Cliché número um: As trompetes são instrumentos muito barulhentos e com um som irritante.
Cliché número dois: As trompetes são tocadas por homens.
Felizmente tem aparecido um bom punhado de trompetistas que se têm encarregado de desfazer o primeiro cliché, a maior parte vindos do jazz... como Chet Baker, ou Winton Marsallis, para falar apenas em dois dos que gosto muito.
Desfazer o segundo cliché é muito mais difícil e raro. Entra então em cena a jovem inglesa Alison Balsom, extraordinária “corneteira”... e como hoje vou aqui deixar três vídeos, opto por cortar na “conversa”.
Direi apenas que se me garantirem ser sempre acordado por “isto”, vou já alistar-me na tropa, onde passarei a dormir sonhando com Debussy e toques de alvorada.
Mais para a tarde, faremos convívios em que a “corneteira” fará coisas loucas, tais como tocar concertos de Vivaldi para violino... transcritos para a trompete.
Depois, à noite, juntamo-nos todos no refeitório, imaginamos que estamos no Royal Albert Hall, acompanhados pela Orquestra Sinfónica da BBC… e pedimos à nossa capitã para fazer a sua imitação da mezzo soprano Sarah Connolly… quando lhe dá para resvalar da ópera para o jazz. Claro que também aqui não passaremos sem a trompete da nossa "corneteira"… e faremos a nossa “guerra” à má música, até que chegue a hora de tocar a alvorada e comece tudo de novo.
Bom domingo!
“Syrinx” – Alison Balsom
(Claude Debussy)
“Concerto para violino em Lá menor” – Alison Balsom
(Antonio Vivaldi)
“They Can't Take That Away from Me” – A. Balsom/Sarah Connolly
(Ira Gershwin/George Gershwin)
11 comentários:
Estes concertos maravilhosos onde se verifica uma associação perfeita de vários instrumementos desde a trompette,violino... e até voz humana,fazem-nos esquecer, por momentos, o pesadelo que vivemos e reavivar a esperança num mundo de Harmonia e Paz.
Um beijo
Poça, que até nos falta o ar!... Obrigado Samuel.
Uf!... Vivaldi, então, assim é outra coisa...
Um abraço.
No meu tempo da tropa não nos acordavam com estes «toques»...
Dois (des)apontamentos e um apontamento
Dizes, meu amigo, dois clichés sobre intérpretes de trompetes.
Para quem gosta de jazz, o som duma trompete é tão sublime que, chamar-lhe barulho, é este que acaba por ser “ruído”. Talvez porque o kitsch predomina, arranja-se uma desculpa.
Relativamente à questão do género, é o costume. Há um risco: não é bom (ou melhor) por ser mulher. Nada tem a ver com esta, na verdade extraordinária.
Digo isto de forma abreviada (e não sei se compreensível) porque sei que, em complemento ao que disseste, concordarás comigo.
Acrescentarei outro: tocar trompete é coisa de pretos.
Miles Davis, Dizzy Gillespie, Armstrong, Freddie Hubbard, Eldridg,
são alguns dos que eu mais gosto.
Este “cliché” tem contudo coisas mais graves: a ignorância (não só musical) e um conceito de classe ao qual nos opomos.
Obrigado por teres trazido estes vídeos de Alison Balsom. É uma intérprete e peras!
Um Abraço e bom Domingo
João
Estou, leigo e de mal educado ouvido, maravilhado. Então o concerto transcrido do violino para o trompete! Até parece mentira que o tal Vivaldi não o tenha escrito para trompete.
Já lho deram a ouvir? (eh!eh!)
Muito obrigado (ainda por cima a miuda é gira à brava!)
Grande abraço
Já me alisto.
Quando é que ela respira?
Um abraço,
mário
Encantador, o teu devaneio! Também me posso alistar??
Que bom gosto!!!
Na tropa heim? Isso é que é imaginação!
Bom Domingo.
É óbvio e toda a gente sabe que as trompetes ou trombetas são tocadas por anjos, ora os anjos não têm sexo, são anjos e pronto. Nenhuma música tocada por anjos é irritante como tu bem prováste aqui. Há realmente ideias feitas que são só isso, preconceitos.
Ontem foi dia de trabalho :(
Mas domingo é quando um homem quiser, certo? Obrigada por este som maravilhoso!
Abreijo.
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