Todas as coisas têm um tempo de vida. Um ciclo natural. Apesar de esse ciclo e esse tempo poderem ser acelerados por qualquer factor involuntário... é assim.
Este blog não é diferente de tudo o resto!
Na verdade, a minha luta diária, luta que continuará (já não tenho “pachorra” para mudar!) naquilo que realmente conta e que é a minha verdadeira função, ou seja, a minha música, a possibilidade de a cantar ao vivo, de juntar pessoas à volta de um mesmo sonho por intermédio de uma canção cantada em coro, continuará. Continuará na relação directa com quem me rodeia, realmente... e não com aquilo que escreva ou deixe de escrever no mundo virtual.
Essa “relação” virtual com milhares de pessoas ao mesmo tempo, ficará reservada, por exemplo, ao “facebook”, onde tratarei de deixar, de vez em quando, um ou outro desabafo e uma ou outra opinião livre... mas mesmo aí, tentarei concentrar-me mais em temas que se liguem à minha profissão.
O blogue, este blogue, revelou-se um factor de distração que me ocupa tempo demais e que invade, como erva daninha, o terreno que deveria ser reservado à criação de projectos profissionais. Revelou-se ainda, apesar dos milhares de amigos e amigas que me leram, diariamente, uma fatalidade que me tem obrigado a manter contacto com uma espécie de seres a quem nunca dirigiria a palavra, gente cuja existência ou desaparecimento me são absolutamente indiferentes e que, ainda que eu poupe os leitores à abjecção das suas ideias e à porcaria da sua linguagem, não deixam por isso de, todos os dias, irem invadindo a minha privacidade com lixo, ameaças e mais lixo... e essa é uma espécie de pocilga em que recuso continuar a viver. O "convívio" involuntário com este "lúmpen fascista" e com a sua violência porca conspurca, suja, cria um clima de constante repulsa e irritação que não quero para mim! Deixar que os efeitos do contacto diário com esta "sub-espécie humana" acabe por prejudicar irremediavelmente a minha capacidade para me relacionar harmoniosamente com todos aqueles que amo e a disponibilidade para criar e fazer aquilo que realmente devo e quero fazer… é uma alegria que me recuso a dar-lhes!
Como em tudo na vida, há sempre uma coisa aparentemente insignificante que acaba por conseguir, num fatal safanão, partir o pequeno fio que liga uma pessoa a um qualquer sentimento. Neste caso, foi o advento de um “maduro” que não sei quanto tempo me irá perseguir para conseguir “aliviar-me” de umas centenas de euros que acha que lhe devo, por ter, em 2010, publicado uma fotografia que afirma ser sua, fotografia que encontrei na “net”, sem identificação alguma. Adiante!
Como disse, embora aparentemente insignificante, esta é a gota que entorna o copo onde estava guardada a pouca água que ainda alimentava este blogue.
Quem me quiser ler, terá sempre os esporádicos desabafos, ou anúncios de actividades profissionais, que divulgarei onde puder... nomeadamente, como disse, no “facebook”. Quem quiser um contacto mais directo, pode sempre juntar a vontade de me ouvir e as perguntas do tipo “para quando um espectáculo aqui na nossa terra?”... com a disponibilidade para, efectivamente, sair de casa quando esses espectáculos acontecem. E lá estaremos, de voz e braços abertos!
Para terminar com uma elevação que nunca conseguiria pelos meus próprios meios, socorro-me de um excerto, mais propriamente, das últimas palavras de um grande poema de Eugénio de Andrade, que dedico não aos amigos e amigas, dos quais obviamente não estou a despedir-me e a quem agradeço os bons momentos que por aqui passámos... mas a este blogue, que hoje acaba.
“Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.”
Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa”