Cavaco Silva - O que seria do amarelo...

O Presidente Cavaco Silva tem atrás de si um historial de animosidade contra Abril e tudo o que lhe possa estar de alguma forma ligado. Da sua actuação como Primeiro Ministro (e das brilhantes escolhas que fez para ministros e secretários de estado) nem vale a pena falar. O seu desprezo pelos políticos é notório. A insistência, já folclórica, em não pôr um cravo na lapela, nas cerimónias comemorativas do 25 de Abril é reveladora. Uma das suas primeiras acções como Presidente, que foi o afastamento do Conselho de Estado da representação do PCP (talvez para dar lugar ao seu protegido Dias Loureiro), foi definidor de um profundo sentimento retrógrado e reaccionário. Podia continuar a dar exemplos, mas prefiro saltar para o assunto de hoje.

Cavaco Silva, neste 10 de Junho, mais uma vez mostra a sua “raça”, talvez por, segundo ele próprio, ser o dia dela. Entre as muitas condecorações do costume neste dia, umas assim, outras assado, quase todas muito estimáveis, parabéns aos condecorados!, decidiu condecorar a UGT. Exactamente! Não alguém da UGT, mas sim a própria UGT. No grupo da “Ordem de Mérito”. Por bons serviços prestados, suponho...

Quando me perguntaram há pouco tempo, numa entrevista, qual tinha sido a sensação de, aos vinte anos de idade, gravar o primeiro disco (o tal “Cantigueiro”) e vê-lo ser imediatamente proibido, respondi que a sensação foi má, claro, mas que ao mesmo tempo, considero que nesse tempo do fascismo e da censura (tal como ainda hoje) havia bofetadas que sabiam como verdadeiras condecorações.

Cavaco Silva, sem querer, afinal "condecora"... a CGTP Intersindical.