Em vários órgãos de comunicação vejo referências a este acontecimento desusado que, ao que se diz, não se dava entre nós desde 1943: Portugal ter uma Balança Comercial positiva.
Uns e outros embandeiram em arco, cada qual à sua maneira, embora me pareça sempre muito estranho que se encaixe na secção de “boas notícias” qualquer realidade que tenha paralelo com os tempos do bandalho assassino de Santa Comba Dão.
Tendo como único “remédio” para a minha falta de ferramentas teóricas que me permitissem interpretar os números da economia, a observação dos resultados visíveis da aplicação das políticas económicas vigentes, confesso que, perante o cenário em que actualmente sobrevivemos, quaisquer números que, por estes dias, me sejam apresentados como “o bom caminho”, ou números muito “interessantes e positivos”... cheiram-me imediatamente a números martelados.
Estarei a ver mal, ou esta Balança Comercial positiva só se consegue porque as empresas que produzem bens são empurradas e forçadas à exportação, o que fez crescer as ditas exportações, ainda que de forma anémica... apenas porque não encontram no mercado interno capacidade para a compra dos seus produtos?
Estarei a ver mal, ou essa contração do poder de compra dos portugueses, para além de empurrar as empresas para a boia de salvação da exportação, é a única responsável pela queda intensa das importações... o que desequilibra a Balança Comercial para o tal “resultado positivo”?
Estarei a ver mal, ou destacar na coluna das “boas notícias” uma realidade que se deve, quase exclusivamente, ao crescente empobrecimento do povo português... é muito estúpido?
9 comentários:
O único comentário que posso fazer é que o teu "post" é lúcido, muitíssimo (im)pertinente e deve ser lido mais que uma vez e... comentado.
Amanhã de manhã voltarei a ele!
Um grande abraço
Acertas
Com todas as letras
Nesse tempo glorioso em que exportávamos tanto, os portugueses passavam fome e passavam grandes privações, literalmente uma sardinha era partida em três e condutava o prato das batatas cozidas. Isto quando havia quintal para produzir as batatas. Os trabalhadores que desciam das beiras para as ceifas no Alentejo eram alimentados com uma sopa feita de pão e água temperada com alho e vinagre.
Nas cidades como Lisboa e Coimbra havia dias em as pessoas se sustentavam com pão e café de mistura, feito de cevada e chicória torrada.
Assim que o sol se punha não havia iluminação, quem tinha podido comprar petróleo antes do racionamento e do preço ser imcomportável guardava-o preciosamente para acender o candeeiro só em alturas de emergência como a doença de alguém.
Exceptuando as elites endinheiradas do costume, todos eram pobres, trabalhavam até cair e morriam de tuberculose, de tétano, de infecções várias. Não havia médicos nem forma de pagar os serviços de um médico ou a sua prescrição.
A actual exportação parece que se deve também à massiva venda de ouro que as famílias estão fazendo para poder colocar comida no prato.
Vão-se os anéis... mas parece que agora estão a querer levar os dedos.
Uma excelente explicação, para além de se andar a exportar Portugal aos bocados.
Um beijo.
Já desde aqueles tempos que não se passava tanta fome.
mas estes têm ferramentas teóricas
http://www.ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2012/07/o-valor-da-moeda-nao-interessa.html
Bela Balança.Para ilustrar o "peso" a que isto chegou,agora até vão buscar os tempos do botas para exemplificar.
Esta gente é para deitar fora.
Não é estupidez,é velhacaria,maldade,hipocrisia,safadez.
Voltamos ao tempo da besta,digo,do "deputado" de Mesão Frio:
"Ao trabalhador do Douro basta meia sardinha e camisa lavada ao,Domingo, para ir à missa".
O do empobreçam deve ser neto.
Um abraço,
mário
A realidade que nos circunda é demasiado dolorosa pois a fome já está aí! Assim como a exportação total de Portugal. Estes canalhas igualam-se ao botas salazarento !
Vicky
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