(Katarina Vavrová - "O Rei nu")
Já que o "Google" fez o favor de lembrar que passam hoje 205 anos sobre o nascimento de Hans Christian Andersen, aqui fica uma das minhas estórias preferidas, escrita pelo famoso autor dinamarquês, cuja história pessoal também vale a pena conhecer.
O Fato Novo do Imperador
(Um conto de Hans Christian Andersen)
Era uma vez um imperador que viveu há muitos anos. Gostava tanto de roupas novas e bonitas que gastava todo o seu tempo e dinheiro a vestir-se. Não ligava importância ao exército, não ia ao teatro, ... ... ...
... ... ... (para ler todo o conto, ir AQUI) ... ... ...
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— Bem — exclamou o imperador —, estou pronto. Assenta realmente muito bem, não acham?
E tornou a dar umas voltas em frente do espelho, como quem se admira pela última vez. Os cortesãos que tinham de pegar na ponta da cauda baixaram-se, como se erguessem alguma coisa do chão, e levantaram as mãos diante de si. Não iam deixar o povo pensar que eles não viam nada.
E assim o imperador foi caminhando no imponente cortejo, sob o esplêndido dossel, e toda a gente nas ruas ou nas janelas exclamava:
— Que ar magnífico tem o imperador! E as roupas novas… não são maravilhosas? Olhem só para a cauda! Que elegante!
O facto é que ninguém queria admitir que não via roupas nenhumas, porque isso significaria que eram estúpidos ou então incompetentes no seu trabalho. Nenhum dos belos fatos do imperador tinha sido tão admirado até então.
Foi quando se ouviu claramente uma voz espantada de criança:
— O imperador não leva nada vestido!
— Estes inocentes! As coisas ridículas que dizem! — exclamou o pai da criança.
Mas um murmúrio começou a crescer no meio da multidão:
— Aquela criança diz que o imperador não leva nada vestido… o imperador não leva nada vestido! E daí a pouco toda a gente repetia: — O imperador não leva nada vestido!
Por fim, até o próprio imperador achou que eles deviam ter razão, mas pensou para si próprio:
“Não posso parar, senão estrago o cortejo.”
E lá foi andando com um ar cada vez mais orgulhoso, enquanto os cortesãos continuavam a segurar uma cauda que não existia.
(Hans Christian Andersen)
7 comentários:
Afinal o imperador também ia nú...
:)))
Abreijos.
Muito oportuna esta referência a um grande escritor, enquanto muitos apenas se preocupam em discutir a "toilette dos nús" e passam ao lado dos que pouco ou nada têm de vestir.
Costumo permanecer longos momentos, sentado num banco do belo jardim-cemitério, bem perto do túmulo de HCA, a ler -como só podia.
Um abraço
A vigorosa lição que o simbolismo desta história de Andersen encerra permanece e permanecerá por muitos mais anos que aqueles que o post assinala.
Oxalá saibamos sempre continuar a preservar dentro de nós o espírito de verdade das crianças e a coragem que nos devemos exigir como adultos que somos, para continuarmos gritando: "O rei vai nú!".
Abraço.
Per tutti:
Que não percamos a vontade de o dizer... e a voz para o fazer!
Abreijos gerais.
Ena tantos sem nada vestido!...
Um abraço.
Pois "O rei vai nu" é o que muita gente não consegue ver pois continua a pensar de acordo com uma"elite" dominante que lhes impõe a ideia de uma visão deslumbrante das roupagens.
Mas desiludam-se, pois há quem esteja atento.
Um beijo.
Fernando Samuel:
É... isto está coalhado de “reizinhos”.
Graciete Rietsch:
Atento e não venerando... ☺ ☺
Abraço em estéreo.
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