domingo, 19 de dezembro de 2010

Mário Soares – Qual Rússia?




Seja qual for o “achismo” do dia, partilhado com o país pelo Dr. Mário Soares, salvo raras exceções, aquilo que ele vai produzindo aqui e ali... é para o lado que eu durmo melhor. Esta foi uma semana com, pelo menos, duas dessas raras exceções.

A primeira: Na ânsia de dinamitar a candidatura de Alegre já o vimos inventar do nada a candidatura do reacionário populista Fernando Nobre, pondo meia família a trabalhar na sua campanha; já o vimos decidir diversificar, passando a elogiar publicamente as “performances” de Cavaco; agora, para baralhar ainda mais as coisas e, de caminho, tentar fazer com que uns milhares de eleitores fiquem em casa no dia da votação, decidiu que as Eleições Presidenciais «interessam relativamente pouco». Fantástico, não é?

A segunda: Na sua mais recente homilia semanal no DN, entre o “bric-à-brac” normalmente mal escrito com que enche uma página inteira do jornal, decidiu tecer uns comentários sobre o Nobel chinês Liu Xiaobo e o erro que as autoridades de Pequim estariam a cometer ao darem-lhe tanta visibilidade, comparando mesmo esse alegado erro a outros casos, que na sua opinião foram igualmente grandes erros, por parte de Moscovo e em relação a Pasternak, Sakharov e Soljenitsin...

Claro que esta opinião é um direito que assiste ao Dr. Soares, mas a frase que me prendeu a atenção foi aquela em que diz que esses erros de Moscovo foram cometidos «quando a Grande Rússia ainda era apenas URSS». Delicioso, o pormenor do "apenas"...

Ficamos então a saber que, na turbulenta cabeça de Mário Soares, independentemente do papel que a Revolução de Outubro e a própria existência da URSS tiveram nas mudanças operadas no mundo e no avanço das conquistas dos trabalhadores, internacionalmente, mudanças e conquistas respaldadas naquela realidade, agora que, depois do acumular de erros que levaram à sua derrocada (sem, mesmo assim, conseguir fazer ruir os ideais!)… agora é que “aquilo” é a Grande Rússia! Fantástico, não é?

Mas já chega! Aqui neste estabelecimento, aos domingos e sempre que se pode… ouve-se boa música. Portanto, já que falámos de “grande Rússia”, concentremo-nos nalguma coisa realmente grande e ostensivamente russa. Façam-me o favor de escutar estes jovens ortodoxos de Moscovo, dentro de uma igreja ortodoxa, a cantar o mais ortodoxamente que sabem. E como sabem!!! Reparem no moço com cara de ser o mais novo de todos (Chernegov-Nomerov Egor), que está mais à frente e que canta um pouco mais “alto”.

Eu e as religiões, há muitos anos que só nos conhecemos de vista... mas juro que se tivesse ao pé de casa uma igreja assim, muitas vezes haveriam de me ver, discretamente sentado lá ao fundo, mas cantando por dentro.

Bom domingo!

“Gabriel apareceu” – Coro Ortodoxo Russo
(Pavel Chesnokov)



15 comentários:

Anónimo disse...

Lindo! Brutal!

Eduardo Miguel Pereira disse...

Fantástico ... o grupo de cantores aqui apresentado.
Quanto ao resto ... de facto hoje é Domingo e é melhor ficar calado, porque quando se trata de falar do personagem em questão, devo confessar, que tenho muita dificuldade em fugir à vernaculidade linguistíca !

Suq disse...

Samuel penso que pelo Soares nunca porias os pés na "igreja"!

Justine disse...

É bom não esquecer que os homens também sabem fazer coisas celestiais!
Abraço

Anónimo disse...

Samuel, desta vez não posso estar de acordo contigo. Não no que se refere à grandiosidade deste como de qualquer outro coro russo, mas no que se refere à primeira parte do texto. A URSS fez-se e desfez-se à custa de sofrimentos horríveis. E nunca foi mais rica do que a soma das pobres nações em que foi desmembrada.
Quanto aos prémios Nobel, parecia haver um estranho critério na sua atribuição. Premiavam-se escritores pró-cumistas no "Ocidente" e os não comunistas na URSS.
Mas sei que não vale a pena discutir isto. O tema é velho e nunca foi resolvido.
Um abraço.
Daniel

Fernando Samuel disse...

A «apenas» União Soviética foi, tão somente, a experiência maior, mais avançada, mais progressista, mais moderna, de maior justiça social, da história da humanidade.

Um abraço.

Anónimo disse...

Mário Soares... esse «colossal embuste», já parece os pombos, pois na terceira idade, só fazem porcaria.

Índio

Domingos da Mota disse...

Com a devida vénia, levei este belíssimo coro para o blogue http://morcegoseolhimancos.blogspot.com/
Obrigado.

do Zambujal disse...

O coiro e o coro!
Que raio de companhia arranjaste para este coro...

Graciete Rietsch disse...

Este grande cantor e o maravilhoso coro, bem omo a igreja intacta e utilzível, mostram um pouco as sementes que a URSS lançou e fez frutificar.
Muito lhe devemos.

Um beijo.

Antuã disse...

O Soares já merecia estar no Céu há mais de 50 anos.

Pata Negra disse...

Apesar de ser mais um dos teus postes "de matar" tenho de advertir-te mais uma vez:
- Se continuas a insistir em falar dessa criatura, vejo-me obrigado a deixar de vir aqui em nome da minha frágila saúde!

samuel disse...

Zé Kalinka:

Ó pobre criatura de deus. Como é que pode ser tão estúpido que ainda não entendeu que sempre que (tentar) entrar aqui, tratando tudo e todos malcriadamente por tu, qual GNR grunho em plena esquadra... não consegue fazer passar a sua "mensagem".
Eu sei que pouco se perde, já que a "mensagem" é sempre tão indigente quanto parece ser o mensageiro... mas mesmo assim... faz pena! Dá-se a tanto incómodo...

Anónimo disse...

corrija lá o verbo Tar em

"juro que se tivesse ao pé de casa uma igreja assim"

será "(es)tivesse ao pé de casa"

samuel disse...

Zé Kalinka:

Perfeito, criatura de deus. Se na verdade não deseja ser publicado, a sua vontade já está sendo feita há muito.
Vá então desabafando os seus "comentários" apenas comigo, se isso lhe faz bem... mas devo informar que não sou psiquiatra. É tempo perdido!

Saudações.