Não se deixem enganar pelo silenciamento imposto pelos donos da comunicação social e pelo silêncio acobardado das suas redacções. A sessão comemorativa dos 35 anos da Reforma Agrária, anunciada para Montemor-o-Novo, ontem, realizou-se mesmo. Eu sei. Estive lá e não estive desacompanhado. A sala, que é grande, foi muito pequena. Os mais curiosos podem saber mais pormenores, aqui.
Nenhuma nacionalização de empresas ou bancos teve uma reacção tão pronta e feroz do capital e seus representantes, como o avanço dos trabalhadores agrícolas do Alentejo e Ribatejo para os campos. Era um sonho antigo, uma luta começada muito tempo antes da Revolução de Abril. Para além dos milhares de alentejanos e ribatejanos que viram a sua vida transformada para melhor, com a conquista da terra, também os muitos outros portugueses que visitaram e viram com os seus próprios olhos a realidade da Reforma Agrária, nunca engoliram as patranhas, calúnias e ataques criminosos, desenhados e financiados pela CIA e postos em prática pelo seu mais fiel representante em Portugal, Mário Soares e pelo idiota útil para a execução do crime, António Barreto.
O silenciamento e as continuadas mentiras não apagam o sangue que foi derramado lutando pelo trabalho, pelo pão, pela Reforma Agrária, nem alteram a cristalina verdade: aquela página da História do nosso país foi a única em que se viu um Alentejo (e parte do Ribatejo) sem desemprego, sem diminuição de população, com progresso económico e social, com mais produção... com mais felicidade.
Tendo estado ao serviço de quem esteve (e está) é natural que o calhordas Barreto continue a afirmar que a destruição da Reforma Agrária foi «o acto político de que mais se orgulha»... mesmo que toda a gente veja, se quiser ver, um Alentejo novamente ao abandono, novamente coberto de áreas de lazer para grupos de amigos de latifundiários e em parte vendido a espanhóis, que aproveitando os poucos investimentos públicos feitos na região, vêm cá fazer uma espécie de “agricultura furtiva”, intensiva, que certamente encherá alguns bolsos, mas que a médio prazo acabará com a vida e qualidade dos terrenos.
É preciso voltar a falar da terra. É preciso voltar a discutir a posse e uso da terra. É preciso repensar e refazer uma Reforma Agrária!
14 comentários:
Houve alguma comemoração da Reforma Agrária? Houve Reforma Agrária?
O p/tide e o seu poder branqueador...
Deixamo-lo à solta? NUNCA!!!!
A raiva à refoma agrária foi tão grande que até assassinatoos se cometeram. E isto em pleno ABRIL.
Não há perdão.
Beijos.
Por mais que nos silenciem não deixaremos de lutar.
Foi um grande roubo, uma tragédia não só para os trabalhadores Alentejanos, como para todo o país.
Emocionei-me ao ler o teu texto, a ver a fotografia, tão LINDA!
Viva a Reforma Agrária!
Bjs,
GR
E quando se voltar a falar da terra, há uma questão incontornável: a terra deve ser de quem a trabalha...
Um abraço.
A Reforma Agrária era a Joia da Revolução de Abril e teve um carrasco adepto do «socialismo-democrático» o ministro António Barreto que formava dueto com o sicário do Movimento Sindical:Maldonado Gonelha que queria partir a espinha à central sindical dos trabalhadores portugueses.34 anos de herança dos políticos da «Europa está connosco...».
Um abraço
Joseph
35 anos depois, é tempo de escrever a história da Reforma Agrária no Alentejo e Ribatejo.
A verdadeira, com sonhos e pessoas dentro.
Chega de nos enfiarem o Barreto.
P.A.
Zemanel:
Quem os ouvir e ler... pensa que não.
Graciete Rietsch:
Ninguém quer lembrar...
Antuã:
É o que os deixa possessos...
GR:
Eu sei que gostas deste “calor”... ☺ ☺
Abreijos!
Fernando Samuel:
Como nunca devia ter deixado de ser!
Joseph:
O Barreto não passa de um crápula e de um criminoso.
P.A:
Há-de ser escrita, há-de ser revivida!
Abraços colectivos.
a terra...
aquela que ainda hoje trabalhei...
segredou-me que o bater de asas das andorinhas, não ira tardar.
abraço do vale
Duarte:
Muito bonito!
Abraço.
O teu último parágrafo vale o post todo! E a fotografia!
Que pena tive eu de não poder estar...
Abreijo.
Maria:
Foi pena, sim... mas nada do que está por cá à espera vai fugir. :-)))
Abreijo.
Não se faz nada sem armas. É preciso armas de fogo.
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