terça-feira, 8 de novembro de 2011

E chegará o dia das surpresas (*) - Uma reflexão em forma de “daí”


Salvo algumas tão honrosas quanto raras excepções, a comunicação social portuguesa (já que a outra não tenho o pretensiosismo de dizer que conheço) padece de uma irresistível e reiterada queda para a parolice.
É a parolice de, mesmo sabendo que não vai poder falar com ninguém, ainda assim enviar jornalistas “em direto” para a porta do palácio disto ou daquilo, da Procuradoria das não sei quantas, do escritório do senhor fulano de tal... onde os ou as jornalista ficam a recitar a mesmíssima notícia que já tinha sido lida no estúdio.
É a parolice de noticiar desastres de viação e outros acontecimentos ainda menores, ocorridos em países que só falariam de Portugal para dar conta do seu “falecimento” nacional.
É a parolice (mais irritante a cada ano que passa) de se “surpreenderem” com as primeiras neves... e ala para a Serra da Estrela cobrir o acontecimento; ficarem estupefactos com a chuva, banzados com o calor (horas de emissão nas praias “atenção aos protetores solares”, às maminhas ao léu e à problemática da “Bola de Berlim”); ficarem de boca aberta com os incêndios (sobretudo aqueles que têm o descaramento de deflagrar fora da pré-determinada “época de incêndios”... e ala para lá, estorvar os bombeiros e procurar afanosamente alguma vítima que chore muito pela sua casa e pelas cinco ovelhas... sem saber que ninguém a ajudará e apenas está a ser sacrificada no altar das audiências televisivas.
O poder está nas mãos de uma geração de políticos formatados por esta mediocridade parola.
Daí que não seja surpreendente vê-los tão surpresos com os “desvios colossais”, os buracos nas contas, as “pesadas heranças”. Daí que não surpreenda a sua surpresa com os pesados "prejuízos" dos transportes públicos, hospitais públicos, ou escolas públicas... tudo coisas que, como qualquer pessoa sabe, dão chorudos lucros em qualquer país do mundo.
Daí que seja natural eu imaginar o seu ar de “surpresa” ao lerem a notícia de que a «queda do comércio em Portugal é a maior da Europa».
Daí que seja natural eu imaginar o seu ar de surpresa, quando perceberem que depois do aumento brutal do IVA em quase tudo aquilo que os portugueses consomem... vão cobrar menos IVA, por não haver consumo. Que depois de estrangularem as micro, pequenas e médias empresas, com aumentos de impostos e o encarecimento de muitos dos meios de produção... vão cobrar menos IRC, porque não há produção, não há lucros, não há comércio. Que depois de fazerem “acertos cirúrgicos” no IRS, a fim de aumentar a colecta, o aumento galopante do desemprego e os cortes dos salários afundá-la-ão.
Daí eu achar que estes governantes, mesmo carregados de cursos vistosos, tomam medidas políticas e económicas que são uma dramática amálgama de canalhice, subserviência ao capital financeiro apátrida, desprezo pelo povo, incompetência e muita, mas mesmo muita e espessa estupidez!
Daí que não deva ser surpresa para ninguém o cada vez maior número de portugueses que lutam para que chegue, definitivamente, “o dia das surpresas”.
* Com um “olá” para o Saramago e o Manuel Freire e, vá lá... para o Beethoven.

12 comentários:

do Zambujal disse...

Daqui vai um abraço pela excelente mensagem

Elísio Alfredo disse...

Como é óbvio. Em cheio na mosca. E sabem como me defendo? Fugindo para a TELESUR, essa, sim, com directos directos verdadeiramente directos, para lá do analista Walter Martinez e o seu Dossier - acontecimentos em pleno desenvolvimento -, que salta da caixa todos os dias +elas 9,30. Abraços.

vovó disse...

boa malha! :)

quanto à chegada de "o dias das surpresas". seria bom ser surpreendida fora daqui... :)... já dizia o outro: "sonhar é fácil!" :)...

trepadeira disse...

Pois,venha a surpresa,aquela há muito esperada.

Um abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

Daí que as parolices reinem... até que chegue o tal dia...

Um abraço.

Antuã disse...

São parolos mas vão-nos lixando com a estupidez que inculcam na mentalidade do Zé.

Pata Negra disse...

A primeira vista poderima parecer burros. Mas não! São mesmo porcos!
Um abraço da pocilga

Graciete Rietsch disse...

É deslumbrante esta nossa televisão. Mente que se farta, mas ainda vai encantando alguns.

Um beijo

Olinda disse...

Daí,que tens montes de razao.

Anónimo disse...

Para o "Fernando Samuel", porque aqui são mais interessantes os comentários, do que própriamente os "post's"...
"Até que chegue o tal dia". Que dia, que coisa boa é essa que vem aí????
Será a união do "BE" com o "PCP", será o comunismo, ou o socialismo a que o "PCP" nos tem habituado??? As minhas desculpas aos !verdes/encarnados"!:))))))))))

samuel disse...

A ver pela "idade" mental do seu comentário... o que deve vir aí é o "papão", ou o "homem do saco"...

Anónimo disse...

Provavelmente...