quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Jornalismo indigente – Apenas simples "acidentes"?



Por vezes tenho a sensação de ser de um tempo em que os ardinas - pelo menos alguns - sabiam mais de jornais e jornalismo do que uma boa parte dos “jornalistas” de hoje.
Nos tempos que correm, os bons jornalistas teriam uma bela vida... não fosse o (a)caso de praticamente todos terem sido empurrados para o desemprego, ou arrumados em prateleiras pelos merceeiros e patos bravos que detêm os jornais, televisões e rádios.
Nos tempos que correm, um jornalista que saiba escrever e falar de forma escorreita, é um craque; se souber escrever bem e for culto... é um “deus”.
Tudo isto por contraste com o caudal de “hums”, “haams”, “âââs” a abrir, fechar e pontuar a torrente irreprimível de asneiras que lhes sai pela boca ou pelos teclados dos computadores. Uma estepe de ideias rasas e secas, onde um acidente de viação é sempre “uma amálgama de ferros retorcidos” e um incêndio (embora o “rótulo” já tenha servido uma vez para uma cheia, que eu bem ouvi!) seja sempre um “cenário dantesco”. Uma vaga constante de lugares-comuns, em que as cidades não têm nome, sendo sempre ou invictas, ou dos arcebispos, ou cidade-berço, ou dos estudantes... ou do raio que os parta. Um remoinho de conceitos politicamente correctos onde, não tarda nada, até a chuva molhará a terra... mas sempre  “alegadamente”.
Há uns dias, ri-me com a “profunda cultura popular” de um (ou uma) jornalista que, ouvindo Jerónimo de Sousa pronunciar-se sobre a "mulherZita" dos microfones nos ares condicionados, afirmando não valer a pena «gastar mais cera com tão ruim defunto», acabou por escrever no jornal «gastar cera contra o ruído de fundo».
Agora foi uma outra profissional das palavras, em televisão, que ao apresentar umas imagens com declarações do deputado do PS Carlos Zorrinho, em que este, comentando mais um falhanço do Governo, falhanço que, segundo ele, poderia ter sido evitado se o Governo tivesse dado ouvidos ao PS, utilizou um dito popular (e bem... honra lhe seja feita) dizendo que «não vale a pena chorar sobre o leite derramado».
A brilhante “jornalista”, depois de uns tropeços numa mão cheia de “hums” e “hams”, lá conseguiu “reproduzir” o que o deputado disse:
«Carlos Zorrinho diz que não vale a pena derramar o leite»
Não sabem nada! Não leram nada! Não têm um pingo de cultura popular, ou impopular... ou de qualidade nenhuma (para citar o grande Vasco Santana, falando sobre a sua grande dificuldade em conseguir “pregar olho”)! Quem é esta gente? Quem os põe a fazer de jornalistas? Esta porfia na estupidificação dos meios de comunicação social é propositada?

15 comentários:

Antuã disse...

´´E uma tristeza uma pessoa não reconhecer os seus erros e não querer aprender. Também se fossem cultos não estavam ao serviço dos ladrões encartados.

Vasco Reis disse...

Perfeitamente de acordo,uma cambada de imbecis,aliás esta rapaziada que saiu das" faculdades" doutores da mula "russa"...sem provocação!
Dizem bem do nível do secundário e do universitário.Os srs. professores nunca se manifestaram contra a ignorancia que eles próprios fomentaram,nunca os ví lutarem por melhores instalações,melhores programas,melhores condições de trabalho.Quando tocou nos restantes
interesses...aqui del-rei.Agora é o que se vê.

Graciete Rietsch disse...

Ignorantes e mal intencionados!!!!

Um beijo.

do Zambujal disse...

Tens toda a razão! Às vezes inté arrepia os poros do cérebro...
Continua a derramar leite que valea pena ir chorando ou, no fundo, ir deitando cera sobre tais ruins.

Um grande abraço

maia disse...

Esta estupidificação é mesmo propositada. Não tenhamos dúvidas. Os "hums" e "hams" cansam tanto, que já nem os ouvimos. Depois vêm dizer o recado que lhes deram. Por isso, esta forma atabalhoada de quem respira mal, dá-lhes um jeitão ( aos senhores donos da comunicação, da CENSURA) Não há bons jornalistas? Claro que sim, falando sem gaguejar. São tão incómodos, que o melhor é esquecê-los!

Aurora disse...


Eu limito-me a transcrever um pensamento de Stephen-Hawking:

O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento.

saitica disse...

Esses irmãos portugas, são defudê, pois não !...
Muitas "coisas" foram ditas, mesmo assim, tô fora!
Vocês criam uma língua complexa que é o português e querem que outras culturas, outros povos, aprendam da mesma maneira que vocês entendem, mesmo sem ter vivido o mesmo luar, bebido da mesma água. O português,francês, ezteca,... que se transforme em língua sonorizada e gestual. Viva Portugal e seu povo em polvorosa.
Alegria e sorte aos cantigueiros.
daniel de andrade simões, um vice-idiota. Tem vaga para o titular.

trepadeira disse...

É propositada e verrinosamente utilizada.
A todos eles foi bem ensinado como servir os donos.

Um abraço,
mário

Anónimo disse...

Aplausos pela verdadeira pérola que escreveu!
Apenas o o ponto de interrogação no final seria dispensável.
João

Anónimo disse...

Sr. Vasco Reis
Já seria bom que certos encarregados de "educação" não acorressem às escolas a bradar aos céus sempre que um professor tem a ousadia de ser mais exigente. Ou que não fossem queixar-se porque um professor de Língua Portuguesa foi tão exigente ao ponto de ter corrigido erros ortográficos. Quanto a estas questões de qualidade da educação não constarem dos protestos dos docentes, recomendo-lhe uma leitura atenta dos protestos e que converse com alguns professores. Talvez se surpreenda.
Maria Gomes

Anónimo disse...

Claro que é propositada e tem duas vantagens para os capatazes contratantes, pois:
- escrevem/dizem todas as asneiras que lhes encomendam;
- e nem precisam de amordaçar-lhes a inteligência ou a cultura, porque já vêm amordaçadas de origem.
Escrevi inteligência, quando o mais adequado neste caso seria intelijumência.
Margarida - Mafra

Pintassilgo disse...

Este Vasco Reis gosta de meter umas argoladas.

Vasco Reis disse...

Já percebi a culpa é dos encarregados de educação.Obrigado caríssimos professores ainda não me tinha lembrado dessa.

Anónimo disse...

Então... e os helicópteros? - que passaram a ser, por regra da maioria das repórteres: "ilekópetros";
E, os bêcos? - que deram lugar aos
"békos". A estes, bem o Peça mandava "bardamêrda".

Rui Silva

Olinda disse...

Os arremedos de jornalistas da nossa praca,servem bem o sistema.
Tambêm,nao lhes devem pedir que sejam cultos.Desde que sejam servis,atê podem ser asnos.