Morreu o grande pintor Malangatana! Ficou a comunicação social cheia de referências ao seu nome: Malangatana Valente Ngwenya, nascido em Moçambique (1936-2011). Quando um artista (conhecido) morre é quase sempre assim. Uma grande parte das homenagens será mesmo sincera...
Abunda o “grande pintor”, claro, mas também o “doutor honoris causa”, o “Grande Oficial da Ordem de...”, os muitos prémios internacionais, a “Comenda de Artes e Letras” do governo francês, a UNESCO, etc., etc.
São mais raras as referências ao seu pensamento, à sua luta pela liberdade, ao seu posicionamento à esquerda, à sua militância.
Pessoalmente, quero contribuir para o lembrar como um “grande” que não deixou de guardar espaço no coração para as “pequenas coisas” que não dão fama internacional. Aqui, em Montemor-o-Novo, pequena cidade alentejana com pouco mais de doze mil habitantes, uma ainda jovem e pequena associação de solidariedade social, a “Porta Mágica”, sonhada e construída por um punhado de pessoas boas e solidárias com as crianças em risco, tem Malangatana como patrono. Um patrono que não se limitou a “dar” o nome famoso, antes era presente e participativo.
É nestas “pequenas” coisas que se encontram os grandes seres humanos!
8 comentários:
Eles costumam engasgar-se quando têm de pronunciar as palavras 'esquerda' e 'militância'...
Beijo.
Um tributo merecido! É verdade, o lado mais recôndito do artista, que será o seu maior mérito, não se enaltece: o do pensamento e da sua coerência com esse pensamento.
A sua obra fala por si, pessoalmente gosto muito. Colorida, expressiva... linda!
beijos,
Já quando morreu Carlos Paredes os jornaleiros, que me perdoem os homens honestos que trabalham à jorna, em todos os órgãos de informação tudo fizeram para que não se soubesse a sua filiação partidária.
Lembro-me dele, na Sede do PCP, a oferecer uma obra sua aos comunistas portugueses.
Um abraço.
A Porta Mágica teve o privilégio de ter Malangatana como seu Patrono e ficará para sempre ligada ao seu nome e à sua Obra Artística e Humanitária.Partiu o Homem mas a sua Obra fica e nós fazemos questão de não a deixar cair no esquecimento. Obrigada Samuel.
Pois ! eles não gostam nada de dar o braço a torcer, mas a verdade é que os maiores vultos culturais da história mundial são de esquerda.
Será uma questão de inteligência, não ?
É com essas pequenas coisas que se constroi o mundo que vale a pena!
Saudades do artista e do homem bom!
De bondade insuspeita sem dúvida.
Apropriada sim. Desbaratada talvez!
Está visto que em terra de cegos e amordaçado é possível algo se cumprir denominando-o de "solidárias".
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