O governo não deve ter noção da «gravidade destas medidas», diz o economista João Ferreira do Amaral, a propósito do aumento de horas de trabalho sem remuneração, pois «há séculos que não existia trabalho obrigatório e não remunerado».
Achar que o governo não tem “noção” do que está afazer é, evidentemente, um acto de “boa vontade” do economista. Na verdade, o governo Passos/Portas não só tem toda a noção, como vai numa escalada de desvergonha nos seus ataques aos mais elementares direitos de quem trabalha... ou já trabalhou.
O governo abriu a porta ao aumento de meia hora de trabalho por dia... e o patronato fez de conta que não gostava muito da ideia... por ser pouco.
O governo abriu ainda um pouco mais a porta, acenando com a criação de um “banco de horas” que poderão ser acumuladas, sendo o trabalhador obrigado a aceitar trabalhar quando o patrão quiser... e o patronato já não esconde a satisfação.
O governo escancara as portas para a possibilidade de os trabalhadores virem a ter as férias reduzidas, feriados cortados e terem que cumprir o tal “banco de horas” aos sábados, sem que os patrões sejam, sequer, obrigados a comunicar a sua decisão a quem quer que seja e os cabrões, perdão... patrões, já dão saltos de contentes.
Cinicamente, o governo promete incentivos em dinheiro aos patrões que criem novos postos de trabalho. Quem é que quer criar postos de trabalho, se pode dispor dos trabalhadores que já tem, para trabalharem sempre que o patrão quiser... e sem ter que lhes pagar um cêntimo?
Para quando começar a pagar, não em dinheiro, mas em senhas com que os trabalhadores possam fazer compras apenas em lojas dos patrões para quem já trabalham?
Para quando, acabar de vez com essa maçada dos ordenados, arranjar umas barraquitas para os trabalhadores viverem junto às empresas, onde passarão a trabalhar apenas a troco de comida suficiente para sobreviverem... se forem saudáveis?
Para quando a coragem de acabarem com a mania de dar nomes esquisitos e complicados às empresas... passando a chamar-lhes apenas roças?
Salazar não teve a coragem de obrigar os portugueses a trabalhar sem remuneração. Felizmente, estes bandalhos não vão estar tanto tempo no poder!
10 comentários:
Também o vejo assim. E já nem são tão discretos a disfarçar...
O problema é que a reacções demoram, dia 24 ainda está longe, até lá vão cimentando e lembrando-se de outras...
Abraço.
Senhas? isso não terá sido um lapso? É que as senhas que me lembro são as "libretas".
Os Trabalhadores sempre lutaram intransigentemente pelo seu horário de trabalho e as maiores lutas foram;
Em 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque paralisaram seus trabalhos e ocuparam a fábrica para reivindicar a redução da jornada de trabalho de mais de 16 horas por dia, para 10 horas. Cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
O dia 1º de Maio foi escolhido como dia dos trabalhadores como uma forma de assinalar e de lembrar as muitas e difíceis lutas que marcaram a história do movimento sindical no mundo. O dia é uma homenagem aos trabalhadores da cidade de Chicago que, em 1886, enfrentaram forte repressão policial por reivindicarem melhores condições de trabalho e, especialmente, uma jornada de oito horas.
8x8x8 - Oito horas de trabalho diário, oito para o estudo, o lazer e o convívio com a família, e oito para dormir e descansar. Reivindicados pela I Internacional, no seu primeiro congresso, realizado em Genebra, em 1866.
Catarina Eufémia foi assassinada pela GNR, por melhores condições de trabalho e a jornada de oito horas de trabalho. Como também foram assassinados; Germano Vidigal em 1945; José Adelino dos Santos em 1958; Casquinha e Caravela em 1979.
Agora não só querem aumento de horário, como trabalho gratuíto.
"É preciso avisar toda a gente"
24 NOVEMBRO GREVE GERAL!
BJS,
GR
Tenho esperança que a humilhação a que estão sendo sujeitas as pessoas seja a semente da revolução.
Um abraço sereno
É preciso correr com os esclavagistas.
Este "desgoverno" tem escancarado já muitas portas infelizmente abertas, aquando da "desgovernação" antecedente.
Contudo acredito que o povo português tem memória, e saberá dar as adequadas respostas a esta submissão ao grande capital português, e agora ao estrangeiro.
Espero que não comam as cerejas de Maio.
Um abraço,
mário
Estamos a caminhar a passos acelerados para o sistema colonialista em que o trabalhador ainda ficava a dever ao patrão, ao fim de intermináveis horas de trabalho, o pouco alimento de que se nutria e as pobres roupas que vestia.
Um beijo.
Caminhar é sempre em frente! Estamos a regredir a passos rápidos demais e,assim vamos mesmo ser pagos por senhas para serem utilizados nas roças dos patrões!!!... O dia 24 de Novembro devia ser já amanhã para pormos estes ruminantes em fuga!
Saudações
Vicky
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