quinta-feira, 1 de julho de 2010

Feriados – As santas do PS



O Partido Socialista tem na sua bancada parlamentar um grupo de santas senhoras que nunca entendi bem para que servem - enquanto deputadas, evidentemente - embora tenha que confessar nunca ter feito algum esforço significativo nesse sentido.

Já por mais do que uma vez deixaram o seu próprio partido embaraçado ao tomarem posições pouco condizentes com o que se esperaria de um grupo de deputadas de um partido socialista... mesmo que apenas alegadamente socialista. Desta vez, como já é do conhecimento geral, resolveram tomar nas mãos o destino da produtividade do país exactamente pelo lado que talvez menos tenha que ver com as causas da falta de produtividade: o gozo de feriados e o possível abuso, aqui e ali, nas invenções de “pontes”. Desta vez, o PS, de tão necessitado que está de que alguém por esse país fora, em tascas, cafés, bares de colectividade, minimercados de bairro e actividades correlativas, abane a cabeça apreciativamente para dizer “Ora aí está uma coisa bem pensada!”, para a seguir se concentrar de novo na telenovela e na bola... desta vez, como dizia, o PS abraçou a ideia, tal o desespero em que se encontra.

E qual é a ideia afinal? Resumidamente, é acabar com alguns feriados, mudar o dia de celebração a outros e criar um novo. Penso (felizmente não estou sozinho) que estamos em pleno reino do disparate! Senão, vejamos:

Sobre os abusos das “pontes”, bastaria que existisse vontade real de as controlar, em vez de, por isto e por aquilo, dar exactamente o sinal contrário, concedendo tolerâncias de ponto populistas para ficar bem na fotografia.

Sobre a barulheira feita à volta dos custos e queda de produtividade provocados pelo gozo dos feriados e tolerâncias várias, não há estudos sérios que a apoiem. Se fosse verdade, então gostaria muito de ter visto as santas deputadas a fazer um ruído semelhante em relação à festarola nacional que foi a recente visita do Papa.

Sobre a ideia peregrina de existir a possibilidade de se vir a comemorar o 25 de Abril ou o 1º de Maio noutros dias quaisquer, nem há palavras para classificar tal tolice reaccionária e atrevida... embora admita que a extrema direita possa gostar bastante dessa possibilidade, como solução provisória, para as datas irem perdendo força e significado... enquanto sonha poder vir a apagá-las do calendário.

Sobre o sentido de oportunidade verdadeiramente espantoso que constitui a proposta de, precisamente no ano em que milhares de cidadãos (e milhões de euros) são convocados a celebrar, com alguma grandiosidade, a implantação da República, as santas deputadas proporem o fim da comemoração do 5 de Outubro, trata-se de uma coisa tão, mas tão estúpida, que nem mereceria um comentário sério... não fosse o caso de as santas senhoras estarem mesmo a falar a sério, com o PS a apoiar e outros "disponíveis" para fazer o mesmo.

Resta-nos então o único feriado novo, a 26 de Dezembro, o Dia da Família! Portugal ansiava por ter um dia da família novinho em folha... já que aquele que até agora era considerado como uma espécie de dia da família, o Dia de Natal, está completamente feito em cacos. Transformou-se no dia dos tendeiros e do boneco da Coca-Cola que os chineses entretanto puseram a trepar por metade das chaminés e varandas de Portugal inteiro. Uma boa parte das famílias passa o dia 24 de Dezembro atascada em centros comerciais, desesperando por encontrar umas prendas idiotas para oferecer a pessoas com quem, numa grande parte dos casos, nem se dá bem... e à noite, “ala pra casa!”, encher a pança de bacalhau, peru, marisco, chocolates, bolos, vinho... farra que se estende por todo o dia 25, enquanto alguns maduros - cada vez menos - se esforçam por não deixar de lembrar um tal Jesus Cristo, que nasceu para os lados de... vocês conhecem a estória.

Resumindo, este novo feriado proposto pelas santas do PS faz todo o sentido e mais, o dia 26 de Dezembro é muitíssimo bem escolhido. Quem é que pode ir trabalhar decentemente com tais barrigadas de “comer” e tão grandes ressacas? Além de que o dia 26 de Dezembro será uma excelente oportunidade para as famílias fazerem as pazes, depois das zangas feias que tiveram nas 48 horas anteriores... por mor das tais prendas idiotas, para além do mais que as faz darem-se mal todo o ano.

15 comentários:

Maria disse...

Estas senhoras deputadas tiram-me do sério.
Nunca as 'pontes' funcionaram como feriados. Só as dá quem quer, só as têm quem, noutros casos, fica com menos dias de férias.
Qual é o problema?
Ah... será essa coisa estranha do dia 26. Dia da quê, mesmo?

Abreijos.

Miguel Jeri disse...

Completamente de acordo.

Quanto ao 25 de Abril, a ideia é tão miserável que temo que seja a preparação de uma pseudo-cedência das deputadas, para ficarem bem na fotografia. Ainda assim, já ficaram mal.

Abraço

Fernando Samuel disse...

O dia 26 e as pontes e etc, é o fogo de artifício com o qual as «santas socialistas» pretendem esconder o objectivo de acabar (de facto) com feriados como o 25 de Abril e o 1º de Maio.

Um abraço.

oasis dossonhos disse...

Essas megeras não estiveram com a reaccionarice mais abjecta em questões como a IVG???
Esta atitude é do mesmo quilate. Aquele partido tem corbelhas de arruda e beladona que é obra!!!
Abraço
LFM

oasis dossonhos disse...

Dia da Família?
Hossana a todas as criaturas, como estas santas xuxas, que zelosamente acendem rastilhos de ódio, açulando a inveja, agitando a ignorância...com a simpatia de feras esfaimadas.
Metem nojo, estas senhoras benfazejas do Grande Capital, madrinhas de guerra da estupidez e da mediocridade.
Abraço
LFM

Antuã disse...

Metam as santas num altar duma qualquer igreja que lá é que estão bem.

Anónimo disse...

Na minha terra, que dizem que é a terra da «padralhada», este tipo de senhoras são as ratas de sacristia...
Não têm solução para coisa alguma e metem-se nisto para agradar ao patronato e aos lacaios do mesmo.

O que faz falta é arreliar a malta!!!! disse...

Essas são mulheres com dias ou 1/4 hora?

Bem pensado seria:
- o dia de_pu_ta_dá
- o dia do ingenhero_passó_cuelho
- o dia dos meninos sódo_coiro

Para os restantes umas de joelhos e outras de quatro.

svasconcelos disse...

É tudo absurdo, de facto, e pensar que estas santas foram eleitas para isto!!!Patético...propostas de quem não tem mais (ou não sabe) em que pensar... Mas revoltante e inaceitável mesmo é que se toque no dia 25 de Abril!!!!!! E 1 de Maio e 5 de Outubro!!! Mas querem sanear a História ou quê?!!
beijos,

Graciete Rietsch disse...

Como é possível propor tal aberração? Comemorar o 25 de Abril, o 1ºde Maio, o 5 de Outubro fora das datas respectivas é conduzi-los ao esquecimento.Dia 26 de Dezembro para quê? Então a instituição família não deve ser acarinhada todos os dias com leis que realmente a defendam?
Quem está preocupado com a produção, então que defenda a proibição das pontes ou que as use como dias de férias se o seu rendimento o permitir.
Santas senhoras!!!!! Santo Governo!!!!!
Até onde chegará o desvario?

Um beijo.

ARISTIDES DUARTE disse...

Nada me admira desta malta do PS. Quem quiser ver o que essas alimárias reaccionárias do PS fizeram num Voto de Louvor proposto pela CDU, na Assembleia Municipal do Sabugal, a um tarrafalista natural do concelho, que nunca foi do PCP e cujo neto é militante do PS consulte em:
http://capeiaarraiana.wordpress.com/2010/06/28/os-%c2%abconsiderandos%c2%bb

Enfim...

maia disse...

Foi bom teres trazido este assunto. Quando ouvi, a primeira vez, a proposta destas beatas, não sabia se havia de rir, se havia de chorar. Mas valia mais fazer contas. Concluí, então, que o país e o próprio PS ganhariam em pôr em casa (talvez a rezar) estas cabeças tontas, analfabetas, e, na sua própria óptica, traidoras da infinita bondade de Deus. Ou será que Deus só existe quando convém a tais beatas? Para não perder mais tempo com estas bafientas, que Deus lhes dê o castigo que merecem! E grande há-de ser!!!!
É fazer contas, quanto paga o País, dos nossos descontos, a duas nulidades. Se as retirássemos todas, dos lugares que não deviam ocupar, resolver-se-ia o problema da produtividade. Experimente-se!

Anónimo disse...

Absolutamente de acordo. Estas senhoras são bem o exemplo de um enorme descaramento que cresce por aí: que a direita sempre desejou coisas deste tipo sempre o soubemos mas não tinha descaramento para as colocar deste modo e nestes espaços, fazia-o de outra maneira mais velada. Agora andam à vontade, sentem a total impunidade moral de quem já não receia nada, escudam-se uns aos outros nas alarvidades com que "prendem" o poder e governam. Até quando?

Elísio Alfredo disse...

Tontinhas, tens razão. O que eu mais conheço, e isto é a desgraça de todos nós, é jovens de 20 e poucos, outros de 40 e tal, todos os dias à procura de um seu direito, o direito ao trabalho, digno, e não o encontram. É mentira que sejam preguiçosos. Mas para estes, havia que acabar, rapidamente, não com a meia dúzia de feriados que não aquecem nem arrefem, mas aos outros 360 e muitos...

isabel cardoso disse...

Prezado Samuel
É meu o texto entre o de Maia e de Elísio Alfredo, assinei-o porque nunca em momento algum da minha vida me apresentei como anónima/o. Porque está "anónimo"? foi algum erro técnico meu? há alguma outra razão que me escapa?
Um abraço
Isabel