sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

INEM “dramático”





Não estando desocupado o exemplar de hoje do Correio da Manhã, acompanhei a bica com uma edição já mais usada. Lá voltei a encontrar esta notícia sobre o Instituto Nacional de Emergência Médica e a contratação por este instituto de uma licenciada em teatro para exercer funções de apoio de análise do QUAR – Quadro de Avaliação da Função Pública – na sua Delegação Regional do Norte. A notícia acrescenta ainda o pormenor de que a licenciada em teatro é sobrinha de um vogal do conselho de administração da instituição.

Ainda não entendi se o tom em que a notícia nos é dada tenta instalar a estranheza no que diz respeito ao parentesco da contratada e à sua formação académica algo excêntrica para exercer a função que exerce. Se era essa a intenção, comigo não resultou. Principalmente por duas razões:

1. O facto destas contratações de sobrinhos, afilhados, filhos, cunhados, irmãos, etc., etc., acontecerem aos milhares neste país, não quer dizer que não possam ser apenas coincidências...

2. A contratação de uma licenciada em teatro para aquela função no INEM, tal como para tantos outros serviços do Estado, faz todo o sentido. Ou não é verdade que muitos destes serviços, embora cumprindo um mínimo de eficácia (devido quase sempre ao brio dos funcionários), são acima de tudo, encenações? Medíocres, na maior parte dos casos, mas encenações!

8 comentários:

Mário Pinto disse...

A menina é sobrinha do vogal, ainda que o grau de parentesco não tenha um valor superlativo, mas, filha do nepotismo é a corrupção que nos condena ao marasmo. Esta espécie de corporativismo na qual vivemos é propicia a exemplificar como alcançar o exito material, a ilusão que conforma um paralelismo entre o bem-estar e a capacidade econonómica.
Com estes "pequenos" exemplos é que se vai alicerçando a defesa da oligarquia e o repúdio pela liberdade.

Daniel disse...

Quando comecei a ler isto, pensei de imediato no mesmo que expuseste no ponto 2. E com o ponto 1 também concordo... embora acredite nele tão pouco quanto tu.

Fir disse...

Uiiii. Que chocante. Uma licenciada em Teatro vai trabalhar para um escritório, a cumprir funções para as quais se exige o 12º ano, contratada por uma empresa de trabalho temporário que, já se sabe, pagam bem e respeitam os trabalhadores. Vejam lá que uma licenciada em Teatro só pode ser atrasada mental, senão tirava outro curso. Isto só pode ser corporativismo. Isto mina a Democracia.
O que eu não entendo é como é que ninguém se choca com o facto de nas escolas onde existem disciplinas como Oficina de Teatro ou Oficina de Expressão Dramática, estas serem maioritariamente leccionadas por gente licenciada em tudo e mais alguma coisa. Alguns desses professores nunca viram uma peça de teatro na vida, nunca pisaram um palco e limitam-se a comprar uns livros com joguinhos para entreter os miúdos. Enfim, quando não há curiosos disponíveis, lá se contrata um licenciado em Teatro.
Haja pachorra.

anamar disse...

Também se pode dar o caso do velho ditado "a fome é má conselheira"...
:)))) e, não me estou a rir...
Ana

Antuã disse...

A vergonha é tanta que se eu fosse do PS já tinha posto a cabeça debaixo do combóio.

Fernando Samuel disse...

Este governo, esta política, este país: tudo uma grandecíssima... encenação.

Um abraço.

samuel disse...

CRN:
Nem mais!

Daniel:
E quem acreditará?

Fir:
?????

Anamar:
Sempre foi!

Antuã:
Foi o que eles fizeram quando aceitaram esta direcção e Governo...

Fernando Samuel:
Medíocre...


Saudações colectivas!

Fir disse...

O lugar em questão - de backoffice - exige como habilitações o 12º ANO. Ora, a pessoa em causa tem uma LICENCIATURA. Não encontrou, infelizmente e como tantos jovens neste país, trabalho na sua área de formação e teve de procurar trabalhos que exigem menos habilitações, contratada por uma empresa de trabalho temporário, ou seja, pelos reis da precariedade.
Será que o tio influenciou a contratação? Talvez. Mas ainda assim a rapariga tem mais do que habilitações para exercer as tarefas para que foi incumbida.
Por outro lado, vê-se muitas pessoas a "desempenhar funções" que exigiriam licenciatura em Teatro, sem terem a habilitação exigida. Professores de francês, português, matemática, história, inglês, educação física podem dar aulas de expressão dramática em escolas públicas, pagos por todos nós. Ao que parece, nem os jornalistas falam disso, nem o governo, nem a oposição nem a população em geral.
Moral da história: quando as tarefas de um licenciado em Teatro são "desempenhadas" por qualquer um, ninguém se incomoda; por outro lado, cai o Carmo e a Trindade quando uma licenciada em Teatro desempenha funções que podiam ser feitas por um qualquer.