domingo, 2 de janeiro de 2011

Cavaco e o Ano Novo – “Um corno, um passa-fora, um arre, um irra”




Sim, sim... também vi e ouvi a mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva. Estava mesmo ali... e pronto! Quando reagi já era tarde. Agora acho-me na obrigação de dizer que:

1. Admiro a contenção e profissionalismo da moça da língua gestual. Fosse eu... e não resistiria a introduzir aqui e ali uns “apartes” com os dedos...

2. Agradeço que alguém me informe de uma direção postal para onde possa devolver a porcaria da Mensagem de Ano Novo do homem. Eu até a enfiaria num coiso daqueles da reciclagem... mas sei lá se aquilo é para o amarelo, se é para o azul, se é para o verde... ainda por cima, não temos cá, ao contrário do Brasil, o recipiente laranja, destinado a materiais perigosos.

3. Eu sei que hoje é dia de música neste estabelecimento, mas para mim, a voz do José Carlos Ary dos Santos... é música. Colocar hoje aqui este áudio-soneto escrito pelo Bocage e dito pelo Zé Carlos não quer dizer, necessariamente, que o esteja a dedicar a Sua Excelência o Presidente da República. Só que comecei a pensar em outros nomes e a lista cresceu tanto e tão rapidamente, que desisti... e na verdade, vocês também têm que fazer alguma coisa, não?! Dediquem-no a quem quiserem... e bom domingo!



A um célebre mulato Joaquim Manuel,
grande tocador de viola e improvisador de modinha

Esse cabra ou cabrão, que anda na berra,
Que mamou no Brasil surra e mais surra,
O vil estafador da vil bandurra,
O perro, que nas cordas nunca emperra:

O monstro vil que produziste, ó Terra
Onde narizes Natureza esmurra,
Que os seus nadas harmónicos empurra,
Com parda voz, das paciências guerra;

O que sai no focinho à mãe cachorra,
O que néscias aplaudem mais que a "Mirra",
O que nem veio de prosápia forra;

O que afina inda mais quando se espirra,
Merece à filosófica pachorra
Um corno, um passa-fora, um arre, um irra.

(Bocage)

“A um célebre mulato” – Ary dos Santos
(Manuel Maria Barbosa du Bocage)


8 comentários:

Maria disse...

Apetece continuar a ouvir o Zé Carlos. E ouvir, e ouvir, e ouvir... até não nos fartarmos! Dá para os gajos todos. Que pachorra também me vai faltando.

Abreijo.

J.S. Teixeira disse...

Caro Samuel,

Aqui no Seixal, os recipientes laranjas são destinados à reciclagem de gorduras. Cavaco Silva, como bom vendedor da banha da cobra seboso poderia ir para reciclar nestes recipientes.

O ambiente agradece.

Tenho dito.

Suq disse...

É pá tu viste isto!

Dizem que o gesto é tudo!

Compreendo é de surdos! Mas, então onde ficaram os cegos?!

Fernando Samuel disse...

Fiquemos, então, com esta música que é a voz do Zé Carlos a cantar-lhes como deve ser...

Um abraço e bom domingo.

trepadeira disse...

Fiquei mudo,mas não quedo.

Como sempre uma delícia.

Vou,também,dedicá-la a alguns energúmenos daqui.

Forte abraço,
mário

J.GAGO disse...

EU OUVI A MENSAGEM DO HOMEM, E AINDA NÃO PAREI DE CHORAR!
ENTÃO NÃO ESTÁ NA CARA QUE A CRIATURA ESTÁ PREOCUPADÍSSIMA...?
UM ABRAÇO.

J.GAGO

Graciete Rietsch disse...

Grande Ary! Que prazer era,é, ouvi-lo.
O soneto adapta-se bem a todos os que nos desgovernam e seus acólitos.

Um beijo.

Graciete Rietsch disse...

Que prazer era,é, ouvir ARY dos SANTOS!!!!!
O soneto adapta-se perfeitamente a todos os que nos desgovernam e seus acólitos.

Um beijo.