segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quando as cabeças não estão mais recheadas do que as bolas de futebol...



Um ou vários indivíduos, convencidos das suas razões e, sobretudo, de que essas razões lhes davam o direito de fazer justiça pelas próprias mãos, prestaram um péssimo serviço à causa da paz, particularmente na África do Sul, assassinando o dirigente do partido Afrikaner, partido ultra racista de extrema direita, Eugene Terre Blanche. Este traste, que na realidade não merecia o ar que respirava, era um insulto a todos os seres pensantes... até no nome, já que ostentar o apelido “Terra Branca”, na África do Sul e desde a época do mais selvático racismo imposto pelo apartheid era no mínimo uma provocação, mesmo que "herdada" dos pais. De qualquer modo, não é exactamente da situação potencialmente perigosa naquele país que quero falar, mas sim da tristeza da nossa. Apenas dois exemplos:

1. O jornal da Sonae, o “Público”, na sua página principal da versão electrónica, tinha duas chamadas sobre este assunto. O indigente inquérito que se pode ver aqui em cima na imagem e uma notícia, igualmente, pelo menos no título, sobre o grande problema do perigo que este assassinato pode representar... para o futebol.

2. Na TVI, numa das vezes (aquela que vi) em que falaram desta notícia, o grande problema em causa era, evidentemente, também o futebol, mas com um “tempero” extra. Enquanto uma das empregadas da estação de televisão ia dizendo para as câmaras umas tolices sobre as possíveis consequências para o Mundial da Bola, dadas as juras de vingança proferidas por elementos do partido Afrikaner de extrema direita, aquilo que aparecia em letras garrafais no rodapé do televisor era, «Grupos de extrema esquerda ameaçam o Mundial».

Tal é a formatação dos empregados da TVI (que nalguns casos até já terão sido jornalistas), que os leva a “disparar” sobre a esquerda automaticamente... mesmo que seja (será?) por engano. O “Público” nem merece comentários.

7 comentários:

continuando assim... disse...

E vergonhoso e assustador !

os grupos de extrema direita , infiltrados por todo o lado têm uma força maior do que se pode medir

eu , assusto-me com isso
bastante .

bj
Teresa

Maria disse...

A 'formatação' destas cabecinhas assusta-me. Eles ou os filhos deles serão os nossos futuros governantes. Serão?
Sobre os inquéritos que fazem nos jornais e tvs nem vale a pena falar. Não temos tempo a perder com isso.

Abreijos

LAM disse...

Pois claro, o mundial da bola.
Vai ser uma chatice, logo haviam de assassinar o estupor agora, tcsh!

Só problemas. Isto para não falar dos tapetes do Afeganistão que, com a guerra que não acaba, não sei como vai ser...
Pode ser que o Belmiro News faça um inquérito, tipo:
Pensa que a guerra no Afeganistão pode prejudicar o desenho dos tapetes?
SIM?
NÃO?
NS/NR?

Diogo disse...

Será que este assassinato poderá colocar em causa essa grande conquista da humanidade que dá pelo nome de futebol?

jrd disse...

Não sejas mau para as bolas de futebol...
Abraço

Graciete Rietsch disse...

Ele, pelos vistos, era o líder, mas como ele há muitos. E desses sim, há que ter medo.
Quanto ao futebol, só espero que os interesses de alguns senhores que eu nem preciso de citar não o transformem num outro Munique. O filme explica muita coisa.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Seja na África do Sul, seja nos EUA, seja na Patagónia, o Público tem sempre o seu «académico» privativo...

Um abraço.