segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cavaco Silva – A aversão aos cravos



Para além da já habitual “grande ambição” temática, cultural e ideológica dos discursos de Cavaco Silva nas cerimónias comemorativas do 25 de Abril que, desta vez, para além das generalidades se ficou por um “ataque” aos roubos, perdão... aos prémios e ordenados que alguns gestores arrecadam, “ataque” que amedrontou esses gestores ao ponto de o calhordas António Mexia declarar, com ar de gozo, que o discurso foi «muito mobilizador», para além de tudo isto, como dizia, aquilo que mais se destacou, como sempre, na performance presidencial, foi a famosa ausência de cravo na lapela.

Só uma qualquer espécie de atavismo, esse misterioso método de transferência de características de geração em geração (muitas vezes as piores) pode explicar este verdadeiro medo/pânico de Cavaco ao uso do cravo, medo/pânico apenas encontrado em alguns cavalos, vítimas de experiências traumáticas às mãos de ferradores desastrados, ferraduras... e os respectivos longos e pontiagudos cravos.

Acho que alguma alma caridosa devia explicar ao homem a diferença entre os vários cravos: Cravos de Abril, cravos para tocar música, verrugas, especiarias, et cetera, et cetera, et cetera... e cravos para espetar nos cascos.

10 comentários:

Fernando Samuel disse...

O medo dos cravos por parte de cavaco é antigo - creio que começou para aí há uns 36 anos, mais dia menos dia.
Tem, no entanto, a vantagem de, ao contrário de outros que por aí andam, não fingir que está com Abril, estando contra...

Um abraço.

Maria disse...

Porque será que me lembrei da cantiga do Barata Moura...

E depois se ele pusesse um cravo na lapela esse cravo nunca seria de Abril. Por mais vermelho que fosse...

Abreijos.

Pata Negra disse...

Acho bem que Cavaco na se encrave, o cravo não lhe fica bem! Alías, pensando bem, não serão os cravos que têm aversão ao Cavaco?! Cravo na lapela do Cavaco murcharia ao fim de alguns instantes!
Um abraço no cravo e outro na ferradura

O Puma disse...

e mandou distribuir cravos de papel

abraço

Nelson Ricardo disse...

Tem medo dos cravos e daquilo que eles representam.

lino disse...

O homem é alérgico a cravos que não sejam na ferradura.
Abraço

Graciete Rietsch disse...

Para além de gostar da flor, o cravo tornou-se, para mim ,o símbolo da luta, da resistência, do futuro. O Cavaco lá sabe porque não o usa.

BEIJOS.

Antuã disse...

Cravos na ferradura e na lapela eram cravos a mais.

Anónimo disse...

É das poucas atitudes do Cavaco em que o considero coerente!
É um filho da mãe que não precisa do jeito do cravo vermelho ao peito... irrita-me mais ver o Passos Coelho ou o Aguiar Branco a a atacarem de frente a constituição com um cravo vermelho ao peito e um sorriso cinico nas ventas!!!
Maria Gantes

Terrorista Suburbano disse...

Na madrugada de 25 de Abril de 1974, um jovem capitão de 29 anos reuniu os seus homens da Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Falou-lhes do estado a que Portugal chegara e terminou dizendo: «quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!».
Vieram todos, sem excepção, mesmo sabendo que corriam riscos, incluindo o risco de não regressar com vida. Ao fim de algumas horas, caía um regime cansado de guerra. É por isso que aqui estamos hoje.
Foram eles os filhos da madrugada. Não caminharam para Lisboa em busca de cargos ou de lugares. Não vieram à procura de um lugar na História – e é justamente por isso que o merecem.
Como o retratou Sophia de Mello Breyner, Salgueiro Maia foi «aquele que deu tudo e não pediu a paga». Um exemplo notável para muitos Portugueses dos nossos dias, que tantas vezes cedem às seduções vazias e efémeras da sociedade de consumo e outras tantas vezes medem o valor dos homens pelo dinheiro ou pelos bens que ostentam.


Perdoem-me a extensa citação, mas era mesmo necessária. E porquê? Porque o que pode ler-se acima é um excerto do discurso de... Cavaco Silva, esse mesmo, nas comemorações oficiais do 25 de Abril! O mesmo Cavaco que, há 20 anos, recusou a Salgueiro Maia uma pensão por relevantes serviços prestados ao país. Pensão essa que, três anos depois, seria atribuída (pelo mesmo Cavaco Silva) a um bando de pides!

Estes são os factos, e falam por si. Por estas e por outras é que eu acho que o corta-fitas de serviço faz muito bem em não gostar de cravos: o símbolo maior da revolução de Abril não deve ser usado por quem não gosta dela. para hipocrisia já basta, não?