segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Unidade na acção – Gosto muito... mas agora esperem um pouco!


Fiz bem em esperar várias horas para falar sobre o desenlace do “caso das candidaturas”, que só adquiriu este nome com ares de trama policial, porque alguns decidiram transformar num enredo judicial aquilo que nunca deveria ter saído do âmbito da política. Sem esta espera, a coisa sairia, porventura, muito mais agreste... o que não seria bom para ninguém.
Fico satisfeito com a decisão do Tribunal Constitucional, por mais que não goste de alguns dos candidatos que assim viram viabilizadas as suas candidaturas. Como toda a gente, tenho o melhor “remédio”: não votar neles!
Na verdade, continuo a achar que as únicas limitações aos cargos políticos, não só aceitáveis, como urgentes e salvo as conhecidas excepções constitucionais como é o caso da Presidência da República, deveria ser a da competência para o cargo, a capacidade de trabalho, a honestidade e, sobretudo, o apoio dos eleitores... por mais que me custe ver, de forma excepcional, felizmente!, esse apoio ser dado a escroques como Jardim ou Isaltino, para mencionar apenas os dois casos mais famosos.
Assim, continuo a considerar que a lei de limitação não deveria existir. Porém, já que foi aprovada nesta forma dúbia e incompetente e depois de instalada a dúvida sobre a possibilidade de a limitação ser apenas territorial, havia toda a legitimidade em explorar essa dúvida.
Não estranhei a tentativa dos senhores de um movimento, o tal do nome meio afascistado de “Revolução Branca”, terem tentado esta “causa” como meio para aparecerem e - esperavam eles - facturarem um grande apoio popular para o seu justicialismo de tasca, com o fito de, quem sabe, passarem futuramente a partido.
Estranhei muito mais que o Bloco de Esquerda tivesse enveredado por uma posição fanática contra o que chamam os “políticos eternos”, sobretudo quando eles próprios tiveram, até há bem pouco, um líder que abandonou o cargo dirigente no final do ano passado, já quase aos sessenta anos de idade, sendo que era dirigente político desde antes de 1974. Claro que foi mudando o nome das organizações que dirigiu... o que, não sendo um "truque", tal como o não é a questão territorial das candidaturas autárquicas, vem a dar no mesmo.
Seja como for, passado o calor das trocas de argumentos contra e a favor das queixas em tribunal e tentativas de boicote de eleições na secretaria, a imagem que me vai ficar na memória, temo que durante muito tempo, é a do ar sorridente de vários dirigentes do BE, quando fizeram uma famosa (e bem vinda!) reunião com uma delegação ao mais alto nível do PCP, saindo com discursos sobre a urgência e importância da “unidade de acção” e “convergência de objectivos”... quando era evidente já saberem então que, passados apenas uns poucos dias, iriam tentar boicotar várias candidaturas da CDU.
Na minha qualidade de independente, logo, sem disciplina “partidária” para além daquela a que as minhas convicções (e percurso de vida e amizades pessoais) obrigam, admito, ainda assim, a necessidade de apagar este episódio caricato quanto antes e caminhar, sempre que possível, para a desejada unidade na acção... só que a falta de pachorra a que a minha idade já dá algum direito, fará com que, pelo menos durante uns tempos... não me “vejam os dentes”.
Mais ainda... se, como será desejável, voltarem a sentar-se a uma mesa de conversações os dirigentes dos dois partidos, devo dizer que, ao arrepio da imagem de sectarismo e intransigência com que costumam tentar caracterizar os dirigentes comunistas, gabar-lhes-ei a abertura de espírito e a capacidade de encaixe, por voltarem a conversar com um grupo dos mesmos dirigentes do BE que, mais uma vez, poderão traí-los horas depois de saírem da reunião
Esperemos que assim não seja! Felizmente eu não sou perdido nem achado nestas decisões e posso dar-me ao luxo de ser compagnon de route de quem entendo. Para já, trata-se de participar, activamente e com muito prazer, na campanha eleitoral autárquica.
Trata-se, uma vez mais... de tomar partido! Pela CDU!

29 comentários:

Anónimo disse...


Nem mais.

Maria do Amparo

Anónimo disse...

A esquerda em bloco vota no Bloco!

