O Pedro Caldeira Cabral é um enorme músico. Toca "mil" instrumentos... e guitarra portuguesa. Quando interpreta a música de Carlos Paredes é (para mim) o único guitarrista que realmente o faz “aparecer” aos nossos ouvidos... e quase aos olhos.
Há muitos anos, andei “na estrada” durante algum tempo com a fadista Maria Amélia Proença. Eu cantava uma canções que iriam mudar o mundo... ela cantava (bem) fado. Era acompanhada à viola pelo parceiro de muitos anos do Carlos Paredes, Fernando Alvim e Pelo Pedro Caldeira Cabral, jovem guitarrista, apenas dois anos mais velho que eu. Uma noite, antes de um espectáculo e aproveitando o raro conforto de um (ainda mais raro naquele tempo) camarim para os artistas, mostrava-lhe eu uma bela guitarra clássica de construção artesanal que tinha comprado na Alemanha (chamava-se “Anika”). O Pedro pediu-me para a experimentar, gostou do peso, gostou do som... e com um ar muito natural tocou uma pérola que me deixou de boca aberta. Por ser tão bonita e tão bem tocada. Até esse dia nunca o tinha ouvido tocar outra coisa além da guitarra portuguesa de fado.
Fiquei então a saber que aquela pequena maravilha era uma das valsas venezuelanas, compostas para guitarra clássica por António Lauro, o que nos traz finalmente à música e à guitarrista de hoje, que já tinha ameaçado aqui divulgar. Presumo que um grupo de “deuses” desocupados tenham tropeçado numa guitarra clássica e gostado do som... e que tenham resolvido criar (mais) um ser perfeito para a tocar. Saiu-lhes esta Ana Vidovic. É um conjunto perfeito de técnica, claridade impressionante do som... e tudo o mais que se vê e ouve.
Ficam aqui apenas dois dos muitos vídeos possíveis. No primeiro toca duas dessas valsas venezuelanas, sendo que a segunda, que começa passado 1 minuto e 45 segundos, é exactamente a da tal da estória com o Pedro. No segundo vídeo (com muito má imagem) e ainda muito miúda, toca com uma igualmente miúda violoncelista... de que ainda ouviremos falar.
Fiquem com a Ana Vidovic. Nasceu em Karlovac, Croácia, em 1980. Começou a tocar em palco em 1988. Chamo, finalmente, a atenção para a desconcertante semelhança entre a maneira de tocar da Ana e a minha: ambos tocamos sentados!
Bom domingo!
“Valsas venezuelanas 2 e 3” – Ana Vidovic
(António Lauro)
“Ana Vidovic”
11 comentários:
Fantásticas!
Bom domingo.
Abreijos.
Palavras para quê?
Merci!!
Gostei.
Um belo tema.
Tem uma execução perfeita e uma sonoridade extraordinária.
Joseph
Que bem que sabe ter uma coisas destas logo de manhã
Obrigado Samuel
Fantástico
e lá continuas tu com a mania de nos dar a conhecer "esses" seres, que têm "apenas" 10% de talento e 90% de muito trabalho!! :)))... és mauzinho:)))... ou sou eu?... :)))...
vovó Maria
Que lindo!!!!! O primeiro video mostra-nos uma grande guitarrista. O som ultrapassa o vibrar das cordas e adquire forma, volume e envolve-nos totalmente. O segundo video já revela duas grandes músicas.
Um beijo.
Simplesmente lindo!!!
Obrigada Samuel
Bonita(s) história(s). Boa de ler, de ouvir, de ver.
Obrigado!
Quanto ao "desconserto" das tuas referências a diferenças e semelhanças, preferia referir-me a outras diferenças bem mais visíveis que a parte da anatomia que se senta... sessenta?! Já os fizeste? Olha que ela, a tal Ana, com certeza que ainda não (e tem muito mais cabelo!)
Abraços
no pimeiro vídeo, fica a elegância (e a bela execução).
no segundo uma simbiose interessante.
gostei . obrigado pela partilha.
abraço do vale.
Tão «fácil», tudo!...
Um abraço.
Per tutti:
Ainda bem que gostaram! É um excelente sinal... ☺ ☺
Abraços a perder de vista.
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