domingo, 17 de março de 2013

Fanhais - Canto do ceifeiro


Depois da bela experiência colectiva que foi o nosso “ensaio geral” com público, no passado dia 6, em Arraiolos, a digressão do nosso espectáculo dedicado ao fenómeno da Reforma Agrária e integrado no centenário do político, criador artístico e ser humano que foi Álvaro Cunhal.
Aproxima-se um mês de Abril meio alucinado com trabalho, entre canções e outras actividades. Uma forma de dar a conhecer o nosso repertório a quem não tiver oportunidade de assistir a nenhuma das apresentações destes convívios de memórias, amizades, História e canções da resistência e de intervenção... irei aqui apresentando algumas dessas canções. Dentro de algumas semanas poderei mesmo publicá-las já cantadas por nós, ao vivo, ou tiradas do CD de estúdio que vamos fazer... ou, como hoje, cantadas pelos seus criadores originais.
Este “Canto do ceifeiro” faz parte de um grande “LP” (Canções da cidade nova – 1970) do Francisco Fanhais” e tem versos de Eduardo Valente da Fonseca e música de F. Fernandes. Como nós não temos a voz de cristal do Fanhais... no espectáculo... fazemos o que podemos.
Bom domingo!
“Canto do ceifeiro” – Francisco Fanhais
(Eduardo V. Da Fonseca/ F. Fernandes)



13 comentários:

São disse...

Obrigada por estes momentos belissimos!

Bom domingo para vós....e sucesso para os espectáculos.

Anónimo disse...

Que bom ouvir estas canções e dedicadas a quem sempre esteve à frente dos acontecimentos. Quando Álvaro Cunhal dizia que não deviamos entrar na CEE sabia bem o porque!
Obrigada por estes momentos de tranquilidade porque são tão poucos. Pois, quando olhamos à nossa volta,vemos o espectro da miséria e fome!
Uma boa semana
Vicky

Graciete Rietsch disse...

Tudo tão lindo!!! A imagem, a canção, o poema, a voz de Fanhais e a homenagem à Reforma Agrária destruída pelos abutres que cedo se instalaram em Portugal.
Homenagem também ao nosso sempre presente camarada Álvaro Cunhal.
Uma palavra de saudade para o Eduardo Valente da Fonseca.

Um beijo para ti e obrigada por nos fazeres reviver o acontecimento maravilhoso que foi o 25 de ABRI.

Luis Filipe Gomes disse...

Abril em Março e sempre.
Abril na voz do magnífico Fanhais.
Abril também contigo neste precioso Blog.

Juca disse...

Um ateu que gostou de um padre. Aconteceu-me em 1970 em convívio com os meus colegas como alunos na Escola Alfredo da Silva - Barreiro. Mantenho os mesmos gostos.
Hoje mais que nunca!

Ana Loura disse...

Tenho saudades vossas...O Abril em Maio está aí. Não sei se na última edição. A Direcção do Asas irá mudar e não faço ideia se a nova abraçará este projecto que já está na quarta edição. Se se mantiver quem sabe para o ano será este o figurino... Mais uma vez, querido Samuel, obrigada pelo teu apoio desde o primeiro segundo. O teu e o do Manel. Depois chegou o nosso Chico, o Fanha...e os de cá. Este ano será a Brigada a vir desse lado do mar..."Abeijos"

samuel disse...

Ana Loura:

Então a festa vai ser em grande... outra vez! :-) :-)

Abreijos colectivos!

Bolota disse...

Samuel,

Num 25 de Abril qualquer algures por ai, por altura das chacinas em Timor, enquanto o Falhais actuava fui escrevendo estes versos que fiz questão de lhe oferecer. Não sei se valem alguma coisa e muito menos sei o destino que ele lhe deu, como estavam escritos num guardanapo... e dizem assim:

Mas que Merda

È em Timor
No Kosovo
Na palestina
Em Angola.
Tudo feito pela paz
Mas o povo é que se amola.
Qualquer dia em Portugal
Na Mongólia ou no Japão
Há guerra declarada
Só na América
Não.

È resgatado um soldado
Chacinados um milhão
Deslocados não sei quantos
Mais vidas perdidas,
Não.

De seguida são doados
Os sobejos de salão
Onde entra a Coca-Cola
Só a amizade
Não.

Mas que merda…não percebo
Aonde está a razão
Porque morrem inocentes
Só os assassinos
Não.

Abril/99
Leandro

Abraços

Reaça disse...

Da geração do que foi "sacerdote" Fanhais, quando se terminava a 4ª classe nas nossas aldeias cheias de crianças, havia sempre meia dúzia de garotos que iam para o seminário.

Poucos chegavam a padres.

Mas o seminário era uma boa maneira de tentar fugir à vida agrária que nos esperava, que era em Portugal uma boa maneira de "empobrecer alegremente".

Ainda estou para compreender como se tentou sonho da Reforma Agrária

samuel disse...

Reaça:

Não admira que não compreenda!
Que bela confusão que para aí vai... :-)

augusta disse...

Aqui ao lado, entre muitos, Canções da Cidade Nova, este vinil do Fanhais.

"Canta ceifeiro canta,
sob o sol de Agosto, canta,
a terra é tão farta e tanta,
que chega para a tua fome
e cresce para a tua manta

Canta ceifeiro canta
a charneca e não sossobres.
Espanta o medo e o cansaço,
aguenta mais um pedaço
e canta ceifeiro canta
o heroísmo dos pobres."

Nos jardins da A.A.C.,

"Canta ceifeiro canta
o Alentejo todo teu,
canta a charneca em flor,
canta o trigo com suor,
canta a lonjura do céu.
Canta ceifeiro canta
em Serpa. Cuba ou Ermidas,
já que os braços são pequenos
dêem-se as vozes ao menos
que as vozes serão ouvidas.

Canta ceifeiro canta
canta sempre sem espanto
tudo quanto tanto anseias,
que não vem longe o minuto
do teu suor ser enchuto
e tu seres a própria Paz.
Canta ceifeiro canta
e diz de quanto és capaz,"

As muitas vezes que cantamos com ele,

"Canta esses sulcos vermelhos
como as tuas maiores veias,
canta a luta e a tua sede
os azinheiros e o trigo,
canta a carne e o desabrigo
por todo o frio do inverno,
canta a morte dos teus filhos
mais a dos teus companheiros,
canta sempre canta, canta
belas canções de ceifeiro,
que o Alentejo cresceu.
dos teus braços de sobreiro
erguidos ao sol de estio,
e de todo o teu suor
Já do tamanho dum rio."

Sempre bom de ouvir estas canções, silêncio, são momentos no mais-que-perfeito.

"Canta ceifeiro canta
o Alentejo todo teu,
que nele foi que nasceste
com raízes desde o fundo,
e nele os irmãos da terra
vem sendo há muito ofendidos
nos seus sempre sagrados
e humanos cinco sentidos.

Canta ceifeiro canta
canta com ânsia e bravura
e que o canto que se levante
dê mais força à tua altura"

"Canta ceifeiro canta
e diz de quanto és capaz"

Somos, temos que ser capazes!

Ana, o orçamento é magro, está ultrapassado, mas vocês vão à luta, não desistem, Parabéns!

Por este momento, lembrando Eduardo Valente da Fonseca, cantando com o Fanhais,
obrigada ao Samuel, pela partilha

a ti, Ana, pelo vosso Abril em Maio, Parabéns!

José Gomes disse...

Olá Samuel,
Obrigado por esta canção interpretada pelo Fanhais, que me veio lembrar bons tempos de lutas e de sonhos.
Um abraço para o Xico (Francisco Fanhais, não quero confusões) deste amigo do norte, José Gomes

Olinda disse...

Ê semore com prazer que ouvimos os nossos cantores.Fazem lembrar,outros tempos e,fazem lembrar tambêm,que os herdeiros do passado andam jâ,por aî.A cantiga,como arma,comeca a fazer de novo sentido.


Um abraco