramago está na minha galeria dos inesquecíveis.

Um beijo.

Lídia Craveiro disse...

Claro, conciso e certeiro!
Bom post!

Jorge S. disse...

O " rei "
Só me saem duques com apelidos de sueca, que é o desporto nacional da terceira idade, classe reformados.O de bragança escapou, mas já está no limite do prazo de validade, qualquer dia temos mais um reformado real a jogar a sueca na casa real sueca. Nessa altura perde o pio, sem obra nem coroa, mas em-bolsando muitas coroas.
Abraço

Antuã disse...

Perder tempo com o Pio com a cheia de serradura não vale a pena. Quanto aos inquisidores é necessário estar alerta, são piores que o diabo.cabeça

Fernando Samuel disse...

Excelente!

Um abraço.

lino disse...

Ao contrário do Vaticano, a igreja católica portuguesa portou-se com dignidade, conforme comunicado que transcrevi para a minha "tasca".
Abraço

Elísio Alfredo disse...

De Saramago sabemos nós, Samuel, que o lemos, e que ajudaremos a espalhar.
Pelos vistos também Carreira das Neves, insuspeito, entrevistado na TVI, sabia e sabe quem é.
Dos ordinários não rezará a história nem a vida, que segue o seu caminho mesmo contra a vontade deles...
Um abraço

Hilário disse...

BOA MALHA!
Um Abraço

isabel cardoso disse...

Ainda que já um pouco atrasada, não posso deixar de dizer que mais uma vez revejo-me neste excelente post.O D. Duarte e aquilo que todos identificam nele, costuma ser o meu argumento mais forte a favor da República, aliás, os defensores da monarquia dão-nos razões de sobra para apoiar sempre o regime republicano.
O Vaticano esteve, nesta como noutras tomadas de posição recentes, no seu melhor apelando à intolerância e à violência, dando conta, claramente, do que pretende.
Um forte abraço...

Algarviu disse...

Não percebo a deferência para com o imbecil do Duarte, ao tratá-lo por Dom! Até porque, tendo dom por parte do pai e dom por parte da mãe, se trata de um óbvio BiDom!

Unknown disse...

Alguem falou por ai do coxas de frango,acrescento as coxas da carlota,que ao que consta foram de um serviço público digno de relevo,o cândido casalinho que se pirou para os Brasis deixando o povinho à mercê de Junot,Soult e Massena e uns descendentes queridos que mergulharam Portugal numa sangrenta guerra civil.Isto é a casa de bragança.Adeus ó meu povo salve-se quem puder eu lá vou p´ró outro lado do mundo comer as minhas coxas de frango;as da jaquina que as coma quem quiser,depois é SARAMAGO que é contra Portugal?Fracamente?Por quem sois vós sr?Haja decoro só uma coisa destas no poder poderia ser mais nefasta que o desmando a que assistimos.