Zé Manel disse...

concordo! pela questão da lei e pela política.
1- a questão da lei:
em primeiro lugar era obvio que a lei permitia a recandidatura em território diferente - pois o que não se proíbe permite-se...e em caso de dúvida, opta-se pela liberdade. Depois porque a tal lei (com a qual até discordo) tinha como princípio geral impedir a cristalização política, a perpetuação política e estimular a alternância democrática: ora é obvio que nos concelhos onde os três mandatos foram cumpridos estes princípios estão garantidos por esta lei.
2 - A questão política.
O BE entro nesta luta em nome de um principio republicano. Que como todos os princípios é naturalmente discutível. Ora estranho é que o BE escolha os principios republicanos a la carta..ou seja uns são bons outros não. Assim de repente fico sem perceber porque é por exemplo o BE não defende o hopotético principio republicano da incompatibilidade entre o exercício de deputado com o de candidato a presidente de câmara - era bem esgalhado não era? por mim discordaria de tal desvario..mas sobretudo não deixo de notar a coerência do BE que nunca fala disso: é que esse "principio" não dá jeito nenhum a um partido que tem "republicanamente" todo um grupo parlamentar envolvido nas autárquicas!! !!

Ponto de Interrogação disse...

Excelente análise e conclusão - admirável pela objectividade, assertividade e imparcialidade.

Parabéns - como sempre! E obrigada por estas partilhas e tertúlias virtuais que são tão salutares! ;-)

Maria disse...

Subscrevo. Completamente. Na totalidade. Todinho, todinho.
É isto mesmo!

Beijos aos molhos.

Augusto disse...

O Presidente da Republica, só pode candidatar-se a dois mandatos, por imperativo Constitucional

Certamente para o PCP, uma Constituição CLARAMENTE anti-democrática, porque impede um cidadão na plenitude dos seus direitos, de se candidatar a mais de dois mandatos, à Presidência da República.

Quando deveriam ser os cidadãos pelo seu voto a decidir.

O Puma disse...

Seja como for

que seja abrangente a todos os cargos políticos
a todas os órgãos de soberania

samuel disse...

Augusto:

Você sabe muito bem que eu sei que você sabe… que está a comparar coisas incomparáveis.

O cargo absolutamente uninominal e supra-partidário do Presidente da República, nada tem que ver com uma candidatura colectiva para uma autarquia, em que o cabeça de lista, mesmo depois de tomar posse como presidente da Câmara, pode ser substituído permanentemente pelo segundo da lista, sob qualquer pretexto, até de ordem pessoal… lista colectiva que, em condições normais, continua a prestar contas ao programa PARTIDÁRIO que a elegeu.

Você sabe perfeitamente… mas preferiu fazer este comentário sonso. É pena!

A graçola sobre, pela "limitação" do PR, o PCP poder achar a Constituição "claramente anti-democrática", quando foi um dos partidos que a escreveu e votou inicialmente, sendo que, desde então, tem estado sempre na frente da sua defesa… é apenas uma pulhice intelectual… mas paciência.

Saudações.

samuel disse...

Anónimo (11:38):

Boa piada!!! :-) :-)

Anónimo disse...

Boa piada não, tenho a certeza de que o Zeca e o Ary, se fossem vivos, votavam no Bloco. É a verdadeira alternativa de esquerda - devia ser o Bloco e o PC, mas não há maneira de se conseguir uma união. Infelizmente o povo ainda não acordou e vai votando nos três bastardos do centrão.

Augusto disse...

Repito Samuel:

Para o PCP ser coerente, tem obrigação de apresentar de imediato na Assembleia da Republica, uma proposta para alterar a norma ANTI-DEMOCRATICA da Constituição , que impede um cidadão, neste caso o Presidente da Republica, de se candidatar a mais de dois mandatos.

Quanto á UNIDADE na ACÇÂO ela não se proclama , FAZ-SE.

Mas estranho , que o PCP queira fazer unidade na acção, com um partido, que ainda há bem pouco tempo, o Jerónimo de Sousa dizia, que os patrões comiam ao pequeno almoço.

E de sonso meu caro, não tenho nada.

Já agora , se a lista da Camara é colectiva, porque é que os cartazes de Lisboa e de Almada só divulgam o seu cabeça de Lista em letras garrafais?

samuel disse...

Anónimo (17:47):

Por que raio é que em relação ao Ary, que foi militante do PCP até ao dia em que morreu, que foi a enterrar, coberto pela bandeira do seu partido, ao qual deixou todo o seu espólio e direitos... você ousa dar-se ao desplante de ter a pouca vergonha nas trombas... para afirmar que ele, hoje, votaria no BE?!!!

Você é medium... ou apenas um provocador de merda?

samuel disse...

Augusto:

Você, realmente... não vale a pena.

Essa SONSA desonestidade que consiste em fazer de conta que não percebe o que lhe dizem... é repelente!

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Eu penso que a Lei de Limitação de Mandatos deveria ser nacional. Porquê? Porque entendo que assim seria democrático o seu espirito, e evitava a vergonha dos "saltinhos", ou de outros estratagemas.
Que a actual Legislação seja devolvida ao Parlamento para discussão pormenorizada de nova proposta, que deixe de contemplar o que já se mencionou no parágrafo anterior.

Antuã disse...


Este augusto personagem é sempre assim teimoso.

samuel disse...

Manuel Norberto Baptista Forte:

Com todo o gosto discordo, para reafirmar a minha convicção de que nem deveria existir qualquer lei de limitação.

Assim, não haveria nem "saltinhos", nem "estratagemas"... mas sim candidaturas democráticas, legítimas, de gente honesta... que, pelo menos nos casos que conheço, NÃO MERECE QUE SE DIGA QUE ANDAM AOS SALTINHOS E A RECORRER A ESTRATAGEMAS.

Reafirmo que sobre a desonestidade, a mentira e a corrupção no cargo, é que deveria abater-se uma clara e impiedosa limitação... até da liberdade, durante os anos que tivessem que cumprir penas de prisão.

Uma lei que limita e pune os honestos... porque existem uns tantos desonestos... é uma lei de merda!

Graciete Rietsch disse...

A verdadeira esquerda, em bloco, vota CDU.
VIVA A CDU.

Um beijo, querido "compagnon de route".

Anónimo disse...

As pessoas mudam de opinião, certo? que eu saiba quando não havia Bloco ninguém podia votar no Bloco. E a UDP e o PSR (ou a LCI) eram coisas muito diferentes. Por isso um indivíduo que fosse ou seja filiado no PCP pode muito bem mudar o registo para o Bloco, que é o projeto de esquerda mais consistente dos nossos dias.

samuel disse...

Anónimo (20:30):

Meu caro… toda a gente pode mudar de "registo" para o que muito bem entender. Não é nada disso que está em causa neste texto, penso eu… :-) :-)

Agora essa do BE como "projecto de esquerda mais consistente"… valeu o dia!!!

Mais consistente em quê? Porquê? :-) :-) :-)

Saudações.

Zé Manel disse...

,,,mas porque é que afinal o BE não defende (por exemplo) que os deputados não se possam candidatar às autárquicas???
Não o defendo mas reconheceria coerência ao BE se os visse a defender tal...mas como não o fazem facilmente se conclui que afinal o problema no BE é outro!!!

Zequinha disse...


Chega aqui cada aborto bloquista!...

samuel disse...

Zequinha:

A parte do "chega aqui" não me suscita qualquer dúvida... ao contrário do que acontece com qualquer um dos dois adjectivos que se seguem... :-) :-) :-) :-)

Rocha disse...

Obrigado Samuel por este esclarecimento necessário desta jogada mediática das limitações de mandato.

E em relação ao Bloco como dizes muito bem, não inviabilizando futuras convergências em lutas concretas em benefício do povo, não esqueceremos mais esta traiçãozinha.

É mais um episódio para mostrar a diferença entre a esquerda revolucionária e a esquerda caviar. Uma esquerda que põe em primeiro lugar o combate ao capitalismo e outra para a qual vale tudo para aceder à repartição de lugares.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

(9 de Setembro de 2013 às 19:059 Caro Samuel, boa noite.
Estamos plenamente de acordo em que "...nem deveria existir qualquer lei de limitação.", como também estamos de acordo em que "...a desonestidade, a mentira e a corrupção no cargo, é que deveria abater-se uma clara e impiedosa limitação... até da liberdade, durante os anos que tivessem que cumprir penas de prisão.".
Quando falei de saltinhos e estratagemas é precisamente porque actualmente muita da Legislação e neste caso a Lei de Limitação de Mandatos é mais uma das que se produzem em Portugal, e que só dão azo (infelizmente) a que os trafulhas o sejam ainda mais e...com isenção de punição efectiva alguns, e outros passem ao lado de promessas não cumpridas, e gestões menos bem explicadas, e a seguir possam sair ou mudar como nada se tivesse dado. Samuel, acreditando eu no Poder Local Democrático, aquele que promete, e mesmo perante os constrangimentos da conjuntura, situação territorial, ou da Legislação tem obra feita em prol das populações, apesar disto tudo em que acredito convictamente desde sempre, não veria com maus olhos uma Legislação limitativa de mandatos sobretudo para punir os mentirosos/as, como até de molde a que a máquina partidária, fosse fazendo funcionando melhor (penso eu) no sentido de as matérias se irem pensando a longo e médio prazo, e não como nalguns casos acontece meia dúzia de meses antes, e quer queiramos ou não às vezes as escolhas nem sempre são as mais adequadas.
Agora caro Amigo para finalizar, eu não confundo quem conheço e/ou me vou apercebendo do seu carisma local, e sobretudo da sua obra, e neste caso indiscutivelmente a "nossa" C.D.U. (Coligação Democrática Unitária), deu muito através dos seus eleitos aos seus eleitores.

samuel disse...

Manuel Norberto Baptista Forte:

É por aí... e para afinação de pormenores e acerto de opiniões (quase) convergentes teremos todo o tempo do mundo... que é ainda uma criança! :-) :-)

Abraço.

Augusto disse...

Se o PCP decidir ter funcionários durante 50, 60 70 anos, se o PCP decidir ter os mesmos dirigentes durante mais de 40 anos, esse assunto só diz respeito ao PCP e aos seus militantes, e a mais ninguém, penso que entende onde eu quero chegar.


Um cidadão tem o direito, e até o dever de ter uma intervenção civica, durante os anos que quiser, e tiver ànimo para isso.

Mas isto nada tem a ver , com as LAPAS, que se agarram aos cargos públicos remunerados.


Foi um dirigente em nome do PCP, que afirmou ser anti-democrático, querer limitar os mandatos dos cidadãos.

Se uma das normas da Constituicão, IMPÕE o limite de mandatos para um cargo público, a única conclusão lógica, é que para o PCP essa norma é anti-democrática.

E como acho que o Samuel é uma pessoa inteligente, e que pensa pela sua cabeça, já deve ter percebido quem meteu a pata na poça.

E por aqui me fico, pois quando há pouco soube, que as pensões a partir de 419 vão levar um corte,até me passou a vontade de entrar em polémica consigo.

Augusto disse...

Só mais uma pequena achega, fuja, daqueles que só por aqui passam para dizer amen, serão os primeiros atacá-lo , se o Samuel passar a escrever algo que lhes desagrade.

samuel disse...

Augusto:

Quanto ao comentário das 00:59… não acho que haja coisa alguma que me apeteça acrescentar, pois vejo que você insistirá na técnica (um pouco nauseante, diga-se) de fazer de conta que não entendeu o que eu disse… e devolver repetidamente a sua "boca" inicial, absolutamente inalterada.

Logo, deixou de me interessar o assunto!

Já a "pequena achega" da 01:02, é mais interessante.
Não se "preocupe" por mim, pois o meu feitio pessoal leva-me a adoptar uma atitude que tem dado sempre os melhores resultados: se o meu caminho se afasta de alguém com quem convivi de perto e reparti pão, intimidade e ideias, eu não passo, por milagre, a escrever coisas que não agradem e esse alguém. Preferencialmente… não escrevo nada! Nem agradável, nem desagradável.

Ainda assim, deixe que lhe diga que a memória daqueles que quer atingir com a sua insinuação, está formada, ou por experiência pessoal, ou por aprendizagem, por um tempo em que o facto de alguém próximo "passar a escrever coisas desagradáveis"… queria dizer que muitos deles iam parar à prisão, à tortura, ou à morgue.

Logo, eu tenho tendência para, independentemente de vivermos, felizmente, já noutro tempo, entender as reacções mais adversas e agrestes de muitos desses amigos… por muito que, tantas vezes, não goste da forma que assumem.

Tivessem a grandecíssima filha de puta Zita Seabra, o oportunista Vital e o vaidoso Brito, para citar apenas três muito diferentes entre si, seguido o meu princípio e guardado as suas TÃO TARDIAS epifanias para si próprios… e estou certo de que os ataques que, JUSTIFICADAMENTE, sofreram, não teriam, nem por sombras, a violência que se tem verificado.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

(9 de Setembro de 2013 às 23:22)

Samuel, certamente que estando por cá contribuiremos para um Portugal melhor e mais igualitário, dando opiniões e comparando-as com as dos outros no mais elevado espirito democrático, rumo a essa mesma sociedade que desejamos e...merecemos, a sociedade socialista, onde o ser humano seja menos desigual.

Abraço.