(Tristemente famosa fotografia de crianças vietnamitas, vítimas de um bombardeamento de Napalm cometido pelos EUA)
Deixem-me falar-vos de uma notícia que já tinha visto em vários jornais digitais e que o “Anónimo do Séc. XXI” classificou muito bem como uma das «notícias que (ainda) nos surpreendem».
Não era problema que se pusesse, no passado. Os agressores ignoravam e desprezavam o sofrimento e mesmo o possível destino das suas vítimas. Só que, entretanto, com o advento da televisão, as imagens das destruições, das mortes e dos verdadeiros massacres que só com grandes esforços de retórica, manipulação e mentira, escapam à classificação de crimes de guerra, começaram a entrar pela casa dentro dos cidadãos dos países agressores (e de todos os outros). Imagens do Vietname, como a que vemos aqui em cima, ou dos prisioneiros violentados pelos norte-americanos nas prisão de Abu Grahib ou Guantánamo (e tantas outras...), ou dos obscenos resultados dos bombardeamentos cegos cometidos pela aviação israelita, que vitimam crianças, mulheres e homens palestinianos, quase sempre apenas por serem isso mesmo, palestinianos, passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia.
Apesar da censura pura e dura que, tanto os EUA, como Israel e outros agressores, impõem aos seus órgãos de comunicação, em tudo o que tem que ver com imagens da guerra e das suas vítimas, há sempre algumas que passam. Mais tarde ou mais cedo isso acaba por virar o sentido da “opinião pública” sobre os conflitos, acaba por provocar profundas feridas na sua sensibilidade colectiva.
Obviamente, não aos senhores da guerra! Esses continuariam indefinidamente a dormir descansados... só que alguns não gostam de ver questionadas as suas fortunas nem manchada a sua imagem de grandes estadistas, ou de grandes empresários... muitas vezes as duas coisas ao mesmo tempo.
Nesse sentido – e aqui chegamos à notícia que hoje comento - demonstrando uma “grande sensibilidade humana”, o governo de Israel, interrompendo uma medida que vinha impondo há já muitos meses, decidiu permitir a entrada na Faixa de Gaza... de roupas e sapatos.
E pronto! Os palestinianos, homens, mulheres e crianças, continuarão a ter falta de água, falta de comida, falta de medicamentos, continuarão a morrer diariamente às mãos dos soldados e dos bombardeamentos israelitas, mas depois aparecerão nas fotografias e nas televisões muito mais bem vestidos e calçados.
Porque será que tenho a triste sensação de que há-de haver por aí muitos analistas e politólogos a elogiar esta medida “humanitária”, enquanto passam ao lado das verdadeiras notícias que nos chegam de lá?
4 comentários:
Fico amachucada com esta notícia, que já tinha lido no Anónimo. Mas fui agora ver o jornal que linkas. E sinto uma impotência total face a esta (mais uma) sem-vergonhice de Israel.
Acho que vou ouvir o Fanhais...
Abreijos, triste.
É um atentado à dignidade humana esse falssíssimo humanitarismo. As pessoas poderão aparecer calçadas nas fotografias que passam mas a usurpação, a guerra, a destruição, a fome, a morte, tudo em nome da apropriação ilegítima do território palestiniano, continuarão. E isso é um Horrendo Crime.
Um beijo.
Podes ter a certeza de que há por aí muitos analistas e politólogos a fazer o que dizes...
Um abraço.
E até são capazes de fazer uma série televisiva intitulada “Ninguém Morre Descalço”. Nojento!
Abraço
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