Lacaios, há-os para todos os gostos, vêm em todos os tamanhos.
Uns, limitam-se a ser, silenciosa e tristemente, lacaios.
Outros, fazem questão de mostrar que o são, lambendo as botas aos seus senhores... e fazendo votos de que estes sujem novamente as botas, para as poderem lamber de novo.
Outros, finalmente, em cima de tudo isto, ainda pretendem ter graça.
Explico-me.
O ministro das “finanças” (soa toque de finados...), o Sr. Vítor Gaspar, numa intervenção qualquer num canal de televisão (sem link), perguntado sobre a razão porque não respondia a determinada questão, respondeu mais ou menos isto: «Não respondo por falta de vontade de responder, mas sim por ter muita vontade de responder... mas como esse tema não está na agenda desta reunião, tenho que controlar a minha tentação».
...e ficou parado, a olhar para os jornalistas, com aquela espécie de sorriso idiótico que faz fronteira entre uma piada e um fiasco.
Entretanto, aproveitou para se gabar dos cerca de 180 segundos que os patrões europeus lhe deram para jurar a pés juntos que fará rigorosamente tudo o que eles mandarem... antes de o despacharem... ainda que, com uma «simpatia absolutamente inexcedível».
Já o caso do primeiro-ministro é mais rebuscado. Prometeu e reitera a intenção de não se queixar da “pesada herança” do governo anterior... enquanto se vai queixando do «desvio colossal» que encontrou nas contas (deve ser ainda o mesmo “desvio” encontrado por Sócrates há seis anos).
Trata-se, portanto, de uma espécie de comédia de enganos, género “Falar verdade a mentir”. Promete clareza, transparência e verdade... enquanto mente. Promete decisão e coragem (casos da privatização da RTP e da extinção de freguesias, por exemplo)... enquanto se acobarda. Promete não aumentar os impostos... enquanto na primeira oportunidade, decide roubar cerca de metade do subsídio de Natal a milhões de portugueses.
Se não fossem sempre os mesmos a pagar os custos da montagem destas comédias governamentais, este “desvio colossal” da verdade e da mais básica vergonha na cara, até seria, vá lá... engraçadinho. Assim, francamente...
9 comentários:
Que grupo de tartufos nos havia de calhar...
Abreijo.
Só me fazem cada vez mais brotoeja...
Por que será que os lacaios são todos... lacaios?...
Um abraço.
Enquanto os cães de La Fontaine não falarem
os animais de duas patas estarão no poder passo a passo
ou a estudar filosofia
Abraço
quando tudo isto estourar de vez, todos virão dizer: "eu sabia", "era previsível"; enquanto nada acontecer vão- se entretendo a fazer de conta que são diferentes uns dos outros.
E, infelizmente, ainda conseguem enganar. Conheço pessoas bem intencionadas que ainda mantêm uma réstea de esperança.
Um beijo.
A comédia é semelhante...
... os tartufos mudaram,
as contas vão-se avolumando e não mudaram os que serão chamados a pagar...
Enquanto a populaça zurrar eles estão bem.
Não amigo, infelizmente não é o mesmo buraco encontrado por Sócrates, ou melhor é o mesmo mas muito, muito, muito, muito mais largo e muito, muito, muito mais fundo, ou o amigo não aprendeu a grandeza dos números na escola primária?
